ENTRANDO NA CULTURA BELORIZONTINA




Boto aí pra ilustrar a Praça Sete, o miolo da cidade, estou pertinho, à tarde passo lá; segundo referência na Internet, é uma manifestação do pessoal da Central Sindical e Popular (CSP) - Conlutas, de março último.
De Belo Horizonte (MG) - Dando os primeiros passos na capital mineira, um dos palcos mais acesos na jornada de manifestações de rua de junho/2013. Mas acho que não vou falar de política, se é que isso seja possível em se tratando da vida do bicho-homem (ou do bicho-Jadson). Creio que só estou inventando motivo pra avisar a meus prezados leitores que começo nova temporada por novos chãos da América Latina, nuestra Patria Grande, como dizem nuestros hermanos bolivarianos.


Para justificar o título, duas pequenas novidades na chamada área cultural (primeiríssimas impressões):


1 – Me viciei nesses últimos meses de “Salvador de Bahia” a comer pães-de-queijo, um tanto e quanto crocantes. Vim pensando: vou me fartar de pão-de-queijo na terra do pão-de-queijo. Mas parece que nem tanto. Tendo comido uns por aqui um tanto e quanto “moles”, uma garçonete me corrigiu “macios”. Não gostei tanto. A mesma garçonete me disse: “Crocante não é pão-de-queijo, é biscoito”;


2 – Não andei em muitos bares da falada “Beagá”-“BH”-“Belô” de muitos botecos (“não tem mar, mas tem bar”), somente em dois aqui no centro da cidade. Primeira pequena/grande descoberta: não há por aqui genebra (atenção velho Sinval, que agora é "doutor", passou no exame da OAB). Pelo jeito, mineiro (ou belorizontino, belo-horizontino) não costuma beber nossa genebra. Os garçons nem sabem o que é. Uma me falou: “Genebra” já ouvi falar duma cidade da Itália... ou da França. “É da Suíça”, corrigi. Ela sorriu amistosa;


Continua o item 2 – Uma boa notícia para os cachaceiros: um dos dois bares, que se chama Hié-Hié (decorei porque achei estranho), abre 24 horas. Tenho um apego emocional (e muita saudade) a bares que não fecham. Suspeitei diante dum aviso pregado na parede: após a meia-noite bebida só com pagamento adiantado. Me admirei e fui informado por um parceiro momentâneo de balcão que aqui no centro há uns oito bares 24 horas. Me recomendou dois deles, porque – advertiu – os outros são “barra pesada”;


Acabando o item 2 – Muitas cachaças pelas prateleiras, uma das “senhoritas” (como chamam garçonetes em Buenos Aires, garçon é “moço”) me ofereceu logo a famosa cachaça Havana. Aceitei uma jurubeba, pois é, vi lá nossa velha baiana Jurubeba Leão do Norte, “só presta a do leão deitado”, diz meu primo Eudaldo lá de Seabra, Chapada, interior da Bahia. Mas uísque só vagabundo: descobri, porém, uma garrafa do Cavalo Branco (outra vez, atenção velho Sinval), estava escondidinha, me salvou a noite.


Assim, me voy entrando devagar em novas andanças, caminhando por ruas nas quais, certamente, ninguém vai me reconhecer, naquela estranha sensação de liberdade existencial que tanto me agrada. 100% anônimo. Um “rompedor” solitário em busca de tudo, em busca de nada, na quase cansada procura de novas rotinas, curtindo manias, vícios, saudades e sonhos, que a vida-merda-capitalista esta aí, está aqui, mas a utopia também.


Na cabeceira duas figuras memoráveis: dois livros que se “extraviaram” com a bagagem em Coronel Fabriciano, a 210 quilômetros de BH (o motorista do ônibus me largou por lá, ia contar aqui, mas desisti porque esta crônica de chegança já se alonga demasiado). Recuperei tudo, pois, apesar dos pesares, sou uma pessoa de muita sorte, deve ser porque minha mãe rezava muito por mim.


As duas figuras: D.Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes Saavedra, o estranhíssimo louco-sonhador com seu inseparável escudeiro Sancho Pança, o sábio, minha releitura de toda uma vida; e o líder bolivariano Hugo Chávez, o bravo e doce, o amado e odiado Chávez (estou orgulhosamente entre os que o amam), num livro de entrevistas concedidas ao jornalista venezuelano José Vicente Rangel ao longo de 20 anos, desde sua prisão em 1992 até já com 14 anos na presidência, “De Yare a Miraflores – El mismo subversivo”.


“Nos vemos”, pronúncia “no vemo”, como dizem cubanos e venezuelanos, engolindo o “s”.

Comentários

Sempre falo que quase não leio blog, o pessoal me pergunta "Blogueiro profissional que não ler Blog?" na verdade parafraseando uma música de Raul, “eu passo a vista nos jornais "blogs”. Mas o do meu amigo Jadson para mim é leitura obrigatória (é meu jornal A TARDE de todo dia). O texto perfeito, a emoção das viagens, do nosso” blogueiro viajante”. Jadson faz parte da escola do “velho” e bom jornalismo baiano. Seu texto cria as imagens nas letras, como repórter fotográfico, queria ter o dom de fotografar as imagens dos textos de Jadson que aparece na minha mente. Jadson tome umas por mim em BH. Abcs Companheiro. Rui Baiano Santana
Jadson disse…
Obrigado, companheiro, muito me honra ter vc, hoje um blogueiro "sujo" de sucesso, como meu leitor. Quanto a tomar umas por vc, não se preocupe, TOMÁ-LAS-EI.
Dê um alô aí pro nosso Toquinho.