La Paz - A possibilidade de que o
presidente Evo Morales se apresente como candidato nas próximas eleições
mantém preocupada hoje a direita boliviana, a qual, segundo alguns analistas,
precisa de preparação para um debate sobre o tema.
Para o
vice-ministro de Coordenação dos Movimentos Sociais, Alfredo Rada, os líderes
opositores carecem da preparação necessária para debater sobre a repostulação
de Morales e o vice-presidente Álvaro García Linera, uma proposta que se
tornou oficial na semana anterior.
Depois de a Coordenadora Nacional para a Mudança (para o "Cambio" - Conalcam) e a Central
Operária Boliviana (COB), aliadas de Morales e do Movimento Al Socialismo
(MAS – partido governista), terem anunciado aos meios (de comunicação) que
proporiam uma reforma da Constituição para permitir a reeleição por outro
mandato, a liderança opositora ativou uma campanha desmedida e sem
argumentos, segundo Rada.
Para o vice-ministro, o ex-presidente Jorge Tuto Quiroga (2001-2002), por
exemplo, saiu a atacar Evo com argumentos sem bases e que demonstram absoluto
desconhecimento sobre sistemas políticos, ao comparar o que acontece na
Bolívia com uma monarquia absolutista.
"Acho que Tuto Quiroga tem que ler um manual de ciência política ou ao
menos um manual de instrução cívica porque aí vai encontrar a diferença entre
uma monarquia e a democracia", comentou Rada.
Ao mesmo tempo, explicou que em uma monarquia mandam os reis e não se
submetem ao voto popular, no entanto, na democracia se elegem os governantes
por voto majoritário, como tem ocorrido na Bolívia desde 2005.
Só essas considerações do também outrora candidato presidencial pelo Partido
Democrata Cristão demonstram que a direita não está preparada para o debate
sobre a candidatura de Morales para as eleições de 2019, de onde sairá o
presidente para o período 2020-2025, advertiu.
A iniciativa da Conalcam e da COB tomou a todos de surpresa e têm aparecido
nos meios (de comunicação) com acusações fora do tom e versões muito
diferentes sobre a realidade, destacou o ministro.
Por outra parte, fez referência ao líder de Unidade Democrata, Samuel Doria
Medina, o grande derrotado nas eleições do ano anterior, que não deu
importância à posição assumida por Conalcam e a COB.
"Doria Medina também, ao lançar essa opinião, está mostrando que está
pouco preparado para este debate. Ao que parece tomou-o de surpresa a
iniciativa da Conalcam, não a esperava, e agora está improvisando coisas para
tentar desmerecer a iniciativa dos movimentos sociais", enfatizou.
Para o vice-ministro, o grande erro da oposição na última década foi
subestimar os processos políticos e considerar que a Conalcam é o mesmo que o
MAS e não se dão conta de que a Conalcam é bem maior que a estrutura do MAS
como partido político.
"Conquanto o MAS esteja presente dentro dos movimentos sociais, não tem
o monopólio da representação política das organizações sindicais, agrárias,
ou urbano-populares", reforçou, e esclareceu que as 38 organizações que
conformam a Conalcam convertem essa entidade em um "germe de poder
popular e comunitário".
Evo Morales assumiu como presidente da República da Bolívia em janeiro de
2006, e em janeiro de 2010, depois de promulgar-se a Nova Constituição
Política do Estado, jurou como primeiro governante do Estado Plurinacional,
com direito a uma reeleição, da qual fez uso em outubro passado, quando
ganhou com 61 por cento dos votos.
Para apresentar-se como candidato nas eleições de 2019 será necessário
modificar a Carta Magna, um trabalho no qual trabalham as organizações
sociais, encabeçadas pela Conalcam.
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