O título está na defensiva. Vivemos na defensiva,
porque o cerco dos monopólios da mídia hegemônica é tenaz. Mas o texto não está
na defensiva, ao contrário. Falo pra frente, salto o pântano e busco a luz do
sol para cantar a proeza de alguns políticos brasileiros que tentam, apesar dos
pesares, contribuir para um maior grau
de felicidade do povo.
Por
Jadson Oliveira (jornalista/blogueiro), editor deste Blog Evidentemente –
reproduzido do site Dia e Noite no Ar, de 26/01/2016
Como se tornou praxe a
imprensa hegemônica do Brasil tratar a política e os políticos como sinônimos
de corrupção, vou proclamar aqui três políticos que considero sérios e
inteiramente fiéis ao interesse público: Olívio Dutra, Roberto Requião e Luíza
Erundina.
Adoro andar na contramão
dos monopólios dos meios de comunicação, remar contra a corrente, como defendia
o grande Lênin. Não é à toa que os três não são premiados com aparições nas
telas da TV, mesmo porque não encontram “malfeitos” para lhes atribuir, como
gostariam. O caso é que julgo conhecê-los razoavelmente e me atrevo a dizer que
confio neles inteiramente.
Olívio Dutra (foto acima)
é exemplo de integridade. Gaúcho, dos poucos petistas que defendem o PT como
instrumento de transformação e não apenas como ferramenta de se ganhar eleição,
a qualquer custo. Foi prefeito de Porto Alegre e governador do Rio Grande,
pioneiro na aplicação do orçamento participativo, mantém até hoje uma vida de
homem simples. Tive o privilégio de conhecê-lo ainda como sindicalista
bancário, na década de 70, tempos de ditadura. Político aferrado aos interesses
populares.
Roberto Requião: passei
seis meses em Curitiba quando era governador e pude ver de perto como lutou
contra a herança neoliberal deixada no estado por Jaime Lerner. Enfrentou (e
continua enfrentando) com garra o terrorismo midiático, sua última façanha na
área foi a luta, como senador, pela aprovação da lei do direito de resposta.
Apesar de filiado a um partido estragado como é o PMDB, consegue manter suas
posições nacionalistas. Hoje, seria meu candidato favorito a presidente.
Luíza Erundina é uma
nordestina à toda prova, foi prefeita de São Paulo por um PT na época promissor.
Rompeu com o partido, mantendo sua coerência política. Está no PSB, mas sonha
(e luta) por um partido que contemple ideais populares e de esquerda (ou
centro-esquerda). Daí que acaba de lançar o Raiz Movimento Cidadanista. Sua
lucidez, para mim, está em dizer, por exemplo, que a prioridade número um no
Brasil de hoje é a reforma dos meios de comunicação.
Claro que não são apenas
três, há muitos políticos dignos e abnegados e que são mais ainda merecedores
de admiração porque são obrigados a atuar num meio tão enlameado por uma
maioria de oportunistas e corruptos. Deve ser dificílimo lidar com tanta lama e
não se sujar. Para limitar minha lista de não corruptos, digamos que ela fica
restrita a políticos de nível supostamente presidencial.
Aí aproveito a deixa para
encaixar mais dois nomes de peso: Lula e Ciro Gomes. Ambos podem prestar mais
bons serviços à causa popular, democrática e de esquerda (ou centro-esquerda).
Pelo andar da carruagem, terei que votar num dos dois na próxima eleição
presidencial, pelo menos no segundo turno. Estou torcendo para que um apoie o
outro.
Menciono como uma
homenagem o velho baiano Waldir Pires, que já foi quase tudo na política
brasileira – faltou ser senador (contam que foi garfado nos tempos do cacique
ACM) e presidente da República, descumprindo uma profecia do grande Darcy
Ribeiro. Seriedade e dignidade comprovadas. Está em final de carreira devido à
idade.
Vão mais dois, ainda jovens,
que pelo que mostraram até agora provavelmente terão muito a aportar para maior
felicidade deste castigado povo brasileiro: o governador do Maranhão, Flávio
Dino, do PC do B, e o prefeito de SP, Fernando Haddad, do PT.
Acrescento mais um, para
efeito de reparação, pois ele já se foi. É o nosso Leonel Brizola, combatente
contra o imperialismo, comandante da Campanha da Legalidade em 1961. Seu
cabedal de lutas é imenso, mas a principal foi sem dúvidas a travada contra a
TV Globo, a pior das ruindades deste país. Tenho na cabeça o título dum artigo
que escreverei um dia desses: ‘Erramos: em 1989 o melhor candidato para a
esquerda era Brizola’.
Sei que devo estar
cometendo alguns erros por omissão, mas não tem jeito quando se quer citar
pessoas. Só mais um lembrete fundamental: sem a pressão popular – consciente,
massiva e organizada – não tem líder político que faça o que deve ser feito, e
isto vale para todos.
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