(Foto: reproduzida de Ananindeuadebates) |
Será esclarecedor o teste deste domingo. Poderemos mensurar qual o peso social e político dos brasileiros que se dispõem – ainda – a defender o ex-juiz. Que acreditam – ainda - que lhe caiba o troféu de campeão da luta contra a corrupção.
Transcrito do site Ananindeuadebates, de Ananindeua (cidade da Região Metropolitana de Belém/Pará), de 28/06/2019
Os movimentos de direita MBL (Movimento Brasil
Livre) e Vem pra Rua, bem como defensores de intervenção militar, estão
convocando para depois de amanhã, domingo (dia 30), atos em todo o país para
defender o ex-juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça do governo de extrema
direita de Jair Bolsonaro.
Moro e os procuradores da Lava Jato são suspeitos
de manipularem o processo jurídico que levou o ex-presidente Lula à
prisão, de acordo com o vazamento de mensagens que vêm sendo publicadas através
do site The Intercept Brasil, numa ação conhecida como #Vazajato. O ex-juiz
aparece como uma espécie de chefe dos procuradores e, portanto, da acusação,
quando legalmente teria que se comportar com imparcialidade. O julgamento da
suspeição de Moro no STF (Supremo Tribunal Federal) começou no último dia 25 e
será retomado no início do segundo semestre. Sua condenação, se ocorrer,
acarretaria em consequência a anulação da condenação de Lula.
A posição do ex-juiz é cada vez mais difícil, mas
os jovens extremistas de direita, agrupados sobretudo no MBL – chamados de
“tontos” por Moro nos diálogos divulgados -, não parecem se importar. Eles
parecem seguir a mesma cartilha do seu guru e procuradores de Curitiba,
orientados pelo viés político-partidário: "aos amigos tudo, aos inimigos
nada".
Jovens do MBL e outros grupos entraram na política
com o discurso da anti-política e anti-partidos. Hoje suas principais
lideranças são parlamentares de velhos partidos conservadores, como DEM,
PTB e PR. Jovens supostamente liberais de 2013, imbuídos dum anti-petismo
desvairado, que levantaram bandeiras contra a chamada “velha política”, se
transformaram em parlamentares, envelheceram rápido na política.
São esses os “tontos" – para enfatizar o
epíteto utilizado pelo próprio guru – que estão convocando seus partidários às
ruas em defesa do atual ministro da Justiça, o qual, não custa lembrar, está
sentado no banco dos réus do Supremo, envolvido num caso que pode ser
considerado um dos maiores escândalos de corrupção do Judiciário
brasileiro.
As lideranças do MBL e Vem pra Rua acreditam que os
fins justificam os meios? As normas elementares da Justiça num Estado
Democrático de Direito podem ser desrespeitadas impunemente?
De qualquer forma, será esclarecedor o teste deste
domingo. Poderemos mensurar, em números e representatividade, qual o peso
social e político dos brasileiros que se dispõem – ainda – a defender o ex-juiz
Sérgio Moro. Que acreditam – ainda - que lhe caiba a toga de paladino da
Justiça, de campeão da luta contra a corrupção.
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