BOLÍVIA: A NOVA CANDIDATURA DE EVO MORALES E O DESPREPARO DA DIREITA

Vice-ministro Alfredo Rada (Foto: Prensa Latina)
Para Morales se apresentar como candidato nas eleições de 2019 será necessário modificar a Constituição, uma mudança na qual se empenham as organizações sociais, encabeçadas pela Conalcam.

Da agência Prensa Latina, de 07/09/2015
La Paz - A possibilidade de que o presidente Evo Morales se apresente como candidato nas próximas eleições mantém preocupada hoje a direita boliviana, a qual, segundo alguns analistas, precisa de preparação para um debate sobre o tema.

Para o vice-ministro de Coordenação dos Movimentos Sociais, Alfredo Rada, os líderes opositores carecem da preparação necessária para debater sobre a repostulação de Morales e o vice-presidente Álvaro García Linera, uma proposta que se tornou oficial na semana anterior.

Depois de a Coordenadora Nacional para a Mudança (para o "Cambio" - Conalcam) e a Central Operária Boliviana (COB), aliadas de Morales e do Movimento Al Socialismo (MAS – partido governista), terem anunciado aos meios (de comunicação) que proporiam uma reforma da Constituição para permitir a reeleição por outro mandato, a liderança opositora ativou uma campanha desmedida e sem argumentos, segundo Rada.

Para o vice-ministro, o ex-presidente Jorge Tuto Quiroga (2001-2002), por exemplo, saiu a atacar Evo com argumentos sem bases e que demonstram absoluto desconhecimento sobre sistemas políticos, ao comparar o que acontece na Bolívia com uma monarquia absolutista.

"Acho que Tuto Quiroga tem que ler um manual de ciência política ou ao menos um manual de instrução cívica porque aí vai encontrar a diferença entre uma monarquia e a democracia", comentou Rada.

Ao mesmo tempo, explicou que em uma monarquia mandam os reis e não se submetem ao voto popular, no entanto, na democracia se elegem os governantes por voto majoritário, como tem ocorrido na Bolívia desde 2005.

Só essas considerações do também outrora candidato presidencial pelo Partido Democrata Cristão demonstram que a direita não está preparada para o debate sobre a candidatura de Morales para as eleições de 2019, de onde sairá o presidente para o período 2020-2025, advertiu.

A iniciativa da Conalcam e da COB tomou a todos de surpresa e têm aparecido nos meios (de comunicação) com acusações fora do tom e versões muito diferentes sobre a realidade, destacou o ministro.

Por outra parte, fez referência ao líder de Unidade Democrata, Samuel Doria Medina, o grande derrotado nas eleições do ano anterior, que não deu importância à posição assumida por Conalcam e a COB.

"Doria Medina também, ao lançar essa opinião, está mostrando que está pouco preparado para este debate. Ao que parece tomou-o de surpresa a iniciativa da Conalcam, não a esperava, e agora está improvisando coisas para tentar desmerecer a iniciativa dos movimentos sociais", enfatizou.

Para o vice-ministro, o grande erro da oposição na última década foi subestimar os processos políticos e considerar que a Conalcam é o mesmo que o MAS e não se dão conta de que a Conalcam é bem maior que a estrutura do MAS como partido político.

"Conquanto o MAS esteja presente dentro dos movimentos sociais, não tem o monopólio da representação política das organizações sindicais, agrárias, ou urbano-populares", reforçou, e esclareceu que as 38 organizações que conformam a Conalcam convertem essa entidade em um "germe de poder popular e comunitário".

Evo Morales assumiu como presidente da República da Bolívia em janeiro de 2006, e em janeiro de 2010, depois de promulgar-se a Nova Constituição Política do Estado, jurou como primeiro governante do Estado Plurinacional, com direito a uma reeleição, da qual fez uso em outubro passado, quando ganhou com 61 por cento dos votos.

Para apresentar-se como candidato nas eleições de 2019 será necessário modificar a Carta Magna, um trabalho no qual trabalham as organizações sociais, encabeçadas pela Conalcam.

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