Roberto Requião (Foto: Viomundo) |
“A interação entre uma mídia hostil e as forças políticas
oposicionistas, junto com a ambiguidade do governo e a perplexidade da esquerda,
diante do rumo tomado pela política econômica, criou entre nós a situação de
caos percebida por grande parte da população”.
Petrobrás + Fazenda: uma solução conhecida contra o caos
Por Roberto
Requião, senador pelo PMDB-PR, via
e-mail – reproduzido do blog Viomundo – o que você não vê na mídia, de 03/06/2015
Não me confundo com a oposição, mas não posso esconder a minha angústia
em relação à realidade econômica nacional. O tempo urge para que tomemos
providências que se oponham ao caos que se anuncia. Este artigo busca fazer uma
análise crítica do momento em que vivemos e propor uma saída conhecida, porém
eficaz.
Estamos em uma situação econômica de tal gravidade que o único ponto de
equilíbrio que nos oferecem é o da contração da produção e do emprego, já em
marcha, como apontam todos os indicadores. O ponto de equilíbrio que nos
oferecem é o ponto de equilíbrio da depressão.
É assustadora a previsão de alguns economistas de que teremos uma
contração da ordem de 5% neste ano – sendo 2% negativos por conta do
ajuste-Levy, e 3% negativos por conta da Operação Lava Jato.
O impacto, no caso desta última, é a paralisação ou a diminuição dos
investimentos da Petrobrás, investimentos que se refletem numa cadeia produtiva
estimada em 13 a 17% do PIB. Um impacto fortíssimo.
A declaração de inidoneidade de grandes empresas, por parte da Justiça
Federal do Paraná, se efetivada, tem o potencial de destruir 500 mil empregos
diretos e 1,5 milhão de empregos indiretos nos Estados produtores de petróleo e
de equipamentos.
E isso se estende à receita de Estados e municípios, que por sua vez já
estão paralisando pagamentos de fornecedores e até de pessoal, criando o que se
chama risco sistêmico, afetando inclusive bancos.
Essa tragédia é desnecessária. Não há qualquer razão jurídica, econômica
ou filosófica que leve a se confundir empresa com empresário, imputando as
empresas, inclusive a Petrobrás, os crimes ou fraudes dos empresários ou seus
executivos. Empresas não são homens, são ferramentas na mão dos homens.
Por que algo conceitualmente tão simples não resultou ainda em um entendimento
franco entre Governo e Judiciário a fim de limpar a estrada para a retomada dos
investimentos da Petrobrás?
Parece que não há hoje, na República quem tome decisões definitivas.
Temos a sensação desconfortável de que o país está à deriva. As instituições
republicanas esfrangalham-se, esfarrapam-se. O Legislativo é bloqueado pelo
Executivo, o Executivo é bloqueado pelo Judiciário. O Judiciário, às vezes,
bloqueia-se pelo comportamento de seus próprios agentes em razão de ações
inconstitucionais, arbitrárias, oportunistas ou contraditórias. O juiz que se
apodera de bens de um denunciado que sequer foi julgado, talvez não seja mais
que um exemplo.
É inevitável a sensação de falta de autoridade legítima, quando se
confere poderes exagerados a um tecnocrata para gerir a área estruturante do
Governo. Hoje nada funciona no governo e na economia em geral sem a anuência ou
ao menos a influência do Ministério da Fazenda.
Abstraio-me aqui de toda consideração de caráter partidário ou pessoal,
o que me opõe ao ministro Levy é a sua obsessão por políticas neoliberais
anacrônicas que estão destruindo a Europa e outros países.
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