(Ilustração: sítio web do autor) |
Teria
havido um dia, um único dia em que a mídia, quase que em sua totalidade, não
vergastasse visceralmente o governo Dilma?
Por Rogério Cerqueira Leite – reproduzido do seu sítio web – Cultura & Sociedade
Joseph Goebbels foi o mais enigmático e
controvertido dos personagens da história do Terceiro Reich. De convicções
iniciais ideológicas liberais, para não dizer esquerdistas, acaba por abandonar
a tendência progressista anticapitalista de Gregor Strasser, do Partido
Socialista dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazista), para aderir à ala
conservadora, ou melhor fascista, de Adolf Hitler. Este é um fenômeno recorrente
no universo político. Basta lembrar quantos dos mais arrogantes e exaltados
extremistas membros de partidos da direita brasileira, embora, alguns por vezes
camuflados de social-democratas, PSDB, PPS, DEM e Solidariedade, são oriundos
da esquerda e, com frequência, do Partido Comunista.
Consistentemente com essa metamorfose
esquerda-direita, passou Goebbels de uma posição tolerante em relação aos
judeus, tendo inclusive sido noivo de uma jovem parte judia, para a condição de
um dos principais responsáveis pelo holocausto. Pois este possivelmente não
teria acontecido não fosse pela eficiente e incessante propaganda oficial
antissemita administrada por Goebbels, que soube aproveitar para tal fim o
ressentimento do povo alemão inconformado com a derrota da primeira grande
guerra e com as condições do Tratado de Versalhes. Conseguiu assim Goebbels
convencer a população alemã de que foram os judeus alemães os responsáveis pela
debacle da Alemanha, mesmo sem nunca ter explicado como teriam eles, os
semitas, usado suas armas para derrotar a poderosa nação.
Embora talvez não tenha sido Goebbels que tenha
criado o ditado: “Repita-se uma mentira mil vezes e ela se torna verdade”,
certamente foi ele quem melhor a usou. Aliás, não é isto que estamos vendo
acontecer hoje no Brasil? Teria havido um dia, um único dia em que a mídia,
quase que em sua totalidade, não vergastasse visceralmente o governo Dilma?
Teria o povo recorrido a panelaços e passeatas? Teria a fúria dos inocentes,
dos apoucados se manifestado com tal virulência não fosse a contínua,
incessante propaganda, e o necessário substrato de ressentimento gerado pela
derrota da burguesia e de seu partido, o PSDB, nas urnas?
Goebbels foi alçado por Hitler ao cargo de
“Ministro Plenipotenciário” e encarregado da “Guerra Total”, princípio que
aniquilou com a própria Alemanha e que foi, em última análise, responsável pelo
Holocausto. A guerra total conduzida pela direita ao governo do PT está
conduzindo o país à bancarrota. Para convencer a população de que Lula e Dilma
são demoníacos é preciso eliminar qualquer expectativa de progresso e abafar
qualquer vestígio de esperança, sem os quais não há melhoria social e
econômica.
Goebbels foi o último dos asseclas de Hitler a
abandoná-lo, suicidando-se juntamente com sua esposa no bunker de
Hitler, poucas horas antes do final. Eis a que leva a propaganda da “guerra
total”. Ao holocausto e ao suicídio.
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