Horacio Rodriguez Larreta ao lado de Mauricio Macri (à direita) (Foto: PISARENKO/AP) |
Partido do candidato presidencial conservador
Mauricio Macri venceu por só três pontos.
Por Alejandro Rebossio – de Buenos Aires –
reproduzido de brasil.elpais.com, de
20/07/2015
Em Buenos
Aires, o bastião do candidato presidencial conservador, Mauricio Macri, as
pesquisas previam que seu partido Proposta Republicana (PRO) venceria no
domingo por 10 pontos percentuais no segundo turno das eleições a prefeito. Mas
o candidato da direita para suceder a Macri na prefeitura bonaerense, Horacio
Rodríguez Larreta, acabou vencendo por três, com 51,6% dos votos, contra 48,4%
de seu rival de centro-esquerda Martín Lousteau. Mesmo que o PRO tenha mantido
o único dos 24 distritos da Argentina no qual governa, o quarto em quantidade
de população, a vitória por uma estreita margem de votos debilita as aspirações
de Macri em se tornar presidente da Argentina e fortalece
as do kirchnerista Daniel Scioli, segundo análises do canal de notícias TN.
Dentro de três semanas acontecerão as eleições
presidenciais primárias de voto obrigatório.
O
PRO é um partido criado por Macri, ex-presidente do Boca Juniors e filho de um
poderoso empresário, após a crise argentina de 2001/2002. Macri governa há oito
anos a capital argentina — que possui 7% do eleitorado argentino — e seu atual
chefe de Gabinete de Ministros, Rodríguez Larreta, irá sucedê-lo no cargo por
outros quatro. Nessa rica cidade, mas com bairros pobres nos quais o índice de
homicídios é semelhante ao do sexto país mais violento do mundo, a Guatemala, o
candidato conservador superou Lousteau no primeiro turno por 20 pontos de
diferença, 45% a 25%. O candidato kirchnerista caiu para o terceiro lugar, com
21%, e dois trotskistas somaram no total 7%.
Para
o segundo turno, o kirchnerismo declarou que não apoiaria nenhum dos
concorrentes, mas alguns de seus dirigentes se dividiram entre os que
manifestaram apoio a Lousteau e os que preferiram se abster, uma vez que
Lousteau, ex-ministro de Economia do Governo da peronista Cristina Kirchner
entre 2007 e 2008, estava respaldado por dois partidos aliados do PRO para as
eleições presidenciais, os centristas União Cívica Radial (UCR), tradicional
rival do peronismo, e a Coalizão Cívica. Também tinha o apoio do Partido
Socialista, que promove a candidatura de Margarita Stolbizer a chefe de Estado.
O trotskismo pediu aos seus eleitores que votassem em branco. Mas a maioria dos
kirchneristas e trotskistas escolheu Lousteau para prejudicar a direita. O voto
em branco terminou com 5,4% no domingo.
O PRO esperava uma vitória por
uma diferença maior no domingo para que
Macri iniciasse sua campanha eleitoral a todo vapor. Os primeiros resultados
oficiais deixaram seus militantes mudos. De qualquer forma, o candidato
presidencial conservador pode se dar por satisfeito ao manter o poder em Buenos
Aires, onde a maioria dos eleitores avaliou satisfatoriamente suas conquistas
em matéria de transportes, como a construção de pistas exclusivas para ônibus e
ciclovias, e nos espaços públicos, como a melhoria das praças, incluindo as
situadas nos bairros pobres. Claro que, diferentemente das eleições de 2007 e
2011, nas quais Macri enfrentou o kirchnerismo no segundo turno e venceu por
mais de 20 pontos (61% a 39% e 64% a 36%), desta vez seu partido conseguiu uma
vitória mais exígua contra um rival que até agora não apoiou nenhum candidato
presidencial.
Na Energia Cidadã Organizada
(ECO), a coalizão liderada por Lousteau, os resultados também causaram
surpresa. Depois do silêncio inicial, começaram a dançar com a música do grupo
de rock uruguaio No Te Va Gustar e proferir palavras de ordem contra Macri e o
PRO. Apesar da derrota, seus militantes festejaram. O candidato presidencial da
UCR, Ernesto Sanz, também comemorou. Ele espera que esse resultado melhore suas
baixíssimas probabilidades de vencer nas primárias da aliança Mudemos contra o
conservador Macri. A disputa eleitoral de Buenos Aires revelou tensão entre
eles, ainda que talvez por essa aliança nacional Lousteau tenha evitado
aprofundar suas críticas aos “princípios éticos com os quais é preciso
administrar a cidade”. Rodríguez Larreta está sendo processado por suposto
desvio de verbas de bens públicos no Governo do peronista Carlos Menem
(1989-1999).
Outros candidatos de oposição também ficaram
otimistas no domingo em aproveitar o desgaste do atual prefeito de Buenos
Aires: o peronista oposicionista Sergio Massa, antes favorito, agora sonha em
ressurgir nas pesquisas de intenção de voto e a progressista Stolbizer almeja acabar
em terceiro. Scioli, o único candidato kirchnerista, também está esperançoso.
Já ficou demonstrado que as pesquisas se enganam, mas a última feita pela
empresa de consultoria Haime mostrou na semana passada que, nas primárias de 9
de agosto, Scioli obterá 39% frente aos 30% dos três candidatos do Mudemos,
liderados por Macri, os 16% dos concorrentes do peronismo oposicionista, com
Massa à frente, e os 4% de Stolbizer, única postulante da frente Progressistas.
Em outubro será realizado o primeiro turno das eleições presidenciais com os
candidatos escolhidos nas primárias.
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