(Foto: Internet) |
Não é preciso repetir que
somente com uma poderosa rede de imprensa popular poderemos lutar, com chance
de êxito, contra o avanço das forças do retrocesso e por uma lei de
democratização da mídia.
Por Jadson Oliveira
(jornalista/blogueiro) – editor do blog Evidentemente
– publicado em 16/09/2015
Lucilla, querida, me abateu uma baita preguiça de escrever, tem já umas
quatro semanas que escrevi um artigo para meu blog. Hoje levantei decidido a
escrever sobre a corrupção, pensei na foto acima, é preciso dizer às pessoas
que essa gente da direita nunca se importou com corrupção e essa foto exaltando
o Eduardo Cunha deixa isso escancarado, é simplesmente bandeirosa.
É uma verdade cristalina: ESSA GENTE DA DIREITA NUNCA SE IMPORTOU COM
CORRUÇÃO. Agora, seletivamente, convenientemente, taticamente, tendo como
vanguarda a imprensona hegemônica – TV Globo (como aguentar esses agentes da
delinquência todo santo dia na sala de jantar falando, falando, falando...?),
Folha, Estadão, O Globo & Cia -, essa gente esgoela “a corrupção do PT, de
Lula, de Dilma...”
Então, vou escrever um artigo e demonstrar essa farsa, as mentiras, a
empulhação, as meias verdades, falar um pouco da história recente deste país,
em 1964, por exemplo, a mesma enganação: meteram na cabeça e no coração de
grande parte dos brasileiros que João Goulart, o popular Jango, era
“incompetente e corrupto” e deu no que deu. E agora a mesma imprensa, que o
Paulo Henrique Amorim, do blog Conversa Afiada, chama de PIG – Partido da
Imprensa Golpista, repete a mesma operação.
E grande parte das pessoas aceitam, de bom grado, serem manipuladas.
Assimilam e repetem as doses diárias de desinformação, de veneno, se tornam
agressivas, cospem ódio contra os “petistas corruptos”, se tornam
arautos/vítimas duma máquina midiática, rica e bem azeitada, a serviço dos
poderosos, dos que realmente detêm o poder de fato, capitaneados pelo capital
financeiro.
Meu amor, pois então, resolvi desabafar, como faço vez em quando, numa
carta pra você. Artigo pra publicar aonde, no meu blog Evidentemente, tentando
rebater as “verdades” trombeteadas dia e noite através dos monopólios da
imprensa hegemônica? Não dá, né?
Aliás, aí está o x do nosso problema, o problema da esquerda e da
centro-esquerda. Não temos audiência, ou só temos a mesma audiência. Numa
recente manifestação de rua aqui em Salvador, um companheiro me disse,
mostrando os manifestantes e os raros assistentes: “Olhe aí, nós falamos para
nós mesmos”.
Conclusão, Lucilla: eu viro e mexo e volto à mesma tecla: a esquerda e a
centro esquerda no Brasil têm que se convencer da necessidade de começar a
lutar pela construção duma potente rede de meios de comunicação
contra-hegemônicos, órgãos privados, públicos, estatais, comunitários,
sindicais, cooperativados, alternativos, etc.
(A propósito, saúdo com muita alegria a iniciativa de colegas
jornalistas de Brasília, que criaram o jornal online Brasil Popular – www.brpopular.com.br . Segundo
li, um dos objetivos é chegar a um jornal diário impresso. Entre os
conselheiros, está o Beto Almeida, que dirige a TV Comunitária de Brasília e
integra o conselho da Telesur, a poderosa rede de TV multiestatal sediada em
Caracas. Ele não se cansa de lembrar a experiência vitoriosa do jornal Última
Hora, dirigido por Samuel Wainer, trincheira de luta dos tempos de Vargas e
Goulart).
Somente com uma poderosa rede de TVs, rádios, jornais, plataformas
digitais, etc, comprometida com um jornalismo sério e competente, e com a
defesa dos interesses populares e nacionais, poderemos disputar, com alguma
chance de êxito, a hegemonia na mente e nos corações do povo brasileiro. Do
contrário, estaremos fadados a somente lamentar as derrotas históricas diante
da direita e do império - a de 1954, com Vargas, a de 1964, com Goulart, e
agora, a que se vislumbra com Lula.
Lucilla, querida, quando os partidos de esquerda e centro-esquerda e os
movimentos sociais, a blogosfera progressista e os ativistas digitais vão
começar a lutar, prioritariamente, por isso?
Já não digo o governo brasileiro, enredado nas teias da chamada
governabilidade e da conciliação. Não seria o caso de mandarmos observadores à
tua terra (além da Argentina, poderia ser também à Venezuela, Equador ou
Bolívia) para ver como este tema está sendo tratado?
Não é preciso repetir que somente com uma poderosa rede de imprensa
popular poderemos lutar, com chance de êxito, contra o avanço das forças do
retrocesso e por uma lei de democratização da mídia, além de outras reformas de
cunho democrático e popular, incluindo aí uma luta efetiva contra os corruptos
e os corruptores.
Claro, você bem sabe – como boa revolucionária que é – que as lutas
políticas marcham interligadas, umas empurrando e/ou sendo empurradas por
outras. Mas, estou seguro, sem avançarmos na construção duma mídia
contra-hegemônica, não avançaremos em nada mais. Sem ela, é como “brincar de
brigar”, como diz um neto meu de quase três anos.
Beijos, nos vemos.
Comentários
Este artigo de ontem mandei hoje nos comentários do Tijolaço e Viomundo e também para o Centro Barão de Itararé e para o novo jornal online criado por jornalistas (em cooperativa) de Brasília, chamado Brasil Popular.
Grande abraço, vamos em frente, companheiro, nossa situação é péssima, mesmo se não tirarem a Dilma, ela vai continuar governando cada vez mais à direita. O retrocesso já é fato, ele está aí vigente, com Dilma ou sem Dilma, Jadson