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Donizete Galvão (1955-2014) |
Virá
virá a aurora.
Não mais para mim.
O sereno se condensa
em gotas de água.
O besouro inicia
a lenta travessia do canteiro.
Alguém coa o primeiro café.
Toda crispação do corpo chega ao fim.
Virá,
virá a aurora.
Não mais para mim.
Do site poesia.net, de Carlos Machado (inclusive foto e ilustração), de 05/02/2014
Observação do Evidentemente: Conforme apresentação/comentários feitos pelo Carlos Machado, o nosso poeta aí usa "aurora" para falar - poeticamente, claro - da morte. Não tem, portanto, nada a ver com o que penso ao ler a palavra, inclusive dentro do contexto poético colocado pelo autor. Para mim, "aurora" me suscita uma visão completamente diferente, oposta mesmo.
Como já disse algum pensador por aí, o artista quando cria sua obra é como a gente quando tem um filho. Ele (ou ela, a obra) é solto pelo mundo e passa a pertencer ao mundo, à vida, cria vida própria, o criador não tem mais poder sobre sua criação. Daí...
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Paul Klee, Mulher com Vestido de Camponesa (1940): um dos pintores favoritos de Donizete, segundo diz Carlos Machado nos seus comentários |
Um comentário:
Salve, Jadson. Obrigado pela citação do boletim poesia.net em seu blog. Faço apenas um reparo: não associei a palavra "aurora" à morte. Associei, sim, dois poemas de Donizete Galvão, entre os vários citados, que contêm uma certa antevisão da morte. Em "Outra Aurora", o poeta diz, mais de uma vez: "virá a aurora. / Não mais para mim". Obviamente, a morte está no "não mais para mim", e não na aurora. Abraço, Carlos Machado
Site Alguma Poesia.
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