Juan
Manuel Santos e Timoleón Jiménez (comandante Timochenko) apertaram as mãos em presença do
presidente cubano Raúl Castro (Foto: EFE/Páginas/12 |
Timoleón Jiménez ressaltou que entendimento permitirá que as FARC se
convertam “em um movimento político real e signifique um desmonte do
paramilitarismo”.
Por Vanessa Martina Silva (*), de São Paulo
– reproduzido no portal Opera Mundi,
de 23/09/2015 - 20h49
“Não
podemos permitir outro fracasso nesse caminho para a paz e reconciliação. Não
vamos fracassar. Chegou a hora da paz”. Assim, o presidente da Colômbia, Juan
Manuel Santos, definiu o convênio, considerado histórico, assinado nesta
quarta-feira (23/09), entre o mandatário e o líder da guerrilha, Timoleón
Jiménez. Eles assinaram um acordo para dar início a uma justiça transitória
para o fim do conflito.
O
guerrilheiro, por sua vez, ressaltou que o acordo firmado hoje permitirá o
avanço na construção de consensos nos temas que ainda estão sobre a mesa. E
destacou o fato de que tal jurisdição permitirá que as FARC se convertam “em um
movimento político real e signifique um desmonte do paramilitarismo”.
Considerado
o processo mais importante desenvolvido na região no início do século 21, os
Diálogos de Paz chegaram a um ponto de não retorno com a celebração do acordo,
passo fundamental para o encerramento do conflito que se estende na Colômbia
por mais de 60 anos.
Os
Diálogos, garantidos por Cuba e Noruega e acompanhados por Chile e Venezuela,
são considerados sem precedentes no mundo pela amplitude das negociações entre
as partes.
Santos
destacou, em seu pronunciamento, que a intenção do governo é encerrar o
processo em no máximo seis meses e ressaltou que a guerrilha deverá depor as
armas 60 dias após a assinatura do acordo final. “É fundamental que rompamos
qualquer vínculo entre política e armas”.
Acordo
Com base
no que foi acordado hoje (dia 23), será criada uma jurisdição especial para que
se alcance a paz. Por ela, o Estado dará anistia “mais ampla possível” para
crimes políticos e conexos.
Os
delitos graves e de lesa humanidade não serão anistiado e os responsáveis terão
penas que poderão variar entre cinco e oito anos em regimes alternativos ou
não, a depender do reconhecimento da culpa e do julgamento das salas de
Justiça, que serão compostas por colombianos e estrangeiros.
O texto
firmado por ambas as partes diz que: “não serão objeto de anistia as condutas
que correspondam a crimes de lesa humanidade, genocídio e graves crimes de
guerra, como a tomada de reféns, privação de liberdade, deslocamento forçado,
desaparecimento forçado, execução extrajudiciais e violação sexual”.
Precedentes
Em uma
publicação na sua conta do Twitter, Santos anunciou hoje (dia 23) que
iria a Cuba. “Farei escala em Havana para uma reunião-chave com negociadores a
fim de acelerar o término do conflito. A paz está próxima”, diz a mensagem.
Já o
comandante das FARC desembarcou no país na madrugada desta quarta.
O
conteúdo do acordo, que já se encontrava escrito antes da reunião, não foi
divulgado previamente.
Não é a
primeira vez que um comandante das FARC se reúne com o presidente colombiano em
exercício. Na gestão de Andrés Pastrana, que presidiu o país entre 1998 e 2002,
houve encontros entre o mandatário e o então comandante guerrilheiro, Manuel
Marulanda Vélez, conhecido como Tirofijo.
Crítica
Álvaro
Uribe, ex-presidente colombiano e opositor do atual governo, criticou a
aproximação entre Santos e as Farc. “Sem prisão para os líderes [das Farc]
haverá assinatura [de um acordo de paz] em Havana, e sim um exemplo para mais
violência na Colômbia”, disse Uribe por meio de seu perfil no Twitter . Em
referência à declaração de Santos de que a Colômbia se aproxima da paz, Uribe
também postou que “não é a paz que está próxima, mas a entrega [do país] às
Farc e à tirania da Venezuela”.
(*) Colaborou
Matheus Pimentel
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