Conhecido por sua ferocidade e antisemitismo nos centros clandestinos da ditadura, Julio Héctor Simón abaixa o rosto ao ser fotografado durante julgamento (Foto: Reprodução) |
Por tais predicados, Julio Héctor Simón, atualmente com 70 anos, codnomes “El Turco”, “Julián” ou “El Turco Julián” – era suboficial da Polícia Federal -, mereceu os aplausos mais veementes dos militantes das entidades de defesa dos Direitos Humanos, reunidos em frente ao prédio dos tribunais federais, em Buenos Aires (Avenida Comodoro Py), em 21 de dezembro último, quando se ouviu a sua condenação à prisão perpétua.
Militantes defensores dos Direitos Humanos concentraram-se em frente aos tribunais federais em Buenos Aires para ouvir (e festejar) a leitura das sentenças (Foto: Jadson Oliveira) |
Entre os crimes o roubo de uma menina de oito meses, filha de um casal de desaparecidos
A primeira condenação foi a 25 anos de prisão, em 2006, nos primeiros processos que se seguiram à revogação, em 2003, das chamadas leis de impunidade (“el Punto Final” e “La Obediencia Debida”), que impediam o julgamento de torturadores. “El Turco Julián” respondeu então pelo sequestro (em 1978), tortura e desaparecimento do casal de militantes José Poblete e Gertudris Hlaczik. E também pelo roubo da filhinha do casal, de oito meses, de nome Cláudia. A criança foi entregue a um militar, tendo sido identificada no ano 2000 pela organização Avós da Praça de Maio (Abuelas de Plaza de Mayo, de atuação semelhante à famosa Madres de Plaza de Mayo). José Poblete era chileno, tinha 23 anos e desde os 16 anos vivia em cadeira de rodas por ter sido atropelado por um trem. Conta-se que por ter descendência judia, era tratado com especial violência por “El Turco”.
A sua terceira condenação, em 2010, foi uma das 110 proferidas pela Justiça argentina durante o ano, todas por crimes de lesa humanidade, incluída aí a prisão perpétua sentenciada contra o ex-ditador Jorge Rafael Videla, anunciada no dia 20 de dezembro. O número de tais processos vem aumentando. Em 2009 tinham sido julgadas 36 pessoas. Segundo estimativa de órgãos da Procuradoria Geral da Nação, divulgada pelos meios de comunicação, cerca de 800 repressores aguardam a vez para se sentar no banco dos réus, a maioria já em prisão preventiva.
Na semana passada, por exemplo, a Justiça decretou a prisão preventiva de 44 militares (do Exército e Marinha), policiais e agentes penitenciários que estão sendo julgados por atrocidades cometidas durante a ditadura na região de Bahía Blanca e Punta Alta, cidades da província (estado) de Buenos Aires.
(A maioria das informações foi obtida em matérias dos jornais Página 12 e Clarín)
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