Ricardo Boechat (Foto reproduzida da Internet) |
Servia
claramente ao MERCADO. Tinha lado, tinha partido. Ele não era isento nem
independente. Vamos louvar o que deve ser louvado.
Por Isadora Browne Ribeiro – professora (o destaque acima é da edição
deste blog)
Porque não vou fazer a louvação.
Porque não tem que ser tão louvado.
Não. Eu não estou satisfeita com a sua morte. Nem com a morte de
ninguém. Mas estou acompanhando o tsunami de elogios deslavados e hiperbólicos
a um jornalista que teria TODAS as qualidades imagináveis. Menos. Compreendo a
comoção devido ao seu alcance. Normal. Mas, meu lugar de fala é de ouvinte
assídua da rádio onde ele atuava. Costumava ouvir suas falas, ultimamente bem
menos por não aguentar mais seus comentários preconceituosos, agressivos,
desrespeitosos e não raro sem fundamento.
Em primeiro lugar, com toda a inegável inteligência, informação e larga
experiência, Boechat repercutia propositalmente o lugar comum, sem sequer o
benefício da dúvida. Portanto, para começar, ele não fazia crítica e só
investigava o que interessava. Muitas vezes, soltava no ar opiniões
irresponsáveis, sem comprovação, no “achismo”, como se estivesse em uma mesa de
bar. Mas não estava. Falava para milhões que passariam a repercutir como se
verdade fosse, consolidando sem perceber sua visão rasa. Sua fórmula de se
deter em banalidades e brincadeiras muitas vezes pueris era hábil ardil para
desviar a atenção de notícias relevantes.
O mito de sua independência naufraga ao navegarmos por suas declarações,
no claro direcionamento de suas posições. Quando criminaliza a política e o
fazer político, quando relativizava os acontecimentos de violência contra
mulheres e contra LGBTs, quando defendia o direito de pais baterem em filhos,
quando cobrava, com histriônica ênfase, apenas de órgãos oficiais, medidas
adequadas, de reparação etc., sem incluir na sua veemência as
empresas, para as quais sempre tinha explicações e desculpas, servia claramente
ao MERCADO. Tinha lado, tinha partido. Por que outro motivo defenderia com
unhas, dentes, garras e goela as reformas? Não. Ele não era isento nem
independente. Só prestar atenção à sua permanente presença em eventos
corporativos por todo o Brasil.
Vamos louvar o que deve ser louvado.
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