OLÍVIO DUTRA - MILITANTE, PREFEITO, GOVERNADOR: NUNCA PERDEU O RUMO

Olívio Dutra (Foto reproduzida do documentário)

É o que mostra o documentário ‘O Galo Missioneiro’, sobre a militância do ex-governador gaúcho que estará, no próximo dia 27, em Salvador, debatendo sobre a conjuntura, ao lado do baiano Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobrás.

Por Jadson Oliveira – jornalista/blogueiro – editor do Blog Evidentemente

Faz pouco tempo, quando a campanha fascista de criminalização da política e dos políticos, em especial os petistas, começou a empolgar grande parte dos brasileiros, escrevi um artigo mencionando três políticos pelos quais eu meteria a mão no fogo, por seus compromissos éticos e com as causas populares e nacionalistas.

Adivinhe quem foi o primeiro da lista. Ele mesmo: Olívio Dutra (os outros foram a deputada Luíza Erundina, do PSOL-SP, e o ex-senador Roberto Requião, do MDB-PR). Agora tive a oportunidade de me emocionar com o vídeo ‘O Galo Missioneiro – a trajetória de um militante’, mostrando, com a sobriedade adequada ao retratado, a retidão moral e política de uma vida inteira.

Começou a se projetar na vida pública como militante sindical bancário (sobre esta faceta e sua ligação com os bancários baianos farei um artigo específico). Foi nesta condição que se encontrou pela primeira vez, em 1975, com o ex-presidente Lula, ambos então dirigentes sindicais, encontro registrado no documentário e ressaltado por Lula na semana passada, no início de sua entrevista ao site gaúcho Sul21.

A partir daí, a parceria dos dois passou pela fundação do PT em 1980 e continuou até hoje. No filme, quando da campanha para o governo do Rio Grande do Sul, em 1998, vemos Lula levantando o braço de Olívio e gritando, em meio à euforia popular: “Vocês vão eleger governador um índio de Bossoroca” (município natal de Olívio, na região das Missões). Vemos também os dois juntos na caravana petista, no início de 2018, pelo interior gaúcho.

O documentário ressalta bem o que, de fato, é o mais saliente da notável trajetória política do nosso “missioneiro”: sua fidelidade à crença de que a ação política é fundamental e só faz sentido se for casada com a participação popular. O chamado orçamento participativo, um achado magnífico do PT a partir do mandato de Olívio como prefeito de Porto Alegre (1989-92), ganhou fama nacional e internacional. Não por acaso o Fórum Social Mundial começou pela capital gaúcha.
Foto histórica da fundação do PT em 1980: Sérgio Buarque de Holanda, Olívio e Lula (reproduzida do GGN)
No filme, Olívio e Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, batem papo sobre a vida e a política
"Cidadão comum" andando de ônibus pela cidade
Como prefeito, governador e ministro, nunca perdeu seu rumo, nunca abandonou seu apego ao diálogo com os movimentos sociais, com as forças democráticas, populares e nacionalistas e também com outras forças representativas da sociedade. Mas sem tergiversações, sem ilusões e sem concessões aos donos do dinheiro e do poder, que parecem cultivar os mesmos anti-valores sociais vigentes durante os 350 anos de escravidão negra.

Certamente por essa sua firmeza de propósitos e ação, várias lideranças populares aparecem no documentário ressaltando a autenticidade do Olívio “cidadão comum”, longe daquela imagem caricata de político que parece ter um Deus na barriga. Não é à toa que ele é visto se deslocando de transporte coletivo pela cidade e pedalando uma bicicleta: “Fui, sou e quero continuar sendo um militante”, diz.

De fato, há alguns anos sem mandato, hoje com 78 anos, ele continua militando e não foge da raia quando o tema são as denúncias e críticas ao PT, especialmente no quesito corrupção: crê que o partido, ao lado dos enormes êxitos na política de inclusão social nos governos Lula e Dilma – e por isso mesmo vítima de terrível campanha de desinformação da grande mídia - cometeu erros graves que precisam ser avaliados com rigor. Já deu entrevista defendendo claramente a necessidade duma autocrítica corajosa e apontando que pessoas importantes dentro do PT macularam seu patrimônio ético.

É esta figura emblemática de integridade na política que os baianos de Salvador terão oportunidade de ouvir e com ele debater sobre a atual conjuntura política e econômica, decorridos seis meses do governo de extrema direita presidido por Jair Bolsonaro. E enquanto perdura o bombardeio do chamado Vaza Jato – divulgação dos diálogos altamente comprometedores do ex-juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato, através do site The Intercept Brasil.

Ao seu lado, outro palestrante de peso: José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobrás e professor titular de Economia (aposentado) da Universidade Federal da Bahia (UFBa). Ambos são quadros históricos do PT.

O debate será no auditório do Sindae (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente da Bahia), nos Barris (em frente à Biblioteca Central), no dia 27/julho (sábado), a partir das 10 horas da manhã.

Clique no link abaixo para ver o documentário:

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