OS ZÉ NINGUÉM DA COLÔMBIA

Na Colômbia, ativistas humanitários denunciam agressões enquanto em Cuba se busca a paz (Foto: Página/12)
A preocupação com os crimes contra os defensores dos direitos humanos. A ONG Somos Defensores apresentou um informe com cifras alarmantes: 34 ativistas dedicados à defesa dos direitos humanos foram assassinados somente neste ano e 322 receberam ameaças. Aumentaram as detenções arbitrárias.
Por Katalina Vásquez Guzmán, de Medellín (Colômbia) – no jornal argentino Página/12, edição impressa de hoje, dia 20
Lenços brancos, marchas com cartazes sobre a insatisfação e camisetas que denunciam a impunidade são o pão de cada dia entre os defensores dos direitos humanos na Colômbia. Neste ano, de fato, a preocupação e as mobilizações vão num crescendo. Os ativistas denunciam que se incrementaram as agressões contra eles mesmo quando em Havana e em todo o país se fala a todas vozes de paz. Ontem foi apresentado um informe sobre o assunto pela ONG Somos Defensores onde, entre outras cifras alarmantes, se fala de ameaças a 322 homens e mulheres em toda a Colômbia dedicados à promoção e defesa dos direitos humanos, o que significa um aumento de 216% das mesmas em comparação com o ano passado. As agressões, em geral, aumentaram em todos os aspectos para esta parcela da população que, de modo geral, exerce sua tarefa de maneira voluntária, e, no caso das regiões mais afastadas, se converte na única garantia de sobrevivência e proteção em zonas onde nem o Estado tem presença e os grupos armados ilegais disputam o poder.
De acordo com o informe Os Zé Ninguém (“Los Nadies” – tradução literal Os Ninguéns), intitulado tal qual o poema de Eduardo Galeano, somente neste ano, até esta data, foram registradas 399 agressões individuais contra defensores em toda a Colômbia. Quanto a homicídios, somaram-se já 34, entre eles, por exemplo, o do professor Luis Fernando Wolff, em Medellín, que fazia parte da Frente Ampla pela Paz, que respalda as negociações com a insurgência (FARC) em Cuba. Nesta região andina, Antioquia, assim como em Cauca (sudeste), é onde é mais grave a situação de assassinatos contra os defensores. “Destes 34 homicídios, em 13 deles as fontes consultadas confirmam que os defensores haviam denunciado ameaças antes do assassinato. Em muitos casos de homicídio, familiares ou amigos dos defensores(as) continuam sendo agredidos, inclusive saindo feridos ou mortos; esta mesma situação foi detectada na avaliação dos anos 2012, 2013 e 2014”, declara a organização, que realizou a investigação condensada no informe dado a conhecer ontem.
Continua em espanhol, com traduções pontuais:
Somos Defensores habla, además, del incremento de las detenciones arbitrarias a defensores de derechos humanos – van cuatro (4) este año –, mientras (enquanto) se sigue haciendo uso arbitrario del sistema penal. De acuerdo con el Sistema de Información sobre Agresiones contra Defensores de Derechos Humanos en Colombia citado en el informe (Siaddhh), en la mayoría de los casos los presuntos responsables serían, en su mayoría, fuerzas paramilitares. A estos grupos ilegales que desde 2005 comenzaron un proceso de entrega de armas con poco éxito y que resultaron reciclándose en las llamadas Bacrim, se les atribuye el 72 por ciento de los casos de agresiones contra promotores de derechos humanos. Los agentes estatales tendrían un 5 por ciento de los casos, mientras (enquanto) en el 22 por ciento de los casos se desconoce el agresor. “Las guerrillas de las FARC y el ELN aparecen con presunta responsabilidad en tres (3) casos, que vale la pena señalar, una de ellas es un homicidio cuyo presunto responsable es el ELN”, describe el citado informe.
Los indígenas, quienes en la última semana han sido fuertemente estigmatizados por los medios (meios de comunicação) que señalan relación de éstos con la guerrilla, aparecen en este informe como las principales víctimas de homicidios entre los defensores de derechos humanos. De los 34 que perdieron la vida en el primer semestre del año, nueve (9) eran líderes de comunidades indígenas, cinco eran activistas Lgbti, y cuatro (4) eran integrantes de asociaciones comunitarias y en defensa de la tierra.
Asimismo, los sindicalistas, líderes estudiantiles, periodistas (jornalistas) y los campesinos continúan siendo víctimas de homicidio y agresiones en todo el país, en especial en Cauca y Caquetá (Sur – Sul), donde las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC) tienen especial presencia.
“No nos cansamos de decir que en medio de una coyuntura política tan importante e histórica como la actual, donde está priorizada la búsqueda de la paz, aún no se dimensiona la valía del liderazgo (da liderança) social y de defensores en los territorios, para la construcción de una democracia real”, afirma la ONG Somos Defensores, que cuenta con el apoyo de las embajadas de Canadá y Noruega, y de la ONG Diakonia Suecia. Ellos insisten en recordar que los actores en la Mesa de Conversaciones en La Habana “han insistido en que la construcción de la paz debe hacerse desde y para las regiones, con las organizaciones sociales y las comunidades”, pero la realidad es otra, “pues ni los protegen ni los respetan”.
La preocupación se da además por la falta de procesos judiciales eficientes en estos casos de agresiones. Falta eficacia de la fiscalía (procuradoria, promotoria) para investigar, “el 95 por ciento de los casos nunca pasó de la etapa de investigación preliminar (...) y tan solo un caso contaba con una sentencia en firme (com uma sentença transitada em julgado) contra los asesinos”, señala el informe.

Tradução (parcial): Jadson Oliveira

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