Por que será que o governo está gastando tanto em propaganda e pedindo
depoimentos de pessoas ligadas à mídia para elas dizerem que a Reforma da
Previdência é muito boa e que vai salvar a economia nacional?
Por Valdimiro Lustosa Soares –
economista, antiga liderança do sindicalismo bancário da Bahia - texto
transcrito do Facebook, de
19/04/2019 (complemento do título, destaque acima e disposição dos parágrafos
são da edição deste blog)
O cientista político Luiz Alberto Moniz Bandeira
fala em seu livro A Desordem Mundial (Civilização Brasileira-2016) que o
nazifascismo não constitui um fenômeno particular da Itália e da Alemanha,
quando ameaçou e se estendeu, sob diferentes modalidades, a outros países da
Europa, como Portugal e Espanha, entre os anos 1920 e a deflagração da Segunda
Guerra Mundial (1939-1945).
O que ocorreu nesses países foi uma espécie do que
Machiavelli referiu como mutazione dello stato (mutatio rerum, commutatio rei
publicae), quando a res publica, um Estado, sob o nome da liberdade
transmuda-se em Estado tirânico, com violência ou não.
O fenômeno político denominado nazifascismo no século
XX podia e pode ocorrer, nos Estados modernos, onde e quando a oligarquia e o
capital financeiro não mais conseguem manter o equilíbrio da sociedade pelos
meios normais de repressão, revestidos das formas clássicas da legalidade
democrática, e assumir características e cores diferentes, conforme as
condições específicas de tempo e de lugar.
Porém sua essência permanece como um tipo peculiar
de regime, que se ergue por cima da sociedade, alicerçado em sistema de atos de
força, com a atrofia das liberdades civis e a institucionalização da
contrarrevolução, tanto no plano doméstico quanto no plano internacional,
mediante perpétua guerra, visando implantar e/ou manter uma ordem mundial
subordinada aos seus princípios e interesses nacionais e favorável à sua
segurança assim como a prosperidade nacional.
Durante a Grande Depressão, que se seguiu ao
colapso da bolsa de Wall Street, em outubro de 1929, a Black Friday, alguns
grupos financeiros e industriais – cerca de 24 das mais ricas e poderosas
famílias dos Estados Unidos, dentre as quais Morgan, Robert Sterling Clark,
DuPont, Rockefeller, Mellon, J. Houeard Pew, da companhia Sun Oil, Remington,
Anaconda, Bethlehem, Goodyear, Bird’s Eye, Maxwell House, Heinz Schol e
prescott Bush – conspiraram.
Planejaram financiar e armar veteranos do Exército,
sob o manto da American Legion, com a missão de marcharem sobre a Casa Branca,
prender o presidente Franklin D. Roosevelt (1933-1945) e acabar com as
políticas do New Deal (O Novo Acordo). O objetivo consistia na implantação de
uma ditadura fascista, inspirada no modelo da Itália e no que Hitler começava a
construir na Alemanha.
O Wall Street Plot, porém, abortou. O major-general
Smedley Darlington Butler, que os big businessmen tentaram cooptar, denunciou a
conspiração, ao reporter Paul French, do Philadelphis Record e do New York
Evening Post.
Mutatis Mutandis, digo eu, qualquer país está
sujeito a golpes fascistas. Tudo vai depender da reação do povo. O livro do
professor Moniz Bandeira é um primor de história para poder-se entender como se
comporta o sistema capitalista, os seus interesses e a quem serve o modelo.
No Brasil pode sim, ocorrer tentativas iguais à
narrada pelo professor. Os homens do dinheiro gostam do dinheiro e de mais
ninguém. Claro que a imprensa corporativa dos Estados Unidos não deu maior
importância ao episódio acima narrado. Os donos do dinheiro compram tudo, como
diz o sociólogo brasileiro Jessé Souza em seu livro a Radiografia do Golpe.
Os donos do dinheiro não dão nada de graça a
ninguém. Isso me faz lembrar um ditado muito usual na minha terra: NINGUÉM DÁ
MINGAU A MENINO SEM LAMBER OS DEDOS! Por que será que o governo está gastando
tanto em propaganda e pedindo depoimentos de pessoas ligadas à mídia para elas
dizerem que a Reforma da Previdência é muito boa e que vai salvar a economia
nacional? Desconfie. O pano de fundo da reforma é outro: quem vai lucrar serão
os bancos e os rentistas. Acorda povo!
Comentários