Professor Ricardo Caffé e Jorge Oliver, do grupo Germinal (Fotos: Jadson Oliveira) |
Célio Maranhão, do Jubileu Sul Brasil, organizador do evento |
Em debate o “declínio e persistência”
do domínio das finanças e “a crise de exaustão do capital”.
Por Jadson Oliveira
(jornalista/blogueiro) – editor do Blog
Evidentemente – publicado em 21/12/2015
De Salvador-Ba - A financeirização
da economia e a crise do capitalismo foram mais uma vez objeto de discussão
entre militantes políticos e estudiosos do meio acadêmico da Bahia, um tema que
na maioria das vezes tem pouco destaque no noticiário do dia-a-dia dos
monopólios dos meios de comunicação, ocupados com a frenética disputa
institucional que gira em torno do impeachment (ou golpe) contra a presidenta
Dilma Rousseff e da cassação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha.
O
professor Ricardo Caffé, da Faculdade de Ciências Econômica da UFBa, falou
sobre economias dominadas pelas finanças, apontando especificidades do caso
brasileiro, com formas rentistas de acumulação de renda e riqueza baseadas “num
processo de forte endividamento (público, empresas e famílias), nos quais os
juros constituem a principal forma de renda financeira”. Discorreu sobre o que
chamou “declínio e persistência”, diante das crises recentes, deste domínio
exercido hoje pelas finanças. (Este blog já publicou um resumo da visão
apresentada por Caffé, link aqui).
Denilson Nazareth, engenheiro, do Germinal, um dos que mais participaram das discussões |
Ricardo Caffé e Jorge Oliver |
Debate no auditório da Livraria Paulus |
Outro
dos debatedores foi o bancário Jorge Oliver, do grupo Germinal, que abordou a crise do capitalismo
mundial, enfatizando o que denomina “a crise de exaustão do capital”, aspecto
também já destacado neste blog através da publicação de documento de sua
organização política (link aqui). Ele frisou a incapacidade de se instituir no
Brasil um novo ciclo de investimentos e, reforçando a análise dos entraves
causados pelo domínio do capital financeiro, destacou o debacle da produção
industrial no país.
Oliver
abordou também um fator dominante atualmente na conjuntura brasileira: o
açambarcamento da política do Estado pelas empresas transnacionais, situação que
ficou escancarada no episódio recente do rompimento de barragem da mineradora
Samarco em Mariana, Minas Gerais.
Lembrou,
por outro lado, os êxitos políticos obtidos pelos estudantes secundaristas de
São Paulo, que ocuparam centenas de escolas e obrigaram o governador Geraldo
Alckmin a recuar no seu projeto de “reorganização” do sistema educacional, o
que mostra que as bases da sociedade e dos movimentos populares não estão
adormecidas . A vitória dos estudantes é significativa ainda mais se lembrarmos
que se deu em meio à repressão policial e à atuação da mídia hegemônica
subserviente ao governador tucano.
Discutiu-se
um pouco também sobre a crise do movimento operário. O representante do
Germinal aproveitou para indicar a necessidade de organização dos trabalhadores
e movimentos populares, sem o que a disposição de luta e mobilização se perde
facilmente.
Esses e
outros temas afins foram debatidos entre duas dezenas de ativistas e acadêmicos
que se reuniram no último dia 12, no auditório da Livraria Paulus (junto da
Praça da Piedade, centro de Salvador, local da antiga Livraria LDM). O número
de pessoas foi pequeno, mas o debate foi bem animador, como avaliou Célio
Maranhão, do Jubileu Sul Brasil, conhecido militante das esquerdas baianas que
organizou o encontro, juntamente com os companheiros do Germinal.
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