A pedida é ler o livro e estudar o
resultado das investigações coordenadas pela auditora fiscal Maria Lúcia Fattorelli.
Acesse o site da Auditoria Cidadã da Dívida: https://auditoriacidada.org.br/
Por Jessé Souza – sociólogo – do livro ‘A classe média no espelho – Sua história, seus sonhos e ilusões, sua
realidade’ – da editora Estação Brasil – páginas 269/270 (o título e
destaque acima são da edição deste blog).
(...)
“Além dos multimilionários que ficam com a parte do leão, existe uma
camada superior de rentistas também na alta classe média. Alguns poucos milhões de indivíduos entre nós participam dos mecanismos
legais e ilegais de se apropriar da riqueza coletiva e do orçamento público.
Para esse segmento social, funciona com perfeição a “boca de fumo” da
verdadeira corrupção brasileira, institucionalizada no Banco Central – cujo presidente
é indicado pelos bancos – e efetiva materialização do poder do capitalismo
financeiro. A corrupção dos soldados do tráfico, ou seja, a dos políticos, por
mais execrável que seja, é apenas um apêndice menor da intermediação dos
negócios dos donos do mercado na esfera estatal.
Os políticos não passam de lacaios nesse esquema. O episódio das malas
supostamente dirigidas a Aécio e Temer, mostradas na TV, comprova isso. Eram
pagamento de serviços prestados aos patrões dos políticos: as corporações e o
sistema financeiro.
Tal como no combate ao tráfico de drogas, a polícia prende apenas os
soldados do tráfico, enquanto os poderosos donos da boca de fumo continuam em
liberdade. Foi exatamente o que fez a Lava Jato. A operação não se interessou
pelas denúncias que Palocci queria fazer do sistema financeiro. Afinal, não
vinham ao caso, que era só prender Lula.
Precisa desenhar mais ainda, caro leitor e cara leitora? Palocci queria
mostrar as irregularidades de um esquema para drenar a riqueza da sociedade em benefício da elite e da alta classe média
rentista. Não mais do que 2% da população brasileira. Nunca vamos saber dos
detalhes, porque os paladinos da justiça seletiva só queriam ouvir as denúncias
que lhe eram convenientes. E, na outra ponta do esquema, está a imprensa.
Este é o mecanismo real da corrupção entre nós: o sistema financeiro
rouba e a imprensa mente, invertendo causa e efeito, tornando invisível o
assalto real e distorcendo sistematicamente a realidade. A justiça seletiva
apenas confere o selo da autoridade estatal a esse acordo.
Como o mito vira-lata é talhado de propósito, conforme os interesses
dessa elite do mercado, basta apontar o dedo para os soldados da corrupção
política e lançar uma cortina de fumaça sobre o assalto real dos bancos em
benefício próprio e dos rentistas daqui e de fora. Esse é o trabalho da grande
imprensa amiga e devidamente comprada”.
(...)
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Deta.