A nota canalha da Veja, o refém de Roberto Marinho e o primeiro tucano a acobertar a irmã de Mirian no Congresso, Arthur Virgílio |
Leandro Fortes: É preciso muito mais que
jornalistas servis e desonestos para esconder o escândalo do presidente que
calou a namorada
Por Leandro Fortes – reproduzido
do blog Viomundo – o que você não vê na mídia, de 20/02/2016
A mídia
ainda não achou um jeito de tirar Fernando Henrique Cardoso da enrascada em que
a jornalista Mirian Dutra o meteu.
A tese de
que a relação com a amante é uma questão de foro íntimo só faria sentido se:
1) O
presidente da República e, por extensão, o Brasil, não tivessem sido feitos
reféns da Rede Globo, por oito anos, sabe-se lá a que preço, para que essa
amante ficasse escondida na Europa;
2) O
presidente da República não tivesse se utilizado de uma empresa concessionária
— a Brasif — para enviar dinheiro para o exterior, por meio de uma offshore
aberta em paraíso fiscal, para o filho que ele imaginava ser dele — e, que,
agora se sabe, pode ser mesmo;
3) O
presidente da República não tivesse se mancomunado com um editor da
revista Veja para fraudar uma notícia com o objetivo de mentir
ao País sobre a gravidez de Mirian Dutra;
4) O
presidente da República não tivesse nomeado a irmã da amante, Margrit Dutra
Schmidt, para cargo público federal, no Ministério da Justiça e, mais tarde,
ter providenciado junto a um aliado, o senador José Serra (PSDB-SP), um
emprego-fantasma no Senado, onde ela está há 15 anos, recebendo salário, todo
mês, sem aparecer para dar expediente.
A nota da
Brasif, uma explicação seca e patética montada por advogados para dizer que
Mirian recebia dinheiro da empresa, mas que FHC nada tinha a ver com o caso, é
uma dessas coisas que só podem ser veiculadas seriamente no Brasil, dada a
indigência moral e profissional da nossa imprensa pátria.
Mirian
recebia 4 mil dólares por mês para pesquisar preços — o que, aliás, ela disse
que nunca fez.
Para
acreditar nessa versão mambembe é preciso ser cínico em nível patológico ou uma
besta quadrada completa, categorias em que se enquadram 99% dos batedores de
panela e manifestantes da CBF dos domingos de histeria e ódio da Avenida
Paulista — Margrit Dutra Schmidt entre eles.
Em um
muxoxo particularmente hilariante, FHC acusou o golpe: acha ser “uso político”
a Polícia Federal investigar essas transações de com toda pinta de evasão
fiscal feitas pela Brasif nas Ilhas Cayman, o paraíso dourado dos tucanos.
Então,
está combinado.
Quando a
investigação é sobre o barco de lata de dona Marisa Letícia ou sobre o número
de caixas de cerveja que Lula levou para um sítio em Atibaia, é combate à
corrupção.
Mas
investigar remessas de dinheiro, via paraíso fiscal, feitas por uma
concessionária do governo, a mando de um presidente da República, para manter
uma amante de bico fechado com o apoio da TV Globo e da Veja, é uso
político.
O
problema central é que, antigamente, bastava silenciar e manipular o
noticiário.
Hoje, com
as redes sociais, como bem sabe José Serra e sua bolinha de papel atômica, é
preciso muito mais do que jornalistas servis e desonestos para esconder um
escândalo desse tamanho.
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