Como 350 anos de exploração econômica e social na Chapada Diamantina culminaram em uns dos maiores incêndios florestais da sua história
Por Rodrigo Santanna*, de Lençóis (BA), especial para os Jornalistas Livres; Com fotos de Açony Santos
“Fogo sempre pegou só que antes chovia, né?”
Foi justamente essa frase, dita por um ex garimpeiro da cidade de Lençóis, que deu início a esse documento. O hoje pedreiro Milton surpreendeu-me enquanto conversávamos pelo sentimento de cansaço estampado em seu rosto, quando me contava dos idos tempos, quando tudo ali era água e as queimadas, quando ocorriam, eram sem demora controladas pelas certas chuvas de estação.
Entre outras barbaridades, confirmou-me também um fato já conhecido, que apenas algumas famílias eram e ainda continuam sendo donas de enormes porções de terras griladas na região. Terras essas que eram totalmente queimadas para a criação de gado e para permitir a expansão da agroindústria. O fogo é um problema antigo na Chapada Diamantina, seu uso como agente limpador dos terrenos é cultural e ainda hoje sua prática causa enormes danos a fauna e flora da região.
Um incêndio de enormes proporções já consumiu cerca de 15 mil hectares do parque nacional (o equivalente a 15 mil campos de futebol), é difícil apontar causas, mas é fácil achar falhas grotescas no que diz respeito à prevenção do fogo e manutenção de uma equipe coesa e preparada para os eventuais incêndios que irão certamente ocorrer.
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