Jessé Souza (Foto reproduzida de Carta Maior) |
SUBSÍDIO DESTE BLOG PARA O DEBATE
COM O BAIANO SÉRGIO GABRIELLI E O GAÚCHO OLÍVIO DUTRA, DOIS QUADROS HISTÓRICOS
DO PT.
Pequeno trecho da matéria ‘Carta de Paris: Jessé Souza: A Lava Jato
desqualificou a Justiça – Sociólogo explica em Paris o Brasil de Bolsonaro”,
de Leneide Duarte-Plon, em Carta Maior, de 04/07/2019 (título
acima é deste blog).
(...)
(Jessé) Souza
apresentou uma conjuntura bastante difícil para o Brasil, que vê dominado por
um sistema racista de uma elite cínica, que manipula a classe média com uma
falsa narrativa anticorrupção e, na verdade, usa o Estado para enriquecer. Diante
desse governo, se debate uma esquerda sem bússola.
«A esquerda não tem nenhuma narrativa política para o Brasil, jamais teve mas é arrogante pois pensa que tem. O Brasil tem uma esquerda sem as armas simbólicas para efetivamente criar uma narrativa que tenha uma direção para o futuro»
«A esquerda não tem nenhuma narrativa política para o Brasil, jamais teve mas é arrogante pois pensa que tem. O Brasil tem uma esquerda sem as armas simbólicas para efetivamente criar uma narrativa que tenha uma direção para o futuro»
(...)
Este blog
destaca apenas os dois parágrafos acima, para provocar polêmica entre as
esquerdas e, especialmente, entre os petistas. A matéria é, evidentemente,
muito mais abrangente, com abordagens contundentes que merecem ser pensadas e
discutidas. Vai o link aí:
Para
reforçar o ponto destacado, vai transcrito a seguir trecho do livro ‘A classe média no espelho’, do mesmo
Jessé (editora Estação Brasil, páginas 157/158):
O QUE SERIA DA ESQUERDA SEM O
TINO E A ASTÚCIA POLÍTICA DE LULA? (título deste blog)
(...)
O fato de
o Partido dos Trabalhadores ter desenvolvido, a partir do carisma do
ex-presidente Lula, o “lulismo”, na expressão marcante de André Singer, como
política de amparo aos mais pobres e marginalizados deve-se mais ao tino e à
astúcia política do grande líder popular do que a um projeto partidário
articulado e consciente. A lealdade conquistada nesses setores, antes os
grotões mais conservadores da política brasileira, foi o ganho mais duradouro
de uma política que, apesar de virtuosa, não soube mobilizar nem se proteger.
Apesar
das conquistas históricas na luta contra a desigualdade abissal, a falta de um
projeto alternativo deliberado explica boa parte da colonização do partido
popular pelo discurso elitista do moralismo de fachada. Explica também boa parte
do seu comportamento errático e hesitante em questões fundamentais, como, por
exemplo, em relação ao aparato jurídico-policial do Estado.
Muitos,
até pessoas argutas e inteligentes politicamente, não entendem claramente este
ponto. A maioria acha que basta ter um projeto econômico alternativo e mais
inclusivo que, espontânea ou magicamente, as pessoas vão compreender seu
significado e seu benefício. Não se percebe a importância crucial de elaborar
uma narrativa, ou seja, um projeto articulado alternativo ao elitista. Sem tal
projeto convincente de longo prazo, não se sabe em que sentido, por exemplo,
reformar o Estado, o Judiciário ou a política.
(...)
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