“O que aconteceu comigo não é um
fato isolado. Acontece aos montes nos bairros pobres e continuam invisíveis.
Como comunicador, como cidadão, tenho a obrigação moral de não me calar e
cobrar uma posição do Estado e irei tomar todas as medidas judiciais cabíveis”.
Por Mônica
Bichara (jornalista) – reproduzido do blog Pilha Pura, de 05/07/2015
Na
madrugada deste domingo nosso amigo Marivaldo Filho, jornalista da Câmara Municipal
e do site Bocão, foi covardemente
agredido por policiais e conduzido algemado, sangrando, como se fosse um marginal.
Isso não ficará assim, exigimos apuração rigorosa dos fatos e que o estado
garanta a segurança de Maru.
E que o evidente racismo contido nessa abordagem desastrosa também seja apurado. Vejam o relato do próprio Marivaldo:
E que o evidente racismo contido nessa abordagem desastrosa também seja apurado. Vejam o relato do próprio Marivaldo:
“Tinha
tudo para ser um domingo perfeito. Meu time do coração venceu (Vitória venceu
por 4 a 1 o Bahia, seu tradicional rival em Salvador/Bahia, no sábado, pelo
campeonato nacional série B), saí do trabalho no site Bocão News e fui até uma comemoração de aniversário de um grande
amigo. Na saída, presenciei agressões covardes de policiais militares a um
amigo somente porque ele tinha colocado um copo de cerveja em cima do carro de
um dos policiais que estava sem farda. Além de procurar desentendimento por um
motivo tão banal, foi "auxiliado" pelos outros, fardados, que
espancaram o rapaz sem nenhum motivo.
Indignado com o que vi, resolvi tirar uma foto da viatura. Um dos
policiais percebeu que fiz o registro e veio me questionar. Gritou e mandou eu
apagar a foto. Respondi que não apagaria porque não tinha feito nada de errado.
Ele perguntou se eu era advogado do rapaz agredido. Respondi que era
jornalista. Foi a senha para o terror começar.
Porque tirei a foto da viatura recebi ordem de prisão por "desacato
e desobediência ". Antes de ser algemado e colocado na viatura da forma
mais agressiva que vocês possam imaginar, recebi, antes, muito socos na cabeça.
Muitos. Já atordoado, o policial devolveu meu celular para que desbloqueasse e
ele pudesse apagar a bendita foto.
Por ter tomado muitos socos, não conseguia acertar a minha senha,
completamente baqueado com os murros. Insatisfeito por eu não estar conseguindo
acertar a senha, o policial pegou um objeto do chão (que acredito que tenha sido
uma pedra) e socou com o objeto pontiagudo em minha cabeça, provocando um
ferimento que resultou em oito pontos. Vi meus amigos chorando, sofrendo
comigo, impotentes.
Depois de, enfim, conseguir colocar a minha senha e dar o celular para
ele apagar a foto, fui algemado e colocado na viatura. Fui conduzido de forma
desumana à UPA do bairro de Roma e, apesar de passar a vergonha de entrar na
unidade algemado e agredido porque resolvi registrar a brutalidade dos PMs, fui
muito bem atendido. De lá fui encaminhado à Central de Flagrantes e só saí de
lá às 5h20. Fui confortado pelo olhar acolhedor da delegada e pensei:
"existem os bons! Existem os policiais de bem". A minha esperança é
de que um dia eu consiga me sentir protegido pela polícia. Sei que os bons são
mais fortes dos que os maus.
Irei até as últimas consequências e espero uma resposta do Estado. Fiz
exame de corpo de delito e amanhã vou à Corregedoria. Continuarei lutando
contra o que é injusto. O que aconteceu comigo não é um fato isolado. Acontece
aos montes nos bairros pobres e continuam invisíveis. Como comunicador, como
cidadão, tenho a obrigação moral de não me calar e cobrar uma posição do Estado
e irei tomar todas as medidas judiciais cabíveis. Espero que alcancemos, um dia,
um Estado que acolha e não ataque. Mais do que os pontos na cabeça, estou
ferido na alma. Destruído. As lágrimas de agora vão me fortalecer para as
batalhas que virão. Continuarei lutando. Continuarei sonhando!'
Postado
por Mônica Bichara às 23:04
Um
comentário de Carmela Talento (jornalista):
Carmela disse...
Nossa solidariedade e apoio total
ao amigo jornalista. Essa truculência policial realmente é uma ameaça constante
e condenável em todos os aspectos vindo de que deveria cuidar de paz e
segurança das pessoas.Infelizmente, enquanto continuar essa mentalidade de que
a policia e prá bater e atirar vamos continuar a assistir cenas como essa.
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