Jair Bolsonaro (Foto: reproduzida da Internet) |
Então é Bolsonaro quem ataca Merval, Míriam,
a Globo? E nós torcemos contra Bolsonaro? Ou seja, a favor do Merval, da
Míriam, da Globo? Alguma coisa está errada: A INDIGÊNCIA DA OPOSIÇÃO RESULTA NA DEFESA DE INIMIGOS DO POVO.
Por Jadson Oliveira –
jornalista/blogueiro – editor deste Blog
Evidentemente
Há pouco tempo me chamou a
atenção matéria com o jornalista Breno Altman, editor do site Opera Mundi, no
Brasil 247. Título: BRENO ALTMAN: PARA TER FORÇA, A ESQUERDA PRECISA SER
ANTI-SISTEMA.
Diz ele, por exemplo: "Se a esquerda
quiser se enterrar ela defende a democracia liberal apodrecida e colapsada da
Constituição de 88, porque é exatamente contra esse sistema político que se
construiu maioria ao redor do Bolsonaro, e com razão porque esse sistema faliu”.
Continua: “Outra coisa são
as liberdades democráticas, eu acho que a esquerda deve lutar com quem estiver
disposto a cerrar fileiras pelas liberdades democráticas. Defender as
liberdades democráticas não é a mesma coisa que defender o retorno ao regime
político da Constituição de 88”.
Para quem queira ler, vai o
link: https://www.brasil247.com/poder/breno-altman-para-ter-forca-a-esquerda-precisa-ser-anti-sistema
Vi outro artigo do mesmo
Breno, com o título: O PT COMO PARTIDO DA ORDEM QUE NÃO É SUA (no Viomundo –
não me lembro se o li, é tanta coisa pra ler que a gente fica baratinado).
Me lembrei da primeira
matéria citada – tinha guardado nos meus arquivos – ao ver a briga do
presidente Bolsonaro com o jornalista do jornal O Globo, o famigerado Merval
Pereira (um dos porta-vozes – dizem - mais reconhecidos dos Marinho – o outro,
seria a Míriam Leitão), em torno da suposta palestra de 375 mil reais.
O presidente ameaçou, numa
iniciativa realmente corajosa e inovadora: só dará entrevista a jornalista que
ouse falar da tal suposta palestra de Merval, supostamente paga pelo Senac.
Pensei: então é o Bolsonaro
quem ataca o Merval, a Míriam, enfim, a Globo? E nós torcemos contra Bolsonaro?
Ou seja, a favor do Merval, da Míriam, da Globo, enfim, da venal mídia
hegemônica?
Aliás, outro dia aí o Bolsonaro barrou, para uma entrevista
coletiva, jornalistas que representariam os meios de comunicação: TV Globo,
Globonews, jornal O Globo, Rádio CBN, Valor Econômico, Estado de
S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL.
Então é também o Bolsonaro
quem ataca o STF, ministros do Supremo, Gilmar Mendes, etc? Um dos filhos já
chegou até a dizer que bastam um cabo e um soldado para fechar a suprema Corte!
E nós torcemos contra
Bolsonaro? Ou seja, a favor daquela coisa que chamamos Supremo, que esperou um
tempão (uns seis meses, não?) para defenestrar o Eduardo Cunha da presidência
da Câmara, esperando ele votar o impeachment da Dilma?
Que está esperando –
conforme penso – o Guedes e o capital financeiro aprovarem a pauta prioritária
dos golpistas – reforma da Previdência, reforma tributária, completar a
destruição das políticas públicas populares, acabar o que resta dos direitos
trabalhistas?
E o que mais? Que os
fazendeiros, madeireiros e empresas de mineração acabem de destruir a floresta
amazônica? Que acabem totalmente com a raça do que resta dos nossos indígenas?
E o que mais?
Esperando para que?
Esperando completar a pauta neoliberal para que descubram que o Lula foi
condenado num processo fraudulento?
Por falar no STF, outro dia
aí as centrais sindicais (e mais entidades de peso da chamada sociedade civil) fizeram
um manifesto em defesa desses tão impolutos quanto impopulares juízes supremos.
Com direito, na entrega, a sessão especial festiva.
“A Suprema Corte é insubstituível
para o país e é dever de todos a sua defesa, pois, sem ela, nenhum cidadão está
protegido”. Uma belezura, não?
Alguma coisa está errada. Quando as esquerdas vão
conseguir se comunicar com as camadas populares, com os trabalhadores? (não com
os sindicatos nem com os partidos ditos dos trabalhadores, mas com os
trabalhadores). O bolsonarismo (ou coisa que o valha) vem conseguindo.
Vamos ficar dependentes da liderança carismática do
Lula para falarmos alguma coisa que o povo entenda?
Outro
dia, tive uma inspiração quiçá brilhante de escrever um artigo quiçá arrasador,
quiçá histórico. Escrevi o título (e ficou somente no título): A INDIGÊNCIA DA OPOSIÇÃO RESULTA NA
DEFESA DE INIMIGOS DO POVO. É a questão das alianças?
Que tal? Na maioria das vezes, eu penso que não entendo nada
de política. Tudo que espero, prevejo (é simples torcida, né? aquela coisa do
wishful thinking – pensamento desejoso), dá tudo errado.
Mas, raras vezes, eu penso desafiadoramente: que nada! eu
devo ser um daqueles gênios incompreendidos. Não deixa de ser um delírio
inspirador, mesmo que seja para escrever um arrazoado assim recheado de
perguntas.
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