(Foto: do Centro de Estudos Victor Meyer) |
Ativistas políticos e acadêmicos de Salvador continuam o debate sobre a
conjuntura nacional e internacional, desta vez no Sindae (nos Barris), na
próxima quarta-feira (dia 11), com mais quatro debatedores: Pery Falcón, Celi
Taffarel, Sílvio Humberto e Jorge Almeida (Macarrão).
Por Jadson Oliveira (jornalista/blogueiro)
– editor do Blog Evidentemente –
publicado em 05/11/2015
“A situação das classes
trabalhadoras e da classe operária em particular é de defensiva, no sentido
agora mais crítico da perda do poder de barganha nas negociações com os patrões
em decorrência da recessão econômica. A taxa de desemprego está em 8,2% (julho
2015), com 1.300.000 demitidos a mais em 2015, dos quais 750.000 com carteira
assinada. O quadro tende a se agravar”.
Tomamos este aspecto da avaliação
da conjuntura brasileira feita pelo Centro de Estudos Victor Meyer (CVM), datada
de 05/09/2015, para ilustrar o chamamento ao segundo debate ANÁLISE DE
CONJUNTURA: ENTENDER A REALIDADE PARA TRANSFORMÁ-LA, marcado para a próxima quarta-feira,
dia 11, das 18 às 21 horas, desta vez no auditório do Sindae (o primeiro foi no
Sindpec, no último dia 22, com a participação de 60 pessoas).
Por que a ilustração com a
análise do CVM? Porque o centro de estudos que leva o nome de Victor Meyer (liderança
destacada da Polop – Política Operária -, organização revolucionária que lutou
contra a ditadura) é dirigido por Pery Falcón, justamente um dos quatro expositores
convidados para nosso segundo encontro.
Pery Falcón (Foto: Jadson Oliveira) |
E também porque a análise se
estende bastante por uma área que nem sempre é discutida e conhecida nos círculos
mais afeitos à chamada grande imprensa e mesmo na blogosfera chamada
progressista, onde este blog, modestamente, se inclui: a situação e luta das
classes trabalhadoras, tema enfocado na abertura desta matéria.
Assim é que o centro dirigido por
Falcón – engenheiro químico, ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e da
CUT-Bahia – fala da situação de defensiva dos trabalhadores e da classe
operária em particular, em decorrência especialmente da recessão econômica,
fazendo a devida fundamentação com dados numéricos e estatísticos.
Critica a ação das principais
centrais sindicais, que “têm atuado para quebrar a capacidade de resistência
dos trabalhadores que se encontram nas suas bases”. Cita inclusive a CUT,
que, segundo a avaliação, “privilegiou sempre os acordos com os patrões e agora
apoia-se no Programa de Proteção ao
Emprego (PPE) mediante o qual se negocia a manutenção de
empregos em troca do rebaixamento dos salários”.
Mas fala também da luta nas bases
operárias, lembrando, por exemplo, que os trabalhadores da Mercedes Benz
rechaçaram, em votação secreta, a proposta do sindicato dos metalúrgicos do ABC
paulista de negociar o PPE e fizeram uma greve de sete dias. Cita ainda a luta
dos operários da Usiminas, com o apoio de sua entidade sindical, em Ipatinga, e
a paralisação devido a demissões na General Motors, em São José dos Campos, base
da central sindical Conlutas.
Claro que o estudo do CVM é bem
mais amplo, pegando a crise política e econômica na esfera chamada
institucional, aguçada principalmente depois da reeleição da presidenta Dilma,
acossada diante da ameaça de impeachment, e passando pela atuação do Congresso
Nacional, do Judiciário, da Operação Lava a Jato, pelo enfraquecimento da
Petrobras, etc, etc.
(Transcrevo no final da matéria
uma parte da análise sobre a situação dos trabalhadores e, também no final,
deixo um link para a íntegra da análise).
Mais três debatedores
Além de Pery
Falcón, participarão do nosso segundo encontro (inicialmente estava previsto
para o dia 5, mas foi transferido para 11) mais três debatedores: o professor
Jorge Almeida (Macarrão), dos quadros do PSOL (ainda dependendo de confirmação);
Sílvio Humberto, vereador de Salvador pelo PSB; e a professora Celi Taffarel,
da Faculdade de Educação da UFBa e integrante do PT.
O evento é coordenado por José Donizette, mais conhecido por Goiano (do
Projeto Velame Vivo, movimento cultural da Chapada Diamantina, interior da
Bahia), e pelo professor Carlos Freitas (da Comissão da Verdade da Faculdade de
Direito da UFBa). Participam ainda da promoção o Centro de Estudos e Ação
Social (CEAS) e este Blog Evidentemente –(www.blogdejadson.blogspot.com).
