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A alternativa é apostar nas emissoras (de TV) públicas
dando a elas condições de se tornarem efetivamente alternativas ao modelo
comercial.
É inconcebível que governos populares sejam
obrigados a se dirigir à sociedade através de veículos (de comunicação) particulares
controlados por grupos que lhes são politicamente antagônicos.
Por Laurindo Lalo Leal Filho - reproduzido do
jornal online Brasil Popular
(recentemente criado em Brasília), de 09/09/2015
Além da qualidade
da imagem e de uma possível interatividade, outra vantagem da TV digital, que
está chegando ao Brasil, é a multiplicação de canais. Na frequência em que,
pelo sistema atual analógico, trafega uma programação, no digital podem ser
vistos quatro ou até oito programas diferentes.
E mais, o
número de canais abertos que no analógico chega no máximo a três dezenas, no
digital passará de cem. Todos abertos, sem nenhum custo extra ao telespectador.
Essa nova
televisão vai ser implantada no país com o desligamento gradativo do sistema
analógico, o que começa a acontecer, em forma de teste, no próximo dia 29 de
novembro na cidade de Rio Verde, em Goiás.
No ano
que vem inicia-se o desligamento nos grandes centros urbanos: Distrito Federal,
3 de abril; São Paulo, 15 de maio; Belo Horizonte, 26 de junho; Goiânia, 28 de
agosto e Rio de Janeiro, 27 de novembro. A expectativa é de que até 31 de
dezembro de 2018 a TV analógica tenha sido substituída pela digital em todo o
país.
Cabe
agora perguntar: que novidades trarão esses canais? Veremos programas
inteligentes, inovadores capazes de elevar os níveis de percepção do mundo por
parte dos telespectadores ou teremos mais do mesmo, ou seja, a indigência atual
mostrada pelas emissoras comerciais?
Com
relação às comerciais as perspectivas não são das melhores. Nada indica
qualquer mudança por iniciativa própria e a tendência é a manutenção dessa
política de nivelar por baixo o nível de suas programações e de, ao mesmo
tempo, colocar no ar noticiários sempre alheios aos interesses mais gerais da
sociedade. Sem uma legislação moderna que regulamente esse tipo de serviço é
ilusório esperar qualquer mudança no quadro atual.
A
alternativa é apostar nas emissoras públicas dando a elas condições de se
tornarem efetivamente alternativas ao modelo comercial. Nesse sentido um passo
importante foi o acordo firmando no último dia 1º de setembro entre o
Secretário de Comunicação da Presidência da República, os ministros da
Educação, Saúde, Cultura, Comunicações e o presidente da Empresa Brasil de
Comunicação (EBC) para implementar os quatro canais já previstos no decreto que
criou a TV Digital (Canal do Executivo, da Cidadania, da Educação e da Cultura)
e ainda a migração para a TV aberta da TV Escola e do Canal Saúde.
Hoje o
Executivo já tem o seu canal, a NBR, que é acessível apenas em sinal fechado ou
através das antenas parabólicas. Se tiver sua programação remodelada, como quer
o ministro Edinho Silva, da Comunicação Social, o canal poderá tornar-se uma
alternativa importante à carga noticiosa contrária ao governo imposta
diariamente pela mídia comercial.
No
momento atual, o canal do Executivo é imprescindível para garantir a liberdade
de expressão no país, na medida em que possa fazer circular informações
sonegadas pelos grupos privados. É inconcebível que governos populares sejam
obrigados a se dirigir à sociedade através de veículos particulares controlados
por grupos que lhes são politicamente antagônicos. Ao canal do Executivo cabe
preencher essa lacuna informativa hoje existente.
O fato da
TV Escola e do Canal Saúde serem hoje restritos a quem tem TV por assinatura ou
uma antena parabólica a eles direcionada revela a quebra de um princípio básico
da comunicação pública que é o de ser acessível a toda a população. Com a ida
desses canais para o sinal digital aberto essa deficiência será corrigida.
Poderemos
ter em breve em todos os domicílios brasileiros produções de alta qualidade,
como as que são produzidas por esses canais. No caso da educação, a TV Escola
tem tudo para ser o nosso Canal Encuentro, gerido pelo Ministério da Educação
da Argentina e transmitido com grande sucesso em sinal aberto naquele país.
São
passos importantes para a consolidação de um sistema nacional de televisão
pública que tanta falta nos faz. No entanto outros passos, ainda mais
arrojados, precisam ser dados. Um deles é fazer com que a TV Brasil
também passe a operar uma multiprogramação com novos canais no ar,
possibilidade aberta com a chegada da TV digital e que não pode ser desprezada
pela principal TV pública brasileira.
Além do
canal atual, com uma programação generalista, a emissora deveria contar, pelo
menos, com um canal noticioso 24 horas no ar e outro totalmente voltado para o
público infantil, hoje abandonado pela TVs comerciais. Sem esquecer a
necessidade da expansão urgente da TV Brasil internacional com programações em
espanhol e inglês, como já faz por exemplo a TV russa, entre tantas outras.
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