Castillo: o governo não pensou em bloquear redes sociais durante protestos (Foto: Luciana Taddeo/Opera Mundi) |
Para
William Castillo, informações falsas, ataques a sites públicos e acusações de censura
foram parte de estratégia contra governo venezuelano.
Na
Venezuela, 85% das concessões de rádio e da televisão está em mãos do setor
privado e destas cerca de 80% tem uma linha contrária ao governo.
Por Luciana Taddeo, de Caracas – entrevista
do portal Opera Mundi, de 30/06/2014
Quando se desatou a onda de protestos contra o governo de Nicolás Maduro, em fevereiro, as redes sociais ferveram. As escassas informações ao vivo na televisão durante manifestações e a ansiedade por saber o que acontecia nas ruas tornaram o sistema de postagem em 140 caracteres do Twitter em uma válvula de escape para se informar, comunicar, desabafar, insultar, e até mesmo compartilhar rumores ou imagens falsas.
Para William Castillo, diretor geral do órgão que entre outras funções regula a aplicação da lei de responsabilidade social no espaço radioelétrico, a Conatel (Comissão Nacional de Telecomunicações), as informações falsas, ataques a sites públicos e acusações de censura foram parte de uma estratégia contra o governo venezuelano.
Em entrevista a Opera Mundi, ele fala do uso da internet nos protestos e garante que não se considerou bloquear redes sociais. Para ele, a regulação dos meios de comunicação não é suficiente sem uma atitude profissional dos mesmos, mais atada à ética que a interesses econômicos e políticos, e consciência entre os cidadãos.
Opera Mundi: O senhor afirmou que houve um ataque massivo à plataforma digital da Venezuela durante os protestos. Poderia dar mais detalhes?
William Castillo: Foi uma estratégia de cyberguerra, com ataques coordenados, planejados do exterior, utilizando aplicações de empresas privadas e sites que operam como fachada. A plataforma do setor público foi atacada, os sites do Banco Central da Venezuela, Petróleos da Venezuela [PDVSA], ministérios, da Conatel, da Cantv [Companhia Nacional de Telefones], algumas sofreram milhões de ataques em questão de horas. Isso foi coordenado com uma estratégia de acusar o próprio governo de fazer isso, como quando disseram que a Venezuela estava bloqueando a possibilidade de subir imagens no Twitter. Esse problema aconteceu durante algumas horas e a própria Cantv denunciou, explicando que não era sua responsabilidade. Mas usaram as próprias redes sociais para dizer que o governo não queria que se mostrassem fotos de repressão, veja como os argumentos estavam articulados com as estratégias informáticas. O governo nunca considerou nem está propondo estabelecer algum tipo de bloqueio. Houve manipulação ao atribuir falhas de serviços a censura. O Twitter não afirmou isso em nenhuma página oficial e a franquia na Venezuela disse que se detectou uma falha temporária em serviços no país, mas não atribuiu ao governo. Dias depois, queimaram centrais da Cantv e dispararam contra bases que permitem conexões de internet, gerando afetações em serviços. Mas quem aparece como culpado para o mundo é o governo.
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