Requião critica o modelo de comunicação exercido no âmbito do governo federal (Foto: Correio do Brasil) |
"A crise da velha mídia não é de hoje. Há tempo que ela vem minguando, encolhendo. Agora, com a crise econômica nacional e mundial, os calos ficam ainda mais apertados. No entanto, que não haja ilusões, que não se comemore antes do tempo: a influência nefasta, deletéria da velha mídia continua forte. E essa influência precisa ser combatida", alerta Roberto Requião, senador pelo PMDB-Paraná.
Entrevista a Gilberto de Souza - reproduzida do jornal digital Correio do Brasil, de 15/09/2015 (o título acima é deste blog)
– Como o Sr. interpreta a recente onda de demissões nas empresas que integram a mídia conservadora no país (Organizações Globo, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo etc)?
– A crise da velha mídia não é de hoje. Há tempo que ela vem minguando, encolhendo. Agora, com a crise econômica nacional e mundial, os calos ficam ainda mais apertados. No entanto, que não haja ilusões, que não se comemore antes do tempo: a influência nefasta, deletéria da velha mídia continua forte. E essa influência precisa ser combatida. O remédio imediato que temos à mão é o meu projeto de Direito de Resposta, aprovado por unanimidade no Senado e que dorme na Câmara, embora sob regime de votação urgente. Garantir já o direito ao contraditório, obrigando a mídia abrir espaços para restabelecer a verdade dos fatos, é um passo gigantesco para quebrar o monopólio da informação.
– As mesmas empresas que demitiram centenas de jornalistas, até agora, são as mesmas que receberam, ao longo das últimas décadas, bilhões de reais em verbas públicas…
– Isso não é de hoje. A chantagem que a grande mídia exerce sobre o poder público é algo entranhado à vida nacional. É a troca do verbo pela verba. Imaginava que os governos do PT pudessem mudar isso, fortalecendo os meios públicos de comunicação. Quando cobrei isso, ainda no primeiro ano do governo Lula, determinado ministro, poderosíssimo, disse-me: ‘Governador (eu era governador do Paraná, então), já temos a nossa televisão, é a Globo’. Pois é…
– De que forma o Sr. analisa a estratégia de Comunicação do governo Dilma?
– Que comunicação? Há uma comunicação? Existe alguma estratégia (ou tática) de comunicação no Governo Federal? Comunicar o quê? O arrocho Levy? Os anunciados cortes em programas sociais? Aliás, queria deixar aqui uma pergunta (a Dilma): é verdade que a presidenta, até hoje, não deu nenhuma entrevista exclusiva aos veículos da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC)?
– O Sr. vê alguma solução prática para a democratização da mídia, no Brasil?
– A aprovação do Direito de Resposta, quebrando a versão única da mídia conservadora, seria um passo gigantesco.
– Por último, e já agradecendo pela entrevista: o Sr. é contra ou a favor a descriminalização das drogas?
– A liberação não diminuiu o consumo, onde adotada. E como a descriminalização é sobretudo da maconha, também não diminuiu o tráfico. Portanto. Tata-se de uma panaceia e não tem sentido.
Gilberto de Souza é jornalista, editor-chefe do diário Correio do Brasil.
Esta é uma segunda parte da entrevista. Quem quiser ler a parte inicial clique aí no título:
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