O ANTIPETISMO É UMA EXPRESSÃO DO ÓDIO À DEMOCRACIA?


Parece que a maioria das classes médias e altas passou a odiar o PT por conta de fatores como: o próprio PT, a conjuntura mundial anti-esquerda e, principalmente, a influência da mídia.



Por Fabiano Viana Oliveira (professor na área de Ciências Sociais) – do livro ‘Em busca da verdade II – Bioética, Hipocrisia e Antipetismo’, páginas 91/92/93 (título e destaque acima são da edição deste blog)



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Se o antipetismo é uma expressão do ódio à democracia, como afirma a autora da citação feita anteriormente (Stella Santos, artigo ‘A destituição do Estado republicano e os movimentos populares’, no livro ‘Contra o Golpe’), então carrega muitos dos aspectos da hipocrisia que tratei no capítulo anterior, pois o mesmo foi construído com base num discurso de corrupção e ineficiência que a simples observação histórica demonstra no mínimo ser imprecisa. O que os fatos mostraram nesses últimos 20 anos é que a corrupção sempre existiu junto aos poderes públicos brasileiros, sempre incitada pelos corruptores do grande capital privado. Na verdade foi nos governos petistas que se fizeram (ou que parece pelo menos) mais investigações e combates à corrupção que em qualquer outro antes. E quanto à ineficiência, do mesmo modo os indicadores oficiais (que também podem ser questionados, é claro) mostram que os três períodos foram muito bons do ponto de vista macro econômico. Se tudo estava atrelado a um mercado financeiro fadado à implosão é outro aspecto, pois independe da eficiência do governo.


Então, se o antipetismo é realmente ódio de classe, posto no título do capítulo (ANTIPETISMO: ÓDIO DE CLASSE OU FEZ A FAMA AGORA DEITA NA CAMA?), e propalado pelos próprios petistas, então é um ódio contra si mesmo. O antipetista parece não gostar de ver que tem uma certa identidade com o PT ou porque acreditava no discurso do partido e se sentiu traído ou enganado em algum momento, aí passou a odiar tudo que o partido prega, isto é, passou a rejeitar o discurso e qualquer outro semelhante causa desgosto, o que acaba por reforçar a esquerdofobia hoje existente no mundo. Ou simplesmente porque enxerga nos supostos desvios de corrupção do partido algo que a si mesmo merecia também se beneficiar; esse sentimento parecendo bem típico de pessoas ou grupos que se sentiram prejudicados com a ascensão do partido, mas muito mais que discordar ideologicamente do mesmo, gostaria de estar junto nos ganhos de capital do período de apogeu do petismo lulismo (entre 2005 e 2010).



Esses dois modelos de ressentimento antipetista parecem ser predominantes em classes médias e altas, talvez presente também em alguns intelectuais. Mas neste caso fica difícil perceber um puro ódio de classe, já que os componentes dos quadros do PT são da mesma classe média, apenas talvez com um discurso pró-classes baixas, verdadeiro ou demagógico não importa. A questão é que se alega que as classes médias e altas odeiam os pobres e como o PT ajudou muitos pobres a saírem da pobreza, acabou por transformar os antigos espaços de exclusividade dessas classes (médias e altas) em espaços compartilhados com os ex-pobres: shoppings, aeroportos e restaurantes, por exemplo.



Se essa alegação é correta, então as classes médias e altas no Brasil são extremamente mesquinhas. Prefiro acreditar que a maioria dessas classes passou a odiar o PT por conta de outros fatores, tais como: o próprio PT, a conjuntura mundial anti-esquerda e, principalmente, a influência da mídia.



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