Imagem de Manuel Contreras em 2004, quando foi transferido à penitenciária de Punta Peuco (Foto: Página/12) |
Manuel Contreras
morreu sem dar informação valiosa sobre a ditadura: ex-chefe
da polícia secreta DINA, ele foi o expoente máximo do pacto de silêncio entre os
militares chilenos. Cumpria condenações por assassinatos e torturas, as quais somavam
mais de 500 anos de prisão.
Matéria
do jornal argentino Página/12,
edição impressa de 09/08/2015
Manuel Contreras, o maior repressor da ditadura do chileno Augusto
Pinochet, morreu aos 86 anos, e seus restos foram cremados ontem (último dia 8)
num ato em que estiveram poucos familiares. El Mamo, como era conhecido entre seus
companheiros de armas, faleceu na noite de sexta-feira (dia 7) no Hospital
Militar da capital chilena, onde tinha sido internado em 24 de setembro de 2014
devido a uma doença renal crônica, cumprindo apenas 17 anos de seus mais de
cinco séculos de condenações por violacções aos direitos humanos.
O governo do Chile se referiu
à morte do ex-chefe da antiga Direção da Inteligência Nacional (DINA). “Morreu
um dos personagens mais obscuros da história chilena”, expressou num
comunicado. “Contreras morreu levando informação valiosa para se saber a verdade
e fazer justiça a respeito do horror cometido pela ditadura. É o momento para
reafirmar nosso compromisso com o pleno respeito e vigência pelos direitos
humanos”, encerra a nota difundida no dia 8/agosto.
Ainda que a mandatária
chilena, Michelle Bachelet, não tenha se pronunciado sobre o assunto, um dos
ministros de Estado, Jorge Burgos (Interior), lembrou Contreras por seu papel na
ditadura. “Morreu quem encarna uma das páginas mais obscuras de nossa história.
Atrás dele deixa dor e sofrimento para milhares.” Já o presidente do Partido
Comunista, Guillermo Teillier, declarou que o ex-militar deveria ter sido
degradado pelo exército e as forças armadas. “Foi artífice dum pacto de silêncio,
que resultou no fato de que ainda não se conhece o paradeiro de tantos detidos
desaparecidos após o golpe de Pinochet”. Por sua parte, o Partido Progressista,
liderado por Marco Enríquez Ominami, defendeu que seja fechada a penitenciária
de Punta Peuco (onde o ex-repressor cumpriu parte de sua pena) e que se aprove
o projeto de lei que proíbe os monumentos a militares que tenham participado de
delitos contra os direitos humanos.
Nesta mesma linha se
pronunciou a Agrupação dos Familiares de Detidos Desaparecidos (AFDD), que assegurou
que Contreras morreu como o expoente máximo dos acordos entre militares para não
testemunhar ante a Justiça. “Tudo isto com a anuência dos que aceitaram a criação
de cárceres especiais para os violadores dos direitos humanos, dos que se negaram
a degradá-los apesar dos crimes horrendos cometidos”, assinalou a presidenta da
agrupação, Lorena Pizarro. “Morreu numa sofisticada impunidade que não o impediu
de se reunir com seus familiares e amigos e assistido por advogados custeados
mediante descontos por planilhas (formulários) a servidores das forças
armadas”, enfatizou.
O ex-repressor não teve sua
patente militar anulada (não foi “degradado”), mas tampouco teve funerais de
Estado nem honras militares, em razão dum decreto que proíbe tais homenagens a
quem violou direitos humanos. Seus restos foram cremados no Cemitério Católico
de Santiago e entregues a seus familiares.
Continua
em espanhol, com traduções pontuais:
Las causas de su muerte no
fueron informadas oficialmente a pedido de sus familiares, pero se supo que los
médicos decidieron suspender el tratamiento de diálisis y mantenerlo sólo con
morfina, a la espera de este desenlace, consecuencia de las múltiples
enfermedades que lo afectaron, entre ellas un cáncer de colon, hipertensión,
diabetes y problemas renales.
Contreras ingresó a la
Escuela Militar en 1944, donde se destacó como un buen alumno. Por sus méritos
fue premiado con el cargo de vigilar la disciplina de los alumnos recién
egresados, que se caracterizó por sus abusos de poder, sadismo y prepotencia.
En 1953 se casó con María Teresa Valdebenito y, ya con el grado (patente) de capitán, ingresó a la Academia de Guerra
para realizar el curso de oficial de Estado Mayor. Allí conoció y trabó una
estrecha amistad con el entonces subdirector de la institución, el coronel
Pinochet. Desde el mismo día del golpe del 11 de septiembre de 1973, Contreras
comenzó a poner en práctica todos sus conocimientos de lucha “antisubversiva”
aprendidos en Chile y en Estados Unidos. Cuando la Junta Militar decretó la
creación de la Secretaría Ejecutiva Nacional de Detenidos (Sendet), en sus
reglamentos le dio origen legal a la DINA, en la cual Contreras comenzó sus
operaciones desde las oficinas (os escritórios) del Congreso Nacional, recién
clausurado (fechado).
Junto con el monitoreo de
los chilenos exiliados en diferentes países, la DINA tuvo contactos con otros
grupos de seguridad del Cono Sur, estableciendo una organización de cooperación
entre estos aparatos represivos, dándole inicio a lo que se conoció como el
Plan Cóndor.
El ex represor fue
condenado por la Justicia chilena el 12 de noviembre de 1993 a siete (7) años
de prisión en el penal de Punta Peuco por su implicación en el Caso Letelier,
tal como se conoce al asesinato del ex ministro de Defensa chileno, Orlando
Letelier. Contreras fue encontrado culpable de homicidio y de utilizar
pasaportes falsos. Sin embargo, esa no fue la última ocasión que tuvo que
enfrentar un tribunal de Justicia, ya que recibió condenas (condenações) en su
contra por asesinatos y torturas, las cuales sumaron más de 500 años de
prisión.
Contreras será recordado
como el mayor criminal (criminoso) en la historia moderna de Chile y, según
trascendidos de la prensa, soberbio como era cumplió su palabra de morir en un
hospital y no en prisión, tal como lo había manifestado en una de sus últimas
declaraciones. “No voy a morir en la cárcel.”
Tradução
(parcial): Jadson Oliveira
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