Datena e as baixarias na TV contra os pobres (Foto: da Carta Maior) |
Mujica vetou a
exibição de atrações similares a ‘Cidade Alerta’ e ‘Brasil Urgente’ das 6h até
22h
Por: Igor Carvalho • Publicado em:
24/06/2015 no site da CUT
Incrédulo, o Brasil assistiu, ao
vivo, um policial disparar quatro tiros contra dois jovens que já estavam
rendidos após longa perseguição de moto. As imagens foram transmitidas, ao
mesmo tempo, pelos programas “Cidade Alerta” e “Brasil Urgente”, apresentados
por Marcelo Rezende e José Luis Datena, respectivamente.
Imediatamente, os dois apresentadores
saíram em defesa do policial. “Se ele atirou é porque o bandido estava armado.
E ele fez muito bem”, disse Rezende. “Não sei se os caras apontaram o revólver
para o policial, não vi. Provavelmente, sim”, afirmou Datena.
A postura de Datena e Rezende dá o
tom dos programas, que são reconhecidos por fazer apologia à violência
policial, lançando mão do discurso de que “bandido bom é bandido morto”. Ambos
narram com entusiasmo as perseguições e as ações da PM pelas periferias
paulistas.
Em junho de 2012, quando o Uruguai
sofria com o avanço de 70% no número de homicídios, o presidente José Mujica
anunciou um pacote de medidas para conter a criminalidade no País. Estudos e
pesquisas conduzidos pela equipe do presidente concluíram que era preciso um
conjunto de ações que atacasse o tráfico de drogas.
O documento “Estratégia pela vida e convivência”, que continha 15
medidas, foi anunciado e se tornou mundialmente conhecido porque nele o Uruguai
anunciava que passaria a gerir a produção e distribuição de maconha no país.
Dessa forma, o Estado assumia o posto de fornecedor da maconha aos uruguaios,
era um golpe econômico nos narcotraficantes.
Na outra extremidade, preocupava a
ação policial. Os superpoderes dos agentes nas ruas precisavam ser combatidos,
assim como a sensação de impunidade. Por isso, entre as medidas tomadas pelo
governo, estava a proibição da exibição de programas policiais [similares ao
“Cidade Alerta” e “Brasil Urgente”] entre 6h e 22h. A alegação é que essas
“atrações televisivas” promovem atitudes ou condutas violentas e
discriminatórias.
Dois anos depois, em junho de 2014, o
governo uruguaio anunciou que as mortes ligadas ao tráfico de drogas foram
zeradas no país.
Nesta quarta-feira (24/junho), a PM
anunciou que o policial responsável pelos disparos nos jovens rendidos foi
preso administrativamente. O secretário da Segurança Pública, Alexandre de
Moraes, disse que o policial cometeu uma "séria irregularidade".
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