NOVA ETAPA DO CAPITALISMO DEIXA ESQUERDA SEM RUMO: O QUE FAZER? “TEMOS QUE DISPUTAR OS SEGMENTOS MÉDIOS DA SOCIEDADE” (parte 2)
José Sérgio Gabrielli (Fotos: Smitson Oliveira - Seabra/Chapada) |
Por Jadson Oliveira –
jornalista/blogueiro – editor deste Blog Evidentemente
A financeirização da economia brasileira, com o
declínio da indústria e a explosão dos fundos de investimento, foi o conteúdo
básico apresentado pelo professor de Economia Sérgio Gabrielli, ex-presidente
da Petrobrás, em palestra/debate em Salvador, conforme reportado na parte 1 da
cobertura deste blog.
Mas grande parte das 250 pessoas que superlotaram o
auditório do Sindae (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio
Ambiente da Bahia), no dia 27 de julho, queria mesmo eram respostas à
intrigante pergunta: “o que fazer?”
Quem desatou o nó da ansiedade foi logo o primeiro
militante a falar na fase dos debates: Paulo Pontes, ex-preso político que
ganhou grande visibilidade por ter sido preso, em 1971, junto com Theodomiro
Romeiro, que ficou na história como o primeiro civil condenado à morte no
Brasil republicano (pena depois comutada).
Pontes, que lançou recentemente suas ‘Memórias da
Resistência’, foi direto ao ponto: queria saber o que as esquerdas, as forças
de oposição, vão fazer diante da ascensão da extrema direita, configurada no
governo Bolsonaro. Como lutar? Como resistir?
Porque parecia – explicou – que o domínio do capital
financeiro, com a derrota dum projeto de inclusão social que vinha sendo
construído nos governos do PT, de acordo com a exposição de Gabrielli, era uma
fatalidade decorrente da evolução do capitalismo no Brasil.
Paulo Pontes: seria fatalidade viver sob o tacão do capitalismo financeiro? |
250 pessoas participaram e/ou assistiram os debates no auditório do Sindae |
Reinaldo Marinheiro propôs luta mais radical, a exemplo de greve geral |
Zilton Rocha se disse alarmado com a desinformação das pessoas e pregou ação política a partir das bases: "o que fazer? só fazendo de baixo para cima" |
Em suma, Paulo Pontes, seguido de outras falas/perguntas
da militância, buscava alternativas de luta, pois “precisamos continuar
resistindo”.
“Temos que ir para a política”
- Para falar sobre ‘o que fazer?’ temos que ir para
a política, observou Gabrielli ao retomar a palavra após algumas intervenções
da plateia (antes ele tinha falado sobre as mudanças estruturais na forma de
organização do capitalismo brasileiro, concentrando-se na análise do
empresariado, conforme matéria publicada neste blog em 21/08/2019: ‘Nova etapa
do capitalismo deixa esquerda sem rumo: quando estávamos encontrando as
respostas, as perguntas mudaram’ – parte 1).
(Política foi o tema do outro palestrante do dia:
Olívio Dutra, ex-governador gaúcho, também quadro histórico do PT como
Gabrielli, falou como um militante político altamente qualificado, conforme
matéria publicada neste blog em 30/07/2019: ‘Olívio exalta a política, mas
política onde o povo é sujeito e não objeto’).
Gabrielli discorreu então sobre o crescente
isolamento do governo Dilma a partir de 2011/2012, quando ela enfrentou o
capital financeiro - baixou as taxas de juros, tentou fazer uma reforma tributária
mais progressista - e foi derrotada.
Vieram em seguida os movimentos de rua de 2013, em
aliança com o capital financeiro, o impeachment de 2016 e o segundo golpe com a
prisão do ex-presidente Lula – “tiraram o jogador principal do campo e aí
Bolsonaro ganha”, disse Gabrielli.
