(Foto: Internet) |
O escritor cubano conta como a Revolução contribuiu
para superar a discriminação racial no país ao dar acesso para negros à
universidade. Ele defende o caráter humanitário da presença de seus
conterrâneos no programa Mais Médicos e afirma que a relação entre Brasil e
Cuba é social e economicamente vantajosa para ambos.
Por Leonardo Fuhrmann – no Portal Fórum, de 04/10/2015
O gosto de Leonardo Padura pela
heresia – não só no pensamento religioso – está presente para além do
título do livro que veio lançar no Brasil, Hereges. Para
refletir sobre a Cuba de hoje, ele recorre ao passado de seu país e a
personagens que enfrentaram o pensamento vigente. Ateu convicto, o escritor
retrata na obra os judeus e a questão do livre arbítrio na relação
deles com Deus.
Pessoalmente, mesmo sem ter fé religiosa, Padura trata com otimismo os
resultados da visita do Papa Francisco a Cuba. Defensor do reestabelecimento de
relações normais da nação com os Estados Unidos, ele deixa claro que não
acredita que o sistema capitalista seja capaz de resolver os problemas de
sociedade alguma.
Apesar de falar sobre as
conquistas do regime cubano e as mazelas do antigo sistema, não esconde também
os fracassos do governo revolucionário, como a falta de competitividade
econômica ou de ética de algumas pessoas ligadas ao regime. Sobre o futuro de
Cuba após o governo de Raúl Castro, responde com sinceridade e em espanhol
claro: “no tengo la más puta idea”.
Fórum – Qual o atrativo de escrever
romances históricos?
Padura - Existe,
de fato, uma tendência hoje a escrever romances históricos. Há um percentual
grande de autores que são levados por argumentos que lhe parecem interessantes.
A escolha se baseia em um acontecimento em si. Há cerca de dez anos, o gênero
foi impulsionado pelo grande êxito de O código da Vinci,
do Dan Brown. Eu me recordo de ter passado por uma livraria, em uma cidade da
Espanha, e todos os livros que estavam na prateleira principal tinham a ver com
Jesus Cristo, Maria, Santo Graal e templários.
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