“INDIGNADOS!?” O QUE FAZER?


Manifestantes do Occupy Wall Street depois de serem desalojados do
Zuccotti Park (Foto: reprodução da Internet)
De Salvador (Bahia) - Há algo de novo, de estranho, de surpreendente na conjuntura política internacional e as esquerdas se quedam perplexas. São os chamados “indignados”: manifestantes – a grande maioria jovens, muitos manejando as moderníssimas tecnologias da informática, especialmente as redes sociais, grande parte sem partidos e sem organização política – que saem às ruas, ocupam praças e protestam dizendo que assim como estão as coisas não podem continuar, que ninguém agüenta mais as desigualdades sociais, a violência policial, que os governos são capachos do capital financeiro, dos bancos, e a tal da democracia representativa “não nos representa mais”.


Começaram há um ano na Tunísia e no Egito, norte da África, onde derrubaram os dois ditadores de décadas – Zine Ben Ali e Hosni Mubarak (não derrubaram as ditaduras, mas pelo menos os ditadores). Era o início da chamada Primavera Árabe, que foi se espalhando como fogo em capim seco. Chegou à Europa, em especial à Espanha, onde as gigantescas concentrações na praça Puerta del Sol, em Madri, ganharam estrondosa visibilidade. E bateu no coração do império capitalista em crise, Wall Street, em Nova Iorque, onde a repressão violenta conseguiu desalojá-los do Zuccotti Park, mas não logrou extinguir o movimento batizado de Occupy Wall Street. Em 15 de outubro, o chamado 15-O, o eco dessa original rebeldia chegou a cerca de 800 cidades pelo mundo, inclusive Salvador, onde 80 jovens protestaram na Praça da Piedade e desfilaram até a Praça Municipal.

O que fazer? Os governos, a maioria representantes dos interesses das corporações transnacionais, manobram e tentam minimizar o estrago: “Eles não sabem o que querem”, dizem. A chamada grande imprensa, aliada incondicional do capital, prefere destacar “a revolução do Twitter e do Facebook”. E as esquerdas hesitam: não se veem nas bandeiras e nas palavras-de-ordem, estão à margem, quando muito apenas uns resquícios da tradição anarquista.

Talvez uma única certeza: se os protestos ficam somente na esfera simbólica, se não gerarem novas organizações políticas, os “indignados” podem ser digeridos pelo sistema, quiçá com algumas concessões simbólicas.

Comentários

Que no novo ano de 2012 a postura de indignação se mantenha e se converta em ações concretas, como por exemplo a CPI da Privataria.