Agora vai ser difícil rir (Foto: DCM) |
“É uma demonstração incontestável
de que a lengalenga anticorrupção do PSDB é a continuação da mesma estratégia
golpistas que matou Getúlio e derrubou Jango. É a velha UDN de Lacerda
ressuscitada nos tucanos”.
“O episódio deixa também exposta
a imprensa. O que ela fez para investigar Cunha nestes anos todos, e sobretudo
nos últimos meses quando ele acumulou um poder extraordinário no Congresso
graças a seu gangsterismo? Nada. Nada. Mais uma vez: nada”.
Por Paulo Nogueira, no blog DCM – Diário do Centro do Mundo, de 10/10/2015 (o título principal acima
é deste blog)
A derrota de Cunha é a
derrota de Moro, da Lava Jato e da mídia
O grande
azar de Cunha foi ter ficado ao alcance de quem não está sob seu domínio nem de
seus amigos e aliados: a Suíça.
Foi o
mesmo azar de Marin.
No
Brasil, Cunha permaneceria impune como sempre aconteceu nestes anos todos de
uma carreira obscura e cheia de acusações de delinquência.
Nem Moro
e nem a Polícia Federal têm alguma ação sobre tipos como Cunha.
Isso
mostra a face real do combate à corrupção que se trava no Brasil da Lava Jato.
Quem
acredita nos propósitos redentores dessa cruzada demagógica acredita em tudo.
O alvo é
um, e ele não inclui figuras como Cunha ou Marin.
Isso
significa que, passado o circo da Lava Jato, nada de efetivo terá mudado – a
não ser que se alterem profundamente a estrutura de fiscalização a roubalheiras
no Brasil de forma que fiquem desprotegidos os plutocratas e amigos seus como
Cunha.
O
episódio deixa também exposta a imprensa.
O que ela
fez para investigar Cunha nestes anos todos, e sobretudo nos últimos meses
quando ele acumulou um poder extraordinário no Congresso graças a seu
gangsterismo?
Nada.
Nada. Mais uma vez: nada.
Não por
inépcia, ou não por inépcia apenas. Mas por má fé, por desonestidade.
Cunha era
aliado, porque significava um ataque permanente ao governo Dilma.
E aos
aliados a imprensa não cobra nada. Veja como Aécio tem sido tratado. Como ele
escapou de ser sequer citado como amigo de Perrela no caso (abafado por jornais
e revistas) do helicóptero de meia tonelada de pasta de cocaína.
A derrota
de Cunha frente às autoridades suíças é, também, a derrota de Moro, da Lava
Jato e da imprensa, não necessariamente nesta ordem.
Tanto
estardalhaço nas prisões dos suspeitos de sempre, e tanta permissividade em
relação a tipos como Eduardo Cunha.
É preciso
destacar também o papel patético, nesta história criminosa, do PSDB.
Já eram
cabais as evidências contra Cunha e seus líderes, num universo paralelo, diziam
que era preciso dar a ele o benefício da dúvida.
Este benefício jamais foi dado
a ninguém fora do círculo de interesses do PSDB.
É uma
demonstração incontestável de que a lengalenga anticorrupção do PSDB é a
continuação da mesma estratégia golpistas que matou Getúlio e derrubou Jango.
É a velha
UDN de Lacerda ressuscitada nos tucanos.
Na
condição de morto vivo, ou morto morto, Eduardo Cunha cala sobre o que deveria
ser dito – a questão das contas – e tagarela sobre o que é ridículo dizer.
Ele está
se fazendo de vítima. Diz que está sendo perseguido pelo governo e pelo PT.
Não foi
ele que roubou, não foi ele que barbarizou, não foi ele que criou contas
secretas expostas pelas autoridades suíças: é o PT que está perseguindo.
A isso se dá o nome de doença.
É preciso
louvar, por último, o papel de Janot.
Fosse nos
tempos de FHC com seu engavetador geral, sabemos onde ia dar o dossiê dos
suíços.
Na
gaveta.
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