Caracas - A ponto de fechar o ano de
2015, repleto de agressões contra a Venezuela, a direita e seus assessores em
Washington agora tiram uma nova carta da manga: aguçar o diferendo
territorial com a Guiana, com a cumplicidade das principais autoridades de
Georgetown.
A
intenção da transnacional Exxon Mobil de explorar fontes de hidrocarbonetos
na região de Esequiba, uma área em disputa histórica, é agora reforçada pela
mais recente campanha difamatória sobre a política exterior de Caracas,
segundo denúncias da diplomacia.
Nesse sentido, a chanceler Delcy Rodríguez explicou que os novos ataques
encontram como seu principal porta-voz o próprio presidente guianês, David
Granger.
A diplomata acusou esse chefe de Estado de mentir perante a comunidade
internacional ao apresentar um livro nas Nações Unidas que acusa Caracas de
fomentar planos intervencionistas.
Rodríguez mostrou aos jornalistas esse documento e sua capa, assinados pelo
próprio Granger, que mostram um navio-patrulha venezuelano supostamente preso
em Georgetown por pretender despertar conflitos armados.
Na realidade, disse, trata-se de um navio-patrulha que chegou à costa de
Santa Cruz de Tenerife (Ilhas Canárias) em 22 de dezembro de 2011, com
destino a Cádiz onde receberia manutenção.
A chefa da diplomacia venezuelana fez um chamado a Granger a não mentir ao
secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon, e respeitar a Venezuela, além de pedir
ao mandatário, com tom de ironia, que não confundisse a capital de seu
próprio país.
Depois de qualificar o fato como grave, Rodríguez adiantou que por instruções
do presidente da República, Nicolás Maduro, informarão por todas as vias
necessárias a comunidade internacional sobre esta difamação, que conta com o
apoio dos Estados Unidos.
Sobre outro comentário de Granger, no qual afirmou que a Venezuela tem
colaborado pouco com o desenvolvimento da Guiana, Rodríguez lembrou que como
parte da aliança Petrocaribe e de maneira bilateral, a Venezuela tem sido um
dos países que mais ajudou esse povo irmão, com investimentos superiores a
1,2 trilhão de dólares.
Também explicou que em Georgetown funciona um centro de reabilitação social
que leva o nome do presidente Hugo Chávez, falecido em 2013.
Sobre o diferendo territorial com a Guiana, as autoridades venezuelanas
reiteraram sua disposição de levar a cabo conversas respeitosas sobre as
bases do Acordo de Genebra de 1966.
Por outra parte, o ministério de Relações Exteriores e o próprio presidente
da República, Nicolás Maduro, repudiaram as recentes declarações do
secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, que, como parte dessas
manobras, falou abertamente contra a democracia venezuelana, a menos de 60
dias de eleições parlamentares.
Explicaram que está longe de ser competência de Kerry opinar sobre o sistema
venezuelano, que conta com apoio popular.
Do mesmo modo, condenam outro fato: as palavras com tom injerencista do
embaixador estadunidense na Guiana, Perry Holloway, para influenciar o
diferendo entre Caracas e Georgetown.
Para a diplomacia venezuelana, ao interferir em um assunto que não lhe
compete, nem política nem juridicamente, a Casa Branca pretende danificar as
relações e a unidade latino-americana e caribenha.
A Guiana Esequiba, com uma extensão de 159.542 quilômetros, pertence à
Venezuela desde 1777, com a criação da Capitania Geral.
Em 1811, todas as áreas que pertenciam à Capitania foram incluídas em sua
primeira Constituição. Apesar dessas evidências históricas, este território
pretendeu ser despojado pelo império britânico há dois séculos, o que gerou a
controvérsia mantida hoje com a Guiana.
Para resolver o diferendo, em 1966, o Reino Unido aceitou iniciar conversas
com a Venezuela e conseguiram, no dia 17 de fevereiro desse ano, assinar o
Acordo de Genebra, na Suíça.
Este acordo foi reconhecido pela Guiana depois de sua independência, em 26 de
maio daquele ano.
A controvérsia entre ambas as nações sul-americanas chegou a um ponto
complexo depois de Granger assumir a Presidência da Guiana, em maio passado,
e devido às provocações da direita internacional, que utiliza a disputa
territorial como desculpa para se apoderar do petróleo venezuelano.
Próximo à 20a eleição nos últimos 16 anos de Revolução, para outras
autoridades como Jorge Rodríguez, chefe de campanha do Partido Socialista
Unido de Venezuela (PSUV), o tema de Guiana está inscrito nos planos
promovidos por setores opositores para desacreditar o governo de Maduro, ao
mesmo tempo em que geram instabilidade e violência no país.
O servidor público (Jorge Rodríguez), que entregou ao Conselho Nacional
Eleitoral um documento que exige respeito aos resultados da consulta de 6 de
dezembro por todas as organizações políticas, opinou que a estratégia da
direita nacional e internacional é atentar contra o desenvolvimento pacífico
desse processo decisivo.
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