SEGUNDO DEBATE DA CONJUNTURA REUNIU 60 PESSOAS: O PT NA BERLINDA

Pery Falcón, Jorge Almeida, Goiano (José Donizette), Sílvio Humberto e Celi Taffarel (Fotos: Jadson Oliveira)
Uma questão perpassou falas, corações e mentes: a reconstrução do movimento popular e de esquerda será feita “com, sem ou contra o PT?”
Por Jadson Oliveira (jornalista/blogueiro) – editor do Blog Evidentemente – publicado em 12/11/2015
Como no primeiro encontro, no dia 22/outubro, o de ontem reuniu em torno de 60 pessoas (no pico), mas desta vez houve mais participação dos que se colocaram na plateia e o tema que mais rolou foi o desgaste – a palavra “degeneração” foi repetida algumas vezes – do nosso balzaquiano Partido dos Trabalhadores (pouco mais de 30 anos).
Diante da ofensiva atual da direita, tanto nos espaços das manifestações de rua, como – e sobretudo - nos espaços institucionais, a reconstrução do movimento popular e de esquerda tem que ser feita, de alguma forma, como já se vem buscando em diversos níveis: isso me parece que foi uma visão explicitada de forma mais ou menos unânime.
Mas a grande interrogação feita e repetida, às vezes apaixonadamente – e às vezes respondida também apaixonadamente – foi: tal reconstrução será feita “com, sem ou contra o PT”? Esta questão, nos variados enfoques e tons, foi verbalizada por alguns e certamente tocou os corações e mentes dos muitos ex-petistas (e também petistas) presentes.
Pery Falcón
Jorge Almeida
Sílvio Humberto
Celi Taffarel
Goiano (José Donizette) dirigiu a mesa
Coió (Clóvis Caribé), companheiro militante desde os tempos da ditadura – eu o conheci na década de 70 distribuindo nosso combativo jornal Movimento -, que de muito tempo e ainda hoje integra os quadros do PT, acendeu a discussão quando protestou por ver nos dias atuais – inclusive, claro, durante nosso debate -  seu partido travestido de “Geni”, a célebre personagem popularizada pelo talento de Chico Buarque.
Mas, que fique bem claro, tudo isto e muito mais num clima de camaradagem e companheirismo, como bem observou a professora Celi Taffarel, também militante petista: “Estamos entre camaradas”.
Um outro olhar
Quem entrou por uma seara nova, ao menos pelo olhar de “velhos comunistas” – onde se inclui este que escreve – foi nosso vereador Sílvio Humberto (PSB – Salvador), duma geração mais recente de ativistas políticos e sociais. Falou fincado na sua experiência do movimento negro e não baseado em referências partidárias. E também, como vereador, do enfrentamento com as forças de direita (representadas pelo DEM e o prefeito ACM Neto), que aprenderam a se inserir no movimento popular, uma área que antes era “nossa”.
Deixo aqui esta rápida “pincelada” do nosso debate de ontem, no auditório do Sindae (Barris), uma espécie de apresentação – numa visão informal e “leve” -, inclusive vou postar com muitas fotos, tentando mostrar a cara de todo mundo que esteve por lá.
Em matérias a serem publicadas em seguida, buscarei desenvolver  o conteúdo abordado e discutido por cada um dos quatro debatedores: Celi Taffarel, o professor Jorge Almeida (Macarrão),  do PSOL, Sílvio Humberto e Pery Falcón, diretor do Centro de Estudos Victor Meyer.
No mais, informo que a nossa ANÁLISE DE CONJUNTURA: ENTENDER A REALIDADE PARA TRANSFORMÁ-LA irá ao terceiro ato, no próximo 9 de dezembro, conforme anunciou Goiano (José Donizette), que dirigiu a mesa e é um dos organizadores do evento, junto com o professor Carlos Freitas e este jornalista/blogueiro que vos fala.

E agradecemos à direção do Sindae por nos ceder seu belo auditório, com a infraestrutura necessária, materializada através do meu velho colega e amigo Sinval Soares, assessor de comunicação do sindicato, com o apoio valioso do Chico (Francisco Assis). Esperamos continuar contando com a ajuda do Sindae para o êxito do próximo debate.
Mais fotos: 
Sinval Soares
Chico (Francisco Assis)
Ronaldo Nascimento
Edson Freitas
Sérgio Guerra
Célio Maranhão
Carlos Pronzato
Coió (Clóvis Caribé)
Luis Antônio
Oscar Rojas
Nelson Araújo Filho
Carlos Oliveira
Jorge Vasconcelos

Comentários

O debate é importante. Quantos companheiros das lutas dos anos 80 estão na matéria do companheiro Jadson. abcs Rui Baiano Santana
Jadson disse…
Rui, essa presença duma maioria de antigos companheiros da década de 80 (também da de 70) indica um detalhe desanimador: a ausência da juventude. Creio que tem a ver com a predominância dos temas dos nossos debates. Compare, por exemplo, com a maciça presença de jovens na marcha do 'empoderamento crespo' (postada aqui em 8/11). Nosso 'debate da conjuntura ' não atrai jovens, isto é ruim. Grande abraço, Jadson
Jadson disse…
Recebi e-mail do velho companheiro José Crisóstomo (professor de Filosofia da UFBa), opinando sobre o debate político que rola neste meu blog. Transcrevo a seguir:

"Jadson, seu blog está ótimo. Contribui muito pro que mais está faltando e que começa a rolar: um debate político, crítico, positivo, democrático, autocrítico também, que abra vias pra sair do ‘negativo’ em que caímos, pro positivo, pro passo adiante que desejamos.

Gostei particularmente do texto de Gladstone (Gladstone Leonel Júnior: O governo do PT e o seu legado/pecado capital, postado aqui em 11/11), o que não significa necessariamente concordar. Pelo menos não se limita a repetir chavões. Observo apenas que não dá pra lamentar o rumo que as aspirações de classes da base da sociedade, em ascensão, tomam.

Nós aprendemos a partir delas como ‘forças sociais materiais’, né? Elas então agora pertencem, pelas aspirações que desenvolveram, por suas aspirações de melhoria, sucesso, individualistas ou não, aos pentecostais e à direita conservadora, golpista? Por que não podemos nos abrir a essas aspirações ‘dos mais numerosos’ só porque passaram a ser menos ‘coitadinhos’? Nosso ‘credo’ não é esse, né? Por que perdemos o ‘centro sul’? Nossa base ‘natural’ é a parte mais ‘atrasada’ e ‘dependente’ do país?"