Os dois palestrantes: Gabrielli e Olívio |
Humberto Guanais, o popular Cocão |
GABRIELLI COM A PALAVRA
Seguem palavras mais ou menos textuais do professor
Gabrielli, com indicações que podem ajudar a enfrentar os atuais desafios da
oposição (e das esquerdas):
Há empresários no Nordeste que ainda têm alguma veleidade de programa
nacional
“Há um fenômeno político estrutural: as burguesias
no Brasil não são homogêneas, a burguesia gaúcha não é a mesma da baiana, nem é
a mesma da paulista. Temos uma composição de forças do empresariado que no
Nordeste tem ainda alguma veleidade de programa nacional. Os governadores do NE
têm empresários nas suas bases políticas, grandes agricultores, empresários da
engenharia. As burguesias regionais ainda não estão integradas nacionalmente.
Daí que as alianças em 2018 no NE foram amplas e nos deram a vitória na região.
Esta situação não se repete nacionalmente, porque do ponto de vista do que é
dominante na burguesia brasileira, não há mais espaço para uma aliança, eles
não querem uma aliança conosco”.
A ampliação por segmentos médios pode viabilizar uma alternativa ao
domínio absoluto do capitalismo financeiro
(Depois de falar que temos 120/130 votos na Câmara
dos Deputados e Bolsonaro tem 100) “E tem um meião que representa espaço em
disputa, que não é necessariamente o empresariado. Nós temos que disputar
médicos pela democracia, juristas pela democracia, profissionais do setor
público, segmentos médios, pequenos empresários, pequenos escritórios, igrejas,
são segmentos em disputa. É a ampliação por esses segmentos médios que pode
viabilizar uma alternativa ao domínio absoluto do capitalismo financeiro, que
não é uma fatalidade... movimentos estruturais (...) se alteram na conjuntura,
inclusive às vezes um personagem tem um papel importantíssimo na história”.
“O que fazer, para mim, significa fortalecer os 120
deputados, ampliar para ganhar 100, cento e tantos, 200 no Congresso e,
principalmente, ampliar nos segmentos médios da sociedade - porque na burguesia
nós não vamos ter caminhos – e nos segmentos regionais onde a burguesia possa
nos apoiar”.
O professor Carlos Freitas, com um grupo de jovens (suas alunas?) |
Pensar uma política de aliança de tipo novo, com propostas também de tipo novo
“Acho que é uma política de aliança de tipo novo,
que vai exigir formas novas de propostas, porque do jeito que as coisas vão
estão fora de possibilidade qualquer perspectiva de redução da pobreza,
qualquer perspectiva de diminuição da desigualdade e qualquer perspectiva de
desenvolvimento de mercado interno de massa. Estamos com cerca de 13 milhões de
desempregados, miséria crescendo, problemas em todas as áreas (ainda não havia
estourado na mídia a devastação da Amazônia) e desmonte do Estado brasileiro”.
“A resposta não vai ser dada apenas pelo movimento
sindical, por mais esforço que faça a CUT (Central Única dos Trabalhadores),
por mais esforço que faça cada dirigente sindical (alguns militantes tinham falado
na luta dos trabalhadores, propondo inclusive greve geral). Ou nós ampliamos nosso
apoio para os segmentos médios – e a disputa política e ideológica é
fundamental e debates como este são importantes – ou nós vamos ficar isolados,
perguntando o que fazer”.
PS 1: A análise que Gabrielli nos apresentou em Salvador, que está sendo
reportada por este blog, estará presente, de alguma forma, nos debates dos
quais participará no âmbito do PT e outros partidos e movimentos sociais, a
nível nacional, durante este semestre, em busca de resoluções políticas das
forças progressistas.
PS 2: Foi
fundamental para o êxito do evento o suporte do Sindae, em especial dos seus
diretores Danillo Assunção (coordenador geral) e Edmilson Barbosa (diretor de
imprensa), bem como do assessor de imprensa Sinval Soares. O vídeo das
palestras e debates pode ser acessado a partir do Google: vídeo Sindae Bahia
- Conjuntura Política e Econômica – Gabrielli e Dutra.
|
PS 3: Os organizadores foram Osvaldo Laranjeira, Valdimiro Lustosa
e Goiano (José Donizette), velhos militantes e dirigentes do sindicalismo
bancário que continuam atuantes, de uma forma ou de outra, no movimento popular
e democrático.
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