(Foto: Carta Maior) |
Por Tatiana Carlotti, no portal Carta Maior, de 30/12/2015
Em tempos de midiatização da vida pública e de domínio dos meios de comunicação, não apenas o conteúdo divulgado, mas, sobretudo, o modo de apresentação das notícias desempenha um papel crucial na formação da opinião do leitor. Neste 2015, ano em que a onda conservadora subiu a crista e ameaçou direitos e conquistas sociais, obtidas a duras penas, é imperativa uma análise da narrativa disseminada no país pelo oligopólio midiático.
Uma breve passagem pelas capas dos principais jornais brasileiros, ao longo deste ano, traz a imagem de um país em frangalhos, (des)governado pelo partido mais corrupto da história e sitiado por sindicatos, movimentos sociais e populares encrenqueiros - mesmo que entre os “encrenqueiros” estejam professores em luta por melhores salários ou adolescentes defendendo seu direito à escola.
Na contramão de outros países democráticos, no Brasil, as empresas de comunicação atuam sem qualquer regulamentação. Não é à toa que, cinquenta anos após a ditadura militar, tenhamos visto o ressuscitar da Marcha da Família e outras excrescências semelhantes. Afinal, a pauta do ano reverberou o tudo ou nada para a manutenção do terceiro turno eleitoral – forjado e sustentando pela mídia em conluio com a oposição partidária.
Em defesa de seus interesses, as empresas de comunicação do país talharam a turbulência política, criando mocinhos e bandidos de ocasião, sem qualquer profundidade analítica quanto aos reais entraves que emperram as instituições políticas e de representação no país. Seguindo a cartilha dos “dois pesos, duas medidas” – aos afins, a complacência; aos demais, o ataque – utilizaram manchetes tendenciosas, editorializaram reportagens e minimizaram o contraditório, suportado, aqui e ali, em nome de um mínimo de credibilidade.
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