Rosa Cotes, candidata a governadora, e seu marido Chico Zúñiga, condenado por parapolítica (Foto: Página/12) |
Cerca de
140 aspirantes a cargos eletivos proveem da parapolítica, mantêm relações com outro
tipo de organizações criminosas, receberam condenações pelo mal manejo dos recursos
públicos ou cobraram propinas.
Por Gustavo Veiga – no jornal argentino Página/12, edição impressa de hoje, dia
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O
encerramento das listas para as eleições regionais da Colômbia que se realizarão
em 25 de outubro ratificou uma situação que se tornou habitual. No país onde 61
parlamentares foram condenados por seus vínculos com paramilitares e outros 500
candidatos foram sentenciados ou investigados pela Justiça, as próximas eleições
confirmaram a tendência: políticos submergidos na ilegalidade ou relacionados
com ela voltarão a se apresentar. Num trabalho recente, a Fundação local Paz e
Reconciliação assinala que uns 140 aspirantes a cargos eletivos proveem da
parapolítica, mantêm relações com outro tipo de organizações criminosas, receberam
condenações pelo mal manejo dos recursos públicos ou cobraram propinas. A
diferença com relação a processos eleitorais anteriores é que agora estreitaram
seus laços com os partidos mais tradicionais: 22 candidatos receberam avais do
Partido Liberal, 19 do Conservador e 10 do Centro Democrático do ex-presidente Álvaro
Uribe. Assim assinalou o autor do informe, Ariel Ávila Martínez, em declarações
à rede de televisão Telesur.
A investigação de Paz e Reconciliação não é a primeira
deste tipo. Revelações similares foram levadas em conta no passado pela Corte
Suprema para abrir o expediente da parapolítica, como se diz na Colômbia. O
presidente da ONG, o cientista político León Valencia, é um ex-guerrilheiro do
Exército de Libertação Nacional (ELN) que deixou a luta armada em 1994. Foi ou é
apresentador de TV, colunista e estudioso do fenômeno da parapolítica. Em 2013
teve que se exilar um tempo na Europa porque o governo de Juan Manuel Santos
descobriu um plano para assassiná-lo e também dois de seus colaboradores. Ávila
Martínez estava entre eles.
O estudo sobre as eleições de outubro próximo – cujo
encerramento das listas foi no último dia 25 – concluiu que 140 candidatos estão
vinculados a diferentes tipos de ilícitos. 78% deles têm possibilidades de ser
eleitos. E outro grande percentual são considerados, segundo o informe, herdeiros
da parapolítica.
Num artigo especial para o jornal El Espectador, Ávila
Martínez escreveu sobre o tema: “Estes candidatos são ‘cota’ direta dum político
envolvido com o escândalo da parapolítica, seja por já estar condenado ou
investigado. Tal é o caso do departamento (estado) de Magdalena, onde Rosa
Cotes, esposa do condenado parapolítico Chico Zúñiga, está se lançando a governadora,
aparentemente sem competição alguma. Ela herda a estrutura política de seu marido,
que era conhecido como um dos membros do clã dos Conejos. Ademais, Cotes estaria
sendo apoiada por um grupo forte de
parapolíticos como Poncho Campos, Jorge Caballero ou o famoso Trino Luna”.
Continua em espanhol, com traduções pontuais:
Los aspirantes a cargos
electivos denunciados por la fundación pueden dividirse en cuatro grupos: que
mantienen nexos con grupos paramilitares; vinculados a otros grupos criminales;
candidatos condenados o (ou) investigados por el mal manejo de fondos públicos
y los que recibieron pagos irregulares o coimas (ou propinas) de contratistas
del Estado.
En el primer grupo, el
ejemplo más recordado es el del Pacto de Chivolo. Fue firmado en el año 2000 en
el departamento (estado) de Magdalena bajo (sob) la presión del líder
paramilitar de las Autodefensas Unidas de Colombia (AUC) en esa región, Jorge
40. Lo suscribieron 13 candidatos a las alcaldías (prefeituras) y 395
aspirantes a concejos y la asamblea (Câmaras de Vereadores e Assembleias
Legislativas) que participaron de una reunión convocada por las AUC para
establecer candidaturas funcionales a su jefe. Nadie (Ninguém) podía faltar por orden de Jorge 40, el
seudónimo (pseudônimo) de Rodrigo Tovar, cuyo ejército privado tenía el dominio
político y militar en la zona. Incluso, recaudaba impuestos a nombre de
aquellos candidatos que le respondían en el distrito.
Paz y Reconciliación
sostiene (sustenta) que su objetivo es visibilizar a los aspirantes a cargos en
el Estado que mantienen lazos con organizaciones criminales. En los comicios (Nas
eleições) de octubre se elegirán gobernadores, alcaldes e integrantes de
asambleas y concejos locales (gobernadores, prefeitos, deputados estaduais e
vereadores). La investigación de la fundación se extendió a ocho (8) de los 32
departamentos colombianos: Valle del Cauca, Córdoba, Bolívar, Sucre, Magdalena,
César, Antioquia y Santander. También obtuvo información en Putumayo, Guaviare,
Casanare y La Guajira.
Una de las conclusiones
clave que arrojó el trabajo es que “los candidatos han consolidado su caudal
electoral en los municipios que tuvieron los más altos índices de violencia
durante la arremetida paramilitar. Es decir, que estos candidatos se
beneficiaron de la mal llamada ‘pacificación paramilitar’. Tal es el caso de
Milene Jaraba Díaz, candidata a la Gobernación de Sucre y esposa del ex
congresista Yahir Acuña, quien en las pasadas elecciones tuvo un indiscutible
dominio electoral en municipios de Sucre que fueron azotados (que foram
castigados) por la violencia paramilitar”, escribió Avila Martínez.
Marginados de la política
durante los últimos años porque estuvieron en prisión o (ou) fueron
investigados en la Justicia, ahora están volviendo. Es el caso del ex alcalde (ex-prefeito)
de Medellín en 2001-2004, el ingeniero Luis Pérez Gutiérrez, acusado de recibir
apoyo de grupos paramilitares y bandas delictivas en su intento por recuperar
la alcaidía en 2011. Al menos diez testimonios recogidos por la Cadena Caracol
(grupo de comunicação) en ese año, lo denunciaron por aportar dinero a esos
grupos. Ahora dará un salto más alto. Inscribió su candidatura para la
gobernación de Antioquia por la coalición de los partidos Liberal y Cambio
Radical. El dice que la Justicia lo exoneró de los cargos (das acusações) del
pasado.
Desde Paz y Reconciliación
sostienen (sustentam) que el proceso de paz en Colombia podría verse afectado
por ciertas candidaturas cercanas al paramilitarismo. Sobre todo los esfuerzos
para la restitución de tierras a los desplazados (deslocados, refugiados) por
la guerra civil.
Tradução
(parcial): Jadson Oliveira
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