(Foto: Reprodução) |
Jornalista e professor Laurindo
Lalo Leal Filho: “Cada vez mais, a sociedade brasileira necessita se organizar
diante da poderosa organização que já existe há muito tempo e que é coordenada
pela grande mídia nacional, contra os interesses nacionais e os interesses da
maioria da população”.
“Um órgão como o Fórum 21, com a
estrutura que está se criando aqui, tem que ser muito imbricado pelo Brasil,
porque é a única condição, o único caminho que temos para enfrentar esse
partido monstruoso: o Partido da Mídia Brasileira que é contra os interesses
nacionais”.
'ONG
FÓRUM 21: IDEIAS PARA O AVANÇO SOCIAL' É FUNDADA EM SÃO PAULO
O Fórum 21 é um espaço de debates empenhado na conformação de sínteses
programáticas que contribuam para a renovação do pensamento de esquerda no
Brasil.
Por Tatiana Carlotti – reproduzido do portal Carta Maior, de
18/01/2016 (o título principal acima é deste blog)
Em Assembleia Geral, na última sexta-feira (18.01), representantes do
Fórum 21 debateram e aprovaram o estatuto da organização não governamental
(ONG) “Fórum 21: ideias para o avanço social”. A entidade é a consolidação da
frente Fórum 21 que, desde o ano passado, vem articulando uma série de
encontros, manifestos e ações em defesa da democracia e contra a perda dos
direitos sociais ameaçados pelo avanço da direita e do ajuste fiscal do
governo.
Composto por intelectuais, professores universitários, jornalistas
progressistas, lideranças sociais, sindicalistas e militantes políticos, de
várias partes do Brasil, o Fórum 21 se constitui em um “espaço de convergência
e debates em rede, horizontal, empenhado na conformação de sínteses
programáticas que contribuam para a renovação do pensamento de esquerda no
Brasil”, como afirma em sua Carta de Princípios.
Na sexta-feira passada, na sede da Carta Maior, em São Paulo, após uma
rodada de discussão sobre a conjuntura econômica e política do país, foi
aprovado o estatuto da nova entidade e eleita a sua diretoria. Por unanimidade,
o cientista social Anivaldo Padilha foi eleito o presidente do Fórum 21.
“Vivemos um momento de absoluta necessidade de se aprofundar a reflexão
sobre diversos problemas e desafios da sociedade brasileira, principalmente, em
relação à preservação e ao avanço das conquistas democráticas no Brasil. O
Fórum 21 vem preencher um pouco essa lacuna, contribuindo para que possamos
avançar no discernimento dos grandes desafios que enfrentamos hoje; para que
possamos incentivar e encorajar a luta pelo aprofundamento do processo
democrático brasileiro”, afirmou Anivaldo Padilha.
“A quem serve o Banco
Central? ”
A crise econômica foi um dos temas debatidos durante o encontro que
contou com a presença dos professores Eduardo Fagnani (Plataforma Política
Social), Pedro Paulo Zahluth Bastos (Economia-Unicamp), Ladislau Dowbor
(PUC-SP) e outros economistas, membros do Fórum 21. Frente ao aumento da taxa
de juros Selic, programado para esta semana, pelo Copom, o Fórum 21 discutiu os
termos da nota “A quem serve o Banco Central?”, em repúdio à elevação da taxa
de juros no país. A nota foi divulgada nesta segunda-feira (leia aqui).
A importância da estruturação do Fórum foi destacada por Dowbor. “O
Fórum 21 vem atender à necessidade de uma melhor articulação para os que querem
retomar rumos mais democráticos do desenvolvimento econômico e social frente a
ofensiva da direita. A direita que reúne os grandes grupos econômicos, as
grandes potências financeiras, as articulações das embaixadas que se articulam
muito mais rapidamente e com gigantescos recursos”, avaliou.
