Tropas do Exército e da Força Nacional de Segurança cercam o prédio da Assembleia Legislativa, ocupado por dezenas de policiais grevistas (Foto: Jadson Oliveira) |
Mas as adesões à paralisação foram crescendo e a realidade desmentiu a versão oficial. Primeiro começou-se a admitir que a greve atingia um terço dos 30 mil integrantes da corporação; na manhã de hoje, segunda, dia 6, dia em que a Assembleia Legislativa, ocupada por centenas de grevistas desde o primeiro dia do movimento, amanheceu cercada por tropas do Exército e da Força Nacional de Segurança, a avaliação mais corrente é que a adesão chegava aos 80%; e no decorrer do dia, entre manifestações dos grevistas – no prédio da Assembleia e ao seu redor – e demonstrações de força das tropas federais, incluindo manifestantes feridos por tiros de balas de borracha, o percentual de apoio ia espichando: 90%, 95%...
Policial grevista ferido no rosto por bala de borracha (Foto: Raul Spinassé - Ag. A Tarde) |
Soldado Juca, ferido na coxa e também no braço (Foto: Jadson Oliveira) |
(Desde o início da greve a população da capital baiana e de muitas cidades do interior, além de viver sob pânico generalizado, grande parte trancada em suas casas, tem sofrido com altíssimos índices de criminalidade: 101 homicídios e cerca de 300 roubos de carros só na Região Metropolitana de Salvador, várias casas comerciais saqueadas e depredadas, tiros disparados contra agências bancárias e outros estabelecimentos, além de uma ação inusitada: homens armados, encapuzados, forçaram motoristas de ônibus a travar o trânsito).
(Foto: Edivaldo Fogaça - jornal Correio) |
Nessa linha, as tropas federais que cercam o Legislativo baiano tinham a missão de retirar os incômodos ocupantes e uma força especial da Polícia Federal, chamada de “tropa de elite”, estava encarregada de fazer cumprir os mandados de prisão. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que esteve em Salvador junto com outras altas autoridades federais, chegou a anunciar a reserva de vagas em presídio de segurança máxima para os líderes grevistas (conforme se avalia, o governo federal estaria temeroso de que a greve da PM, que já assustou em Rondônia, Maranhão e Ceará, se espalhe por outros estados, como o Rio de Janeiro, onde a categoria teria assembleia marcada para a próxima quinta-feira).
Barracas armadas pelos homens do Exército dão a impressão de que o cerco pode demorar (Foto: Jadson Oliveira) |
A negociação – caso se confirme a saída do impasse por essa via – deverá se centrar em duas reivindicações: anistia aos líderes do movimento, que parece bem indigesta para o governo, especialmente porque inclui o “soldado Prisco”, tão estigmatizado como radical (item do qual os grevistas certamente não abrem mão); e o cumprimento de lei de 1997, que estabelece os valores da Gratificação por Atividades Policiais (GAP), lei que, segundo os grevistas, não é cumprida pelos governantes do estado desde aquela data. Seu cumprimento significaria um reajuste salarial de 40% a 50%. O governador voltou a garantir um reajuste de 6,5% a partir de janeiro/2012, comentando que o salário inicial do soldado da PM baiana é R$ 2.326,00.
Comentários
O governador insiste em atribuir aos policiais os atos de vandalismos, furtos, roubos, assassinatos se não foram apontados os autores, nem qualquer resultado de investigação ou apuração foi divulgada?
O governador afirmou, em entrevista a Folha de São Paulo, que "a figura da anistia não existe, ela só existe quando se encerra um regime de exceção" se em 2010 o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei 12.191/2010, que anistiou policiais e bombeiros militares de nove estados?
O Estado alega falta de recursos para dar gratificação pedida por grevistas se esta gratificação já estava prevista em lei e, portanto, deveria fazer parte do orçamento?
Acredito que a negociação salarial faz parte do jogo democrático, agora levar esse caos à cidade às vésperas de uma festa que sustenta uma parte da economia baiana é demais.É pura irresponsabilidade dos grevistas. E o Ministério Público, serve pra que? Não se obedece mais???
Outra:o blog deveria publicar tb a dor de negros e negras que são espancados inocentemente pela PM em todo o estado, quando não são assassinados sem direito a defesa. A bala de borracha doeu neles agora??
Acredito que a negociação salarial faz parte do jogo democrático, agora levar esse caos à cidade às vésperas de uma festa que sustenta uma parte da economia baiana é demais.É pura irresponsabilidade dos grevistas. E o Ministério Público, serve pra que? Não se obedece mais???
Outra:o blog deveria publicar tb a dor de negros e negras que são espancados inocentemente pela PM em todo o estado, quando não são assassinados sem direito a defesa. A bala de borracha doeu neles agora??
Evidentemente que o gov e sua área de informação vacilaram em não estarem 'plantados' para o movimento. Mas discordo de vc, quando colocou em seu texto da cobertura da greve, de que os caras que 'aprontaram' nos primeiros dias da greve não eram policiais. Quem seriam, bnandidos contratados pelos policiais para atirarem para cima, atravessar ônibus nas principais vias da cidaede, enfim, tocar terror na área ? Ou eram provocadores contratados pelo próprio governo ?
Tenho muito orgulho dos textos dele!
Quanto à violência racista mencionada pelo anônimo... provavelmente está certo: como dizia o saudoso Gey Espinheira: é a sociedade do medo!
Só vai como anônimo porque fechei minha conta no google.
Fabiano (filho de Jadson)
Como um governador, antes de se eleger, apoia todas as greves e depois se comporta dessa maneira?
Quanto a "grande festa baiana", acaba tarde,pois eu so vejo brancos e ricos se divertindo e os NEGROS baianos trabalhando.Rubia.