(Fotos: Jadson Oliveira) |
Me pergunto
onde estão hoje, entre os estudantes baianos, os Valdélio, Olival, Tinoco,
Lídice, Zulu, dentre outros e outras, que na década de 1970 estavam nas ruas.
Por
Jadson Oliveira – jornalista/blogueiro – editor do Blog Evidentemente
Como em todo o país, a mobilização em defesa da
Previdência pública – contra a chamada Reforma da Previdência – na sexta, dia
22, parece ter conseguido um nível razoável em Salvador.
Umas 2.000 a 3.000 pessoas participaram (não vi a
estimativa dos organizadores, que sempre é exagerada, nem a da PM, que sempre
puxa pra baixo). As centrais sindicais deram mostras de unidade: das mais à
direita, como a Força Sindical, às mais à esquerda, como a CSP-Conlutas, todas
estiveram à frente da manifestação.
Além de frentes da luta democrática e popular,
sindicatos, movimentos sociais, como o MST, alguns poucos parlamentares e
lideranças. Entre as várias categorias, parece que a dos professores
(especialmente as professoras) merece destaque, sob a direção da
APLB-Sindicato.
Ilustro esta nota com algumas fotos, retratando a
movimentação entre a Rótula do Abacaxi e o Iguatemi.
Cadê o
movimento estudantil?
Mas o que quero mesmo é indagar: cadê o movimento
estudantil? Pelo que podemos deduzir, os nossos estudantes estão fora da luta
democrática, nacional e popular. Não vi, nem ouvi, qualquer pronunciamento com
alguma referência à participação do estudantado, de suas entidades
representativas. Nossa juventude (secundaristas, universitários) não se sente parte
da luta popular?
Sou duma geração em que os estudantes estavam sempre
à frente (ou na linha de frente) das lutas em defesa dos interesses populares,
nacionais, democráticos.
Os estudantes eram uma espécie de mito, inquietos,
rebeldes, lutavam e sonhavam em busca das belas utopias da época – contra as
injustiças sociais, contra a exploração capitalista, contra a miséria, em
defesa do socialismo, sonhando com uma sociedade humanitária, assentada na
solidariedade, na fraternidade, no bem coletivo, em busca duma sociedade perfeita
(naquela época era o socialismo: a cada um segundo suas necessidades, o comunismo,
a igualdade, uma sociedade sem explorados e sem exploradores).
Para muita gente da minha geração (os que ainda
vivem), é irreconhecível uma juventude que não convive com tais sonhos, com
tais utopias.
Me pergunto onde estão hoje, entre os estudantes
baianos, os Valdélio, Olival, Tinoco, Lídice, dentre outros e outras, que na
década de 1970, durante os tempos brabos da ditadura, estavam nas ruas
liderando os colegas em luta pela democracia.
(Desculpe, mas me recordo mais da turma da tendência Viração,
com os quais convivi mais – me lembro também daquele negro de Sangue Novo, que
depois dirigiu a Fundação Palmares – pesquisei no Google: Zulu Araújo).
Vamos ver se os estudantes vão aparecer nas próximas
jornadas de luta, por LULA LIVRE, de 7 a 10 de abril.
Comentários
Elsa Kraychete
24 de mar às 05:50
Bom dia, Jadson, eu também me pergunto, por onde andam os estudantes? Tenho comentado sobre o meu espanto de não ter visto, entrei primeiro e segundo turnos da eleição para presidente, os centros acadêmicos ou o DCE passar em sala, realizar um debate ou qualquer outra manifestação. Parece que os estudantes só têm se mobilizado por lutas muito específicas, daí que cada grupo fica em sua gavetinha. Sinto falta de um sonho capaz de unir todos. Abs