SERVIÇO:
O que: debate ANÁLISE
DE CONJUNTURA: CONHECER A REALIDADE PARA TRANSFORMÁ-LA;
Onde: Sindae – Sindicato dos
Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia – endereço: R. Gen.
Labatut, 65 - Barris, Salvador - BA, 40070-100 (junto da Biblioteca Central dos
Barris) - Telefone: (71) 3111-1700
Quando: dia 11/novembro
(quarta-feira) – a partir das 18 horas.
A
situação das classes trabalhadoras
Trecho
extraído da análise de conjuntura do Centro
de Estudos Victor Meyer:
A situação das classes
trabalhadoras e da classe operária em particular é de defensiva, no sentido
agora mais crítico da perda do poder de barganha nas negociações com os patrões
em decorrência da recessão econômica. A taxa de desemprego está em 8,2% (julho
2015), com 1.300.000 demitidos a mais em 2015, dos quais 750.000 com carteira
assinada.
O quadro tende a se agravar.
Agências de consultoria econômica preveem que entre 200 e 250 mil trabalhadores
percam seus empregos apenas em São Paulo e mais de 1 milhão no país.
Nesse
contexto, as principais centrais sindicais têm atuado para quebrar a capacidade
de resistência dos trabalhadores que se encontram nas suas bases. No caso
da CUT privilegiou sempre os acordos com os patrões e agora apoia-se no Programa de Proteção ao
Emprego (PPE) mediante o qual se negocia a manutenção de
empregos em troca do rebaixamento dos salários. O estudo “Entenda o plano de
proteção ao emprego, lançado por Dilma” publicado na Folha de São Paulo mostra
que a redução da jornada de trabalho, se adotada pelas empresas, reduziria as
despesas com seguro-desemprego mas que o trabalhador que ganha salários mais
altos perderia mais.
A adesão ao PPE não tomou vulto
ainda. Tudo indica que as empresas não adotaram maciçamente o programa porque
não percebem possibilidade de recuperação econômica a curto prazo e, portanto,
preferem demitir seus empregados mas também porque encontraram resistência por
parte dos trabalhadores.
O sindicato
dos metalúrgicos do ABC tem se empenhado em forçar a sua base a aceitar o PPE,
ainda mais agora que se tornou Medida Provisória nº 680, de 6 de julho de 2015.
Entretanto,
a proposta do sindicato dos metalúrgicos do ABC de negociar a implantação do
PPE foi maciçamente rejeitada (60%) pelos operários da Mercedes Benz em votação
secreta em urnas nas seções no inicio de julho;
a recusa se deu pelo fato de que a aplicação da proposta implicaria em aumentar
a exploração dos trabalhadores mediante a redução salarial. A empresa também
queria demitir aposentados e trabalhadores com estabilidade, muitos dos quais
são “compatíveis”, assim chamados pelos operários por exercerem função
compatível com limitações decorrentes de lesões decorrentes do trabalho. Em
decorrência da rejeição, a empresa iniciou a demissão de 1.500 empregados. A
resposta dos operários foi uma paralisação que, deflagrada em 24 de agosto,
durou sete dias. O acordo negociado pelo sindicato com a empresa reverteu as
demissões mas implantou o PPE com corte nos salários de 10% e retomou a
aplicação, para 2016, de apenas a metade do reajuste salarial.
Em
contrapartida, a resistência dos trabalhadores ao PPE evidenciou-se em
Ipatinga, na Usiminas, uma das bases da Intersindical
– instrumento de organização e luta da classe trabalhadora. A
empresa, em alegando perdas de encomendas, desligou um dos altos fornos e
tentou convocar uma assembleia para discutir sua proposta de rebaixamento
salarial. O sindicato mobilizou-se contra a manobra patronal e conseguiu apoio
da justiça que negou a legalidade da convocação. Após a mobilização que
envolveu toda a cidade de Ipatinga, venceu de 2.000 a 1.000 votos a posição de
“aguentar o tranco” contra a empresa.
Em São José dos Campos, na base
da Conlutas, demissões levaram à paralisação da General Motors.
Todos esses fatos comprovam que
mesmo numa situação geral de defensiva é possível resistir ao aumento da
exploração capitalista e não seguir o sindicalismo patronal no seu derrotismo
frente às atuais condições de luta.
O enfraquecimento da CUT e da
Força Sindical nas bases ainda não significa o surgimento de uma alternativa de
classe junto a essas bases. Esse sindicalismo patronal cuida de transformar as
fábricas e o acesso aos filiados como um feudo controlado, se for o caso, por
bate-paus e, via de regra, com a entrega do nome de “revoltados” ao setor de
pessoal para demissão.
(...)
Link para a análise completa:
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