Ilustração reproduzida da Internet |
Comentário sobre decisão
judicial que, 16 ANOS DEPOIS, obrigou o jornal Zero Hora, de Porto Alegre, a
publicar uma página desdizendo ofensas e calúnias assacadas contra o então
governador gaúcho Olívio Dutra, conforme postagem na página do Facebook de
Valdimiro Lustosa Soares. Link: http://blogdejadson.blogspot.com/2019/09/apos-16-anos-decisao-judicial-determina.html
Por Jadson Oliveira – jornalista/blogueiro – editor deste Blog Evidentemente
Companheiro Lustosa, a decisão judicial mostra o que nós – os
que, de alguma maneira, conhecem verdadeiramente nosso companheiro de luta
Olívio Dutra – sabemos: é um cara sério, de valor, sob todos os aspectos.
Vou postar no meu Blog Evidentemente, pelo prazer de
compartilhar do justo reconhecimento, conforme você expressou no seu
comentário.
Mas quero aproveitar para denunciar o engodo que há nessa
coisa de esperar, por exemplo, 16 anos, para desmascarar uma calúnia, uma
acusação (tornada “verdadeira” de imediato pela imprensa hegemônica), contra um
político como Olívio, na época da acusação governador petista do Rio Grande do
Sul.
Veja bem a sacanagem, urdida para incidir na conjuntura
política de então, início dos anos 2000, quando Olívio estava no seu mandato de
governador. Olívio vivia massacrado pela mídia hegemônica (TV, rádio, jornais –
o Zero Hora à frente). Esta aí foi mais uma denúncia, acusação, calúnia, etc.
Estava tão desgastado – perante a opinião pública e/ou publicada e
alcançando, claro, os eleitores – que não conseguiu nem ser indicado pelo seu
próprio partido (o PT) para se candidatar à reeleição. Se não me engano – não
estou muito seguro dos detalhes históricos -, o candidato do PT foi Tarso Genro
(que era prefeito da capital), que não foi eleito.
O essencial do que quero argumentar é que a acusação, a
calúnia, incidiu na conjuntura política da época. Fez a sua parcela de estrago
na honra e na imagem pública de Olívio.
Enquanto esta decisão de agora, 16 anos depois, não tem mais
qualquer poder de influência na conjuntura. Politicamente, na prática, não vale
mais nada, não teve qualquer efeito. A conjuntura hoje é outra, o que está em
discussão são outros temas, os protagonistas são outros.
Atrevo-me mesmo a conjecturar que a Justiça – que não merece
este J maiúsculo – não chegaria a tal decisão se o tempo não a tornasse
irrelevante. Trata-se, em suma, de um jogo cruel, desumano, injusto, sempre
ganho pelos que verdadeiramente manejam o poder de fato.
Claro que tem a coisa da verdade histórica, mas – insisto – é
irrelevante na prática da luta política. Quando ela, a tal da verdade, vem à
tona, ninguém sabe nem quer saber o que estava em jogo na época. Avançando um
pouco mais: sem termos uma mídia contra-hegemônica poderosa, estaremos sempre à
mercê desse jogo sujo.
O mesmo raciocínio você pode desenvolver em outros casos
notórios:
O que adianta, na prática, a Rede Globo pedir desculpas, 40
ANOS DEPOIS, por seu apoio à ditadura militar? Qual a influência desta atitude
na conjuntura atual? A conjuntura é outra, os protagonistas – a não ser a
própria Globo - são outros. O que importa daqui a 40 anos a Globo pedir
desculpas por ter sido peça fundamental na farsa da Lava Jato?
O que adianta, na prática, o pessoal do império estadunidense
(Departamento de Justiça?) “desclassificar” (é isso que sai publicado)
documentos de 40 ANOS ATRÁS (ou 50?) revelando verdades escondidas todo esse
tempo? Ou sabidas por um punhado de gente?
Por exemplo: há pouco tempo “desclassificaram” documentos com
a declaração do ex-ditador brasileiro Geisel dizendo que “essa coisa de matar
(os opositores) é uma barbaridade, mas tem de ser assim mesmo” (desculpem as
aspas, não deve estar literal, mas o sentido foi isso mesmo).
E aí? Qual a influência disso na conjuntura política atual?
Os temas agora são outros, os protagonistas mudaram, o próprio Geisel já se foi
há muito, até a Globo já pediu desculpas pelo apoio à ditadura. Qual o meio de
comunicação do Brasil vai jogar essa declaração na cara do presidente Bolsonaro
quando ele defende a ditadura militar? Aliás, a conjuntura mudou tanto que hoje
uma parcela de uns 10% da população – o núcleo duro do bolsonarismo – assume
que o correto é matar mesmo.
Valdimiro
Lustosa Soares (comentário no Facebook):
Jadson
Oliveira companheiro, vc foi no cerne da questão. Uma justiça
com “j”, minúsculo mesmo, que toma decisão desse jaez não se pode considerar
como justiça. O estrago já fora feito. Ou seja, a Inês já está morta. É claro
que, de propósito, a decisão é tomada tardiamente, não produz nenhum
efeito prático-politico. É o país em que estamos vivendo, infelizmente! As
decisões são sempre assim: inócuas. Não mais interessa, a não ser como efeito
histórico. Uma lástima!
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