Os Cristãos para o Terceiro Milênio propõem “colocar em prática as ideias centrais da encíclica” (Foto: Página/12) |
Apoio à
encíclica do Papa sobre o meio ambiente no planeta: Cristãos para o Terceiro
Milênio, um grupo envolvido numa perspectiva progressista na Igreja Católica,
advertiu sobre o intento dos setores mais conservadores de diluir a
integralidade da mensagem social que implica a encíclica do papa Francisco.
(No artigo ‘A encíclica verde, um chamado contra os poderes econômicos’,
Washington Uranga diz que Bergoglio critica o modelo capitalista consumista e
responsabiliza os poderes econômicos e os países desenvolvidos por grande parte
dos desastres ecológicos. Link para ler, em espanhol, no Página/12)
Por Washington
Uranga (jornalista e estudioso da comunicação) – no jornal argentino Página/12, edição impressa de
26/06/2015
O grupo
Cristãos para o Terceiro Milênio, que integram entre outros Hernán Patiño
Mayer, Alicia Pierini, Ana Cafiero, Rodolfo Brardinelli e Felipe Solá, deu a
conhecer uma declaração de firme respaldo à recente Carta Encíclica Laudato Si
do papa Francisco, assinalando que ao mesmo tempo que “recebe com esperançosa
alegria” o documento, pede “evitar que a encíclica seja, como ocorrera com outros
documentos, elogiada da boca para fora, mas de fato, combatida e esquecida”. Sem
fazer expressa menção a ninguém, o grupo de cristãos identificados com
diferentes posições políticas, trajetórias acadêmicas e profissionais, embora todos
eles envolvidos numa perspectiva progressista na Igreja Católica, adverte sobre
o intento dos setores mais conservadores de diluir a integralidade