Em 2009, Alberto Fujimori era julgado por violações aos direitos humanos na década de 90 (Foto: EFE/Página/12) |
Segundo o Grupo de Trabalho da ONU sobre os Desaparecimentos Forçados ou
Involuntários, depois de visita ao Peru: os processos judiciais dos responsáveis
por violações aos direitos humanos entre 1980 e 2000 são poucos, avançam
lentamente e muitas vezes culminam com penas leves ou absolvição. A condenação
de Fujimori foi o ponto mais destacado.
Por Carlos Noriega, de Lima – no jornal argentino Página/12,
edição impressa de 15/06/2015
As sequelas e feridas abertas pelas
violações aos direitos humanos cometidas durante o conflito armado interno, que
entre os anos 1980 e 2000 deixou cerca de 70 mil mortos e 16 mil desaparecidos,
permanecem abertas e os processos judiciais dos responsáveis por esses crimes são poucos, avançam lentamente e
muitas vezes culminam com penas leves, ou inclusive a absolvição, para os acusados.
A esta conclusão chegou o Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre os Desaparecimentos
Forçados ou Involuntários, que há uns dias visitou o Peru, encabeçado pelo
argentino Ariel Dulitzky.
Nos últimos 15 anos houve avanços e
retrocessos no processo de justiça pelas violações aos direitos humanos que
marcaram a fogo o país durante as décadas dos anos 80 e 90. O julgamento e
condenação a 25 anos do ex-ditador Alberto Fujimori (1990-2000) por crimes de
lesa humanidade é o ponto mais destacado neste processo de justiça. As condenações
dos membros do grupo Colina, o esquadrão da morte do regime fujimorista, é outra
conquista central. Mas estes processos judiciais fundamentais terminaram sendo quase uma exceção.
Apesar da magnitude que tiveram os
desaparecimentos, execuções extrajudiciais, as matanças de comunidades camponesas,
as torturas e as violações, os processos judiciais por estes casos foram poucos,
e as condenações menos ainda. Somente 58 denúncias pelos crimes cometidos nesses
anos chegaram a receber uma sentença judicial, e a maioria dos processados terminaram
sendo absolvidos. Somente uns 60 militares e policiais foram condenados e mais
de 130 terminaram absolvidos.
O desaparecimento forçado foi um crime amplamente
praticado pelas forças de segurança. Dos 16 mil casos de desaparecimentos forçados
durante a guerra interna registrados pela Cruz Vermelha Internacional, somente
24 casos chegaram a ter uma sentença nos tribunais. Nesses processos, 24
acusados foram absolvidos e somente 12 receberam uma condenação, que na maioria
dos casos foi de 15 anos, o mínimo que contempla a lei para esse delito.
Continua em espanhol, com traduções
pontuais:
“En los
tribunales hay una tendencia a la absolución de los procesados por violaciones
a los derechos humanos. La Sala Penal Nacional, que es el tribunal de derechos
humanos, ha ido levantando argumentos para garantizar la impunidad de los
procesados. Hay, por ejemplo, sentencias absolutorias en casos de
desapariciones forzadas con argumentos absurdos”, señaló a Página/12 Carlos
Rivera, abogado especializado en derechos humanos y miembro del Instituto de
Defensa Legal.
Exigir la
existencia de una orden escrita para cometer el secuestro y la desaparición o
desestimar (ou desqualificar) los testimonios de los familiares de los
desaparecidos – en la mayoría de casos testigos (testemunhas) del secuestro –
argumentando que se trata de testimonios interesados en el resultado del
proceso, son algunos de esos “argumentos absurdos” a los que se refiere Rivera.
Un caso
emblemático de la protección oficial a los perpetradores de crímenes de lesa
humanidad es la matanza de 123 campesinos en la comunidad andina de Putis,
ocurrida en 1984, cometida por una patrulla del ejército. El proceso judicial
no avanza porque los militares se niegan a entregar la información que
identifique a los efectivos que formaban esa patrulla. Esa negativa ha sido
respaldada por los ministros de Defensa de los gobiernos de Alan García y
Ollanta Humala.
“El impulso
inicial a favor de los derechos humanos con en el informe de la Comisión de la
Verdad y Reconciliación en 2003 ha ido decayendo significativamente. La llegada
del gobierno de Alan García (2006-2011) ha sido decisiva en casi aniquilar ese
impulso a favor de los derechos humanos. Desde la presidencia, García presionó
a fiscales (promotores) y jueces con un discurso anti derechos humanos”, señala
Rivera. En su segundo gobierno, Alan García, sobre quien pesan acusaciones por
las graves violaciones a los derechos humanos cometidas en su primer gobierno
(19851990), dictó una ley de impunidad para los violadores a los derechos
humanos, que luego, por la presión pública, debió derogar (que em seguida, pela
pressão da opinião pública, teve que revogar).
El abogado
Rivera advierte un cambio (uma mudança) en la Corte Suprema – que fue la que
condenó a Fujimori – contrario a la defensa de los derechos humanos. “La Corte
Suprema muchas veces ha corregido las decisiones de los tribunales marcadas por
una tendencia de favorecer a los victimarios (os acusados), pero eso ha
cambiado (porém isso mudou). Antes la Corte Suprema jugaba a favor de los
derechos humanos, ahora ya no es así”, asegura Rivera.
Recientemente,
el máximo tribunal anuló la condena y ordenó la libertad de uno de los dos (2) jefes
militares sentenciados por el secuestro y desaparición, entre 1989 y 1993, de
decenas (10) de estudiantes universitarios de la región andina de Huancayo.
“Esta era una de las pocas condenas (condenações) de la Sala Penal por
desaparición forzada y la Suprema la ha anulado, con una sentencia que puede
generar mucho daño a los procesos por derechos humanos. Estamos presentando una
denuncia contra esta decisión de la Suprema ante la Comisión Interamericana de
Derechos Humanos”, dice Carlos Rivera.
Sobre la
postura en el tema de derechos humanos y justicia del actual gobierno, Rivera
indica que “el presidente Humala no tiene la misma posición de atacar los
procesos de derechos humanos como tenía García, pero tampoco muestra una
voluntad de darle un impulso a un proceso de justicia. Tenemos un gobierno que
está de espaldas (que deu as costas) al tema de los derechos humanos”.
Tradução (parcial): Jadson Oliveira
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