(Foto: Vanessa Gomes/MIRA) |
Foi lindo de se ver. Na
semana passada, em frente ao Congresso Nacional, milhares de jovens de todos os
Estados brasileiros protestaram contra a aprovação da PEC 171/98, a proposta de
emenda constitucional que pretende reduzir a maioridade penal de 18 para 16
anos. Perdemos uma batalha, mas a guerra está longe do fim
Por Michelli Oliveira, do coletivo MIRA,
especial para os Jornalistas Livres
(postagem de 06/07/2015)
O presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), está obcecado com a idéia de levar
adolescentes para dentro das penitenciárias, sem preocupar se isso será
realmente um fator positivo ou não no enfrentamento da violência nas cidades.
No lugar de investir na educação, quer lotar as celas, as mesmas que já se
encontram superlotadas, de jovens que deveriam estar nas escolas.
A galera do Amanhecer contra a
redução organizou um festival com debates sobre o tema, música e protesto.
Havia beleza, mas também havia tensão. Deputados participaram dos debates
falando e mostrando dados que comprovavam que a redução é uma roubada.
Bandeiras foram estendidas em frente ao espelho d’agua, pessoas gritavam “Não,
não, não! Não à Redução!” e todos presentes sabiam que a luta será grande até o
final.
Eduardo Cunha
fazia questão de mostrar que era ele quem mandava.
Explicitava seu desprezo com o que
acontecia fora da Câmara. Por falar nisso, fora da Câmara acontecia muita coisa, já que foram liberadas
apenas 90 senhas para que os estudantes contrários à redução da maioridade
penal pudessem assistir de dentro a votação. Logo se viu que a Casa do Povo não
é tão do povo assim.
Enquanto jovens, estudantes e
jornalistas tentavam entrar para acompanhar a votação, a repressão foi forte.
Todos aqueles que estavam ali “Contra a redução” eram barrados. Jornalistas que
já estavam cadastrados e apenas precisavam pegar suas credenciais foram
expulsos de todos os acessos de entradas. “A casa está fechada”, diziam os
seguranças. Para despistar os jornalistas que buscavam suas credenciais, o
argumento era “O local de retirada mudou, não é mais aqui”’. Ninguém explicava
nada.
Tratamento bem diferente foi
dispensado aos que apoiavam a redução da maioridade penal. Estes entravam mesmo
sem senha. Não havia dificuldade alguma.
Nervos à flor da pele, o circo pegou
fogo quando o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) apareceu e os estudantes começam
a gritar “Não, não, não, não à Redução” e “Fascistas, fascistas! Não passarão!”
Apenas a voz constituía-se nas armas
dos jovens que estavam ali para expressar aquilo que os levaram a viajar horas
e mais horas. Mas, o que veio a seguir foi agressão grátis. A polícia
legislativa começou a atacar todos com golpes de cassetetes e spray de pimenta.
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