Sílvio Humberto, citando Ki-Zerbo: "Se nos deitamos, estaremos mortos" (Fotos: Jadson Oliveira) |
O vereador do PSB alertou
para os riscos de perdermos a juventude hoje assediada por setores políticos
conservadores e refletiu sobre como “envolver a juventude e encantar os jovens”.
Por Jadson Oliveira
(jornalista/blogueiro) – editor do Blog Evidentemente – publicado em 18/11/2015
De
Salvador-Bahia – Uma visão fincada na militância pós-ditadura, em
especial no movimento negro, distinguiu a intervenção de Sílvio Humberto,
vereador da capital baiana pelo PSB, das demais durante o que chamamos DEBATE
DA CONJUNTURA, no último dia 11, no Sindae (Barris), conforme noticiamos aqui no
Evidentemente, matéria cujo mote foi ‘O PT na berlinda’.
Sílvio não se referiu a experiências
político-partidárias dos anos 60 e 70, mesmo porque é de geração mais recente,
nem entrou explicitamente no tema predominante do encontro: a reconstrução do
movimento popular e de esquerda no Brasil será feita “com, sem ou contra o PT?”
Ele introduziu uma reflexão diferente, bem
condizente com a nova conjuntura do país desde que as jornadas de mobilização de
junho de 2013 lançaram na arena política o protagonismo das forças de direita,
inclusive nas ruas e no movimento popular, uma área de atuação que as esquerdas
consideravam “sua”.
Os debatedores Pery Falcón, Jorge Almeida (Macarrão), Sílvio Humberto e Celi Taffarel, tendo ao centro José Donizette (Goiano), que dirigiu os trabalhos |
Os participantes no auditório do Sindae |
Assim é que o representante do PSB chamou a atenção
para a convivência no seu dia-a-dia com ativistas do prefeito ACM Neto e de seu
partido, o DEM, disputando os espaços políticos das comunidades de bairros
populares, disputando a juventude LGBT, disputando o movimento dos servidores,
dos professores, etc.
É um cenário distinto após esses 13 anos de política
de inclusão dos governos Lula e Dilma, quando “aeroporto virou rodoviária”,
novos interlocutores entraram em cena e “parte do nosso discurso foi tomada
pela direita”, conforme analisou.
Então, alertou para os riscos de perdermos a
juventude hoje assediada por setores políticos conservadores; refletiu sobre
como “envolver a juventude e encantar os jovens”, opinando que “a saída não
está na forma clássica de fazer política”. Neste ponto, lembrou a bela e
massiva “marcha do empoderamento crespo”, realizada em Salvador no último dia
7, inserida nas comemorações do mês da Consciência Negra (marcha coberta pelo
blog – link aqui).
Quer dizer: é uma nova realidade nacional que se
reflete também aqui em Salvador, mas que não é sentida – pelo menos no mesmo
grau – por ativistas e acadêmicos mais afeitos às referências sobre a luta
contra a ditadura e os ensinamentos de pensadores marxistas-leninistas. Como
para marcar tal distanciamento, Sílvio Humberto começou e terminou sua breve
exposição com uma frase dum pensador africano, o historiador Joseph Ki-Zerbo: “Se
nos deitamos, estaremos mortos”.
Terceiro
debate será 9 de dezembro
Este foi o segundo encontro do que denominamos aqui
no blog de ANÁLISE DE CONJUNTURA: ENTENDER A REALIDADE PARA TRANSFORMÁ-LA (o
primeiro foi no dia 22/outubro, no Sindpec, também nos Barris). O terceiro – novamente
no Sindae, junto da Biblioteca Central dos Barris - já está marcado para 9 de
dezembro (uma quarta-feira, depois duma terça feriado na Bahia). Logo que sejam
definidos os novos debatedores serão aqui anunciados.
O evento, que parece estar tendo uma boa acolhida
entre a militância e intelectuais baianos vinculados às diversas correntes de esquerda,
é coordenado por José Donizette, o Goiano (do Projeto Velame Vivo – PVV,
movimento cultural da Chapada Diamantina, interior da Bahia), e pelo professor
e advogado Carlos Freitas (da Comissão da Verdade da Faculdade de Direito da
UFBa). Participam ainda da promoção o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) e
este Evidentemente – www.blogdejadson.blogspot.com
.
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