Major Denice, da PM baiana, comandante da Ronda Maria da Penha (Fotos: Smitson Oliveira) |
A major Denice Santiago foi a Seabra/Chapada, a convite do PT local,
falar sobre violência doméstica: a missão é coibir não só a agressão física,
mas também a moral, o estupro conjugal e a violência patrimonial, sexual e
psicológica. Mais de 5 mil mulheres já foram atendidas.
Por Jadson Oliveira –
jornalista/blogueiro – editor deste Blog
Evidentemente
Falar da Ronda Maria da
Penha – programa do governo do estado e da Polícia Militar reconhecido nacionalmente
– é falar do combate ao machismo, esta terrível doença social que mancha
indelevelmente nossa cultura e é transmitida secularmente por gerações e
gerações.
Ditos populares como “briga
de marido e mulher ninguém mete a colher” estão aí no nosso dia-a-dia para naturalizar
a violência contra as mulheres. Briga? A mulher apanha e os vizinhos apontam
“uma simples briga!”
Mas “mulher gosta mesmo é de
apanhar”, alardeia outra joia duma suposta sabedoria popular.
Foi sobre
isso - o combate à violência doméstica e familiar contra a mulher - que a major
PM Denice Santiago Santos do Rosário, comandante da Ronda, discorreu para uma
plateia de mulheres e homens de Seabra, na Chapada Diamantina, interior da
Bahia. (Foi no último dia 15, no auditório da Câmara Municipal).
Pedro Lima, presidente do PT, dando as boas vindas à palestrante |
Major Normando, comandante da 29a. CIPM |
Pedro Lima, Fátima Pina (atuou na condução dos trabalhos), Denice Santiago, Smitson Oliveira e Celcino Teixeira, ambos da Executiva do PT, e Alice Cerqueira, organizadora do evento |
Ela
atendeu ao convite da ala feminina (e feminista) do PT de Seabra, representada
pela professora Alice Cerqueira, cuja iniciativa foi muito elogiada no debate
que se seguiu à palestra. Várias participantes queriam saber como e quando
poderiam ouvir novamente a major Denice, lamentando a tão pequena assistência.
Apesar
disso - apenas cerca de 30 pessoas estiveram presentes -, ela se disse à
disposição para novas oportunidades e lembrou ter sido a primeira vez que foi
convidada a palestrar por um partido político.
Avanços da Lei Maria da Penha
Com
linguagem simples e descontraída, a major Denice apresentou, passo a passo, os
avanços na luta contra a violência doméstica a partir da Lei Maria da Penha,
criada em 2005, durante o governo do ex-presidente Lula. De coisas
aparentemente sem importância como o fato das mulheres agredidas (antes da lei)
serem forçadas a entregar a intimação aos maridos, como a retirada da queixa
passar a ser feita somente diante do juiz e a adoção de medidas protetivas.
Até a
tipificação dos diversos crimes e não apenas o de agressão física, como antes:
passou a existir a agressão moral, a violência patrimonial, o estupro conjugal,
a violência sexual e a violência psicológica.
Participantes em companhia da vereadora Jeannethe Brandão (última à direita) |
- Em cada
sete minutos uma mulher sofre violência doméstica, é uma doença que infesta
toda a sociedade, pobres e ricos, o machismo é como um vírus - denuncia a
comandante do programa, que já foi alvo de várias homenagens, a exemplo da
Comenda 2 de Julho. Acrescentou que “nossa sociedade cria crianças para usar a
violência doméstica”. Segundo dados estatísticos, quando a mulher chega a denunciar,
ela já é vítima, em média, da sétima agressão.
A Ronda,
criada em 2015, surgiu em conexão com os movimentos de mulheres, conforme frisa
a oficial da PM. Atua diretamente em Salvador e Região Metropolitana, tendo
ainda unidades em outras cidades, e já atendeu mais de 5 mil mulheres. Comentam
que no subúrbio ferroviário da capital, onde está sua sede e onde os índices de
agressão são altos, quando aparece uma de suas viaturas, com layout e logotipo
característicos, os machões tremem.
Uma
questão surgida no debate em Seabra foi quanto ao suposto aumento dos índices
de agressão. A major Denice foi diplomática, não quis contestar dados
frontalmente, mas deixou claro que o que ocorre, na verdade, é o aumento da
visibilidade da violência depois da legislação pertinente, bem como da atuação
de órgãos como as delegacias especializadas e, também, a própria Ronda da PM. É
claro que agora há mais denúncias, enfatizou.
A
palestrante estava acompanhada do seu colega, major PM Normando Júnior, que é
comandante da 29ª. CIPM (Companhia Independente da PM), sediada em Seabra.
Presentes também a vereadora Jeannethe Brandão, do PSB, vice-presidente da
Câmara Municipal, e o pintor Pedro Lima, presidente do Diretório Municipal do
PT.
Comentários