Em contrapartida, explicou o economista, “os movimentos populares, os
sindicatos, o conjunto das forças progressistas, sobretudo, em um país imenso
como este têm muito mais dificuldade de se articular e conformar a sua
indignação em força política organizada. Então, toda a estruturação do Fórum
21, quanto sua vinculação com uma movimentação mais ampla que está se formando,
é vital para preservar a democracia e retomar as recentes conquistas do país”.
Desmonte da Petrobras
Outro tema debatido durante o encontro do Fórum 21 foi o desmonte da
Petrobras e os caminhos da Operação Lava Jato. O líder sindical Francisco
Soriano, do Sindpetro-RJ, um dos representantes da frente no Rio de Janeiro,
citou o desmonte artificial do Governo Dilma, apontando os desmandos da Lava
Jato e suas consequências no agravamento da crise econômica.
“É bem verdade que estamos enfrentando um problema de desemprego, mas a
crise intensiva de mão de obra está na construção civil. As grandes empresas
nacionais estão na Lava Jato e não têm mais o poder de competir e de fazer
propostas. Fica muito claro a que veio a Lava Jato”, afirmou.
Soriano chamou a atenção para o fato de não haver nenhum tesoureiro
preso, entre os 40 partidos brasileiros, além do tesoureiro do PT. “Isso é
seletivo. O Manifesto dos Juristas denunciou os desmandos cometidos [pela Lava
Jato] e se posicionou contra o impeachment. Há claramente uma intenção de
remover a presidente”, ponderou o líder sindical.
Em sua visão, não se trata de defender a presidenta, mas as instituições
democráticas do país: “de que adianta ter petróleo e ser uma Arábia Saudita?
Ter um faraó e o restante do país ser escravo? Eu vi aqui uma reunião de sábios
e patriotas dispostos a fazer alguma coisa. Nessas horas tem que fazer. Como
dizia o Carlos Marighella: ´A ação faz a vanguarda’.”
“Temos que reagir e vamos
reagir”
A necessidade de agir também foi destacada pela professora e socióloga
Maria Victória Benevides, membro do Fórum 21, que afirmou estar “contentíssima”
com a consolidação da ONG. “É isso o que nós precisamos, reunir forças, fazer
diagnósticos da realidade e agir. Esse grupo que reúne intelectuais,
militantes, trabalhadores de várias partes do país tem condições de desenvolver
um trabalho que enfrente esses problemas cruciais. ”
Segundo Maria Victoria, “o maior problema do país é, e sempre foi, a
desigualdade social. Em épocas de crise, com propostas pavorosas de ajuste
fiscal que levam ao desemprego, que levam à retomada de surtos de pobreza e de
miséria só fará aprofundar essa desigualdade. Temos que reagir e vamos reagir.
”
Já o ativista social José Luís Del Roio destacou a estreita ligação
entre o Fórum e os movimentos sociais: “o Fórum reúne um grupo de ativistas e
intelectuais que podem ter um papel muito importante nessa fase histórica,
porque raramente o intelectual tem a sorte que tem no Brasil, nesse momento: a
de estar ligado aos movimentos sociais e às grandes e amplas massas. ”
Partido da Mídia Brasileira
Outra pauta das discussões dos Fórum 21, na última sexta-feira, foi a
conjuntura internacional e, sobretudo, as mobilizações na Argentina em defesa
da Lei de Medios. Altamiro Borges, do Centro de Estudos de Mídia Alternativa
Barão de Itararé; e o jornalista Laurindo Lalo Leal Filho destacaram em suas
falas a politização dos meios de comunicação no Brasil.
Segundo Lalo Leal, “cada vez mais, a sociedade brasileira necessita se
organizar diante da poderosa organização que já existe há muito tempo e que é
coordenada pela grande mídia nacional, contra os interesses nacionais e os
interesses da maioria da população”.
Nesse sentido, o jornalista aponta que “um órgão como o Fórum 21, com a
estrutura que está se criando aqui, tem que ser muito imbricado pelo Brasil,
porque é a única condição, o único caminho que temos para enfrentar esse
partido monstruoso: o Partido da Mídia Brasileira que é contra os interesses
nacionais”.
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