(Foto: Roberto Stuckert Filho/PR) |
'Nenhum país do mundo paga mais juros do que o Brasil. Nem a Grécia. E não existe justificativa para o escândalo que são as taxas de juros no Brasil'
Por Najla Passos, no portal Carta Maior, de 16/07/2015
A crise econômica provocada pela expropriação de recursos públicos via sistema da dívida é tão grave no Brasil quanto na Grécia. O alerta parte da auditora aposentada da Receita, Maria Lúcia Fattorelli, a brasileira convidada pelo Syriza para integrar a Comissão da Verdade da Dívida da Grécia. Para ela, não é exagero nenhum dizer que “o Brasil é a Grécia da vez”. “A dívida pública brasileira é mais onerosa do que a grega”, compara.
De acordo com Fattorelli, a crise grega parece mais profunda aos olhos do mundo porque ocorreu em um curto espaço de tempo, de 2010 para cá. Já no Brasil, a crise vem se diluindo desde a década de 1980, com momentos melhores e piores, mas sempre marcados pela alta taxa de transferência dos recursos públicos para as mãos privadas. “Nós estamos vivendo uma sucessão de ajustes fiscais e planos de austeridade desde a década de 1980”, lembra ela.
A auditora acrescenta que o Brasil é a 7ª economia do mundo, mas tem o 79º pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dentre os países da ONU. “O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. Isso faz algum sentido? Para onde está indo toda essa riqueza produzida no país?”, provoca. Fattorelli questiona também os índices brasileiros relativos à educação, ao acesso à saúde e moradia, além dos que comprovam a escalada da violência.
“Se você olhar os índices aqui no Brasil, vê que se trata de um país em crise. Estamos em processo de desindustrialização. O desemprego é crescente. Cerca de 12 mil pessoas perdem emprego por dia e não tem perspectiva de ter outro. O nível dos salários no Brasil é uma vergonha. E por aí vai. Lá na Grécia teve redução salarial e de aposentadorias. Aqui, vão tornar oficial esta possibilidade. E por que isso? Por que todo esse sacrifício imposto ao povo? Por causa de uma crise financeira causada por uma dívida ilegal”, acrescenta.
Juros altos
Para a especialista, a crise econômica brasileira está diretamente ligada à questão dos juros altos, que fazem que o bolo da dívida aumente de forma muito rápida e obriga o país a abrir mão de seu patrimônio para pagá-los. “Nenhum país do mundo paga mais juros do que o Brasil. Nenhum. Nem a Grécia. E não existe justificativa para o escândalo que são as taxas de juros no Brasil, tanto os incidentes sobre a dívida pública quanto aqueles pagos pela sociedade em geral”, denuncia.
A auditora avalia que a situação do Brasil só não é tão desesperadora quanto a da Grécia porque o país ainda tem muito patrimônio para entregar, como de fato está entregando, principalmente por meio dos programas de concessões. “Ao contrário do que o governo diz, concessões são privatizações sim. Se você olhar no dicionário, a concessão é um dos tipos de privatização”, observa.
Além das privatizações, Fattorelli classifica a exportação de produtos primários, em especial o minério, como parte do processo de expropriação das riquezas do país via sistema da dívida pública. “É a entrega das nossas riquezas minerais por centavos. E já vai tudo lavadinho, usando a água que já falta em várias regiões e contaminando os lençóis freáticos. Então, é preciso compreender que a exploração financeira está diretamente ligada a essa exploração dos recursos naturais que, no fundo, é o que o capital quer”, afirma.
De acordo com Fattorelli, a crise grega parece mais profunda aos olhos do mundo porque ocorreu em um curto espaço de tempo, de 2010 para cá. Já no Brasil, a crise vem se diluindo desde a década de 1980, com momentos melhores e piores, mas sempre marcados pela alta taxa de transferência dos recursos públicos para as mãos privadas. “Nós estamos vivendo uma sucessão de ajustes fiscais e planos de austeridade desde a década de 1980”, lembra ela.
A auditora acrescenta que o Brasil é a 7ª economia do mundo, mas tem o 79º pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dentre os países da ONU. “O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. Isso faz algum sentido? Para onde está indo toda essa riqueza produzida no país?”, provoca. Fattorelli questiona também os índices brasileiros relativos à educação, ao acesso à saúde e moradia, além dos que comprovam a escalada da violência.
“Se você olhar os índices aqui no Brasil, vê que se trata de um país em crise. Estamos em processo de desindustrialização. O desemprego é crescente. Cerca de 12 mil pessoas perdem emprego por dia e não tem perspectiva de ter outro. O nível dos salários no Brasil é uma vergonha. E por aí vai. Lá na Grécia teve redução salarial e de aposentadorias. Aqui, vão tornar oficial esta possibilidade. E por que isso? Por que todo esse sacrifício imposto ao povo? Por causa de uma crise financeira causada por uma dívida ilegal”, acrescenta.
Juros altos
Para a especialista, a crise econômica brasileira está diretamente ligada à questão dos juros altos, que fazem que o bolo da dívida aumente de forma muito rápida e obriga o país a abrir mão de seu patrimônio para pagá-los. “Nenhum país do mundo paga mais juros do que o Brasil. Nenhum. Nem a Grécia. E não existe justificativa para o escândalo que são as taxas de juros no Brasil, tanto os incidentes sobre a dívida pública quanto aqueles pagos pela sociedade em geral”, denuncia.
A auditora avalia que a situação do Brasil só não é tão desesperadora quanto a da Grécia porque o país ainda tem muito patrimônio para entregar, como de fato está entregando, principalmente por meio dos programas de concessões. “Ao contrário do que o governo diz, concessões são privatizações sim. Se você olhar no dicionário, a concessão é um dos tipos de privatização”, observa.
Além das privatizações, Fattorelli classifica a exportação de produtos primários, em especial o minério, como parte do processo de expropriação das riquezas do país via sistema da dívida pública. “É a entrega das nossas riquezas minerais por centavos. E já vai tudo lavadinho, usando a água que já falta em várias regiões e contaminando os lençóis freáticos. Então, é preciso compreender que a exploração financeira está diretamente ligada a essa exploração dos recursos naturais que, no fundo, é o que o capital quer”, afirma.
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