(Foto: Brasil 247) |
Olívio Dutra: “A esquerda precisa ter um
contorno definido, que é enriquecido pelo contato direto com movimentos
sociais, lutas e organizações".
Por Camila Maciel – Enviada Especial da Agência Brasil – reproduzido
do site Brasil 247, de 21/01/2016
O ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra
questionou nesta quinta-feira 21 o papel exercido pela esquerda no mundo, em especial
na América Latina, como pensamento estratégico de superação do capitalismo. "A esquerda precisa definir um projeto
estratégico de transformação, que não se reduz a ganhar ou perder eleições. A
esquerda precisa ter um contorno definido, que é enriquecido pelo contato
direto com movimentos sociais, lutas e organizações", disse ao participar
do debate América Latina: resistências e alternativas, no Fórum Social
Temático, que ocorre até sábado em Porto Alegre.
Como governador, Dutra inaugurou o Fórum Social
Mundial na capital gaúcha em 2001. O evento completa nesta edição 15 anos. Sob
fortes aplausos da plateia, ele destacou que as transformações são
impulsionadas de "baixo para cima". "Isso não se dá da noite
para o dia, é um processo que se altera pelo protagonismo do povo, pela
possibilidade de cada pessoa, organizada nos seus movimentos, de se tornar
sujeito da política", disse.
Na avaliação dele, o Estado segue como uma
estrutura que serve às grandes corporações. "Não é construir outro mundo
possível. É dizer que é possível construir outro mundo de superação do
capitalismo", defendeu.
O cubano Alfredo Peres Alemany, do Comitê de Defesa
da Revolução de Cuba, destacou a necessidade de integração dos povos latinos
para superação das desigualdades. "As alternativas para nossa luta estão
claras: é mais integração para o nosso povo. É a Alba [Aliança Bolivariana para
os Povos da Nossa América]. É mais luta, porque só assim que alcança a
vitória", convocou.
Relembrando as dificuldades do embargo econômico imposto
pelos Estados Unidos à ilha caribenha, Alemany fez críticas à reaproximação
diplomática entre os dois países, que ainda não trouxe mudanças concretas na
qualidade de vida da população.
A vereadora portalegrense Jussara Cony relembrou
lutas recentes importantes, como a "primavera das mulheres",
protestos contra projetos de lei que restringem medidas de prevenção em caso de
estupro, e a resistência em seguir com o Programa Mais Médicos, que levou
profissionais cubanos para áreas desassistidas de assistência em saúde. "O
programa está pondo em xeque o currículo brasileiro. Uma pátria tem que ser
educadora para a soberania", declarou.
Reginaldo Bispo, do movimento negro, também
enalteceu a luta de movimentos populares, especialmente da população negra. Ele
lembrou que os ataques a esse segmento ocorrem de diversas formas. "Não se
faz genocídio apenas com armas, mas pela pobreza, com pouco atendimento médico,
insalubridade, má educação, desnutrição. Os números que nós lideramos não são
só os dos mortos por bala", contestou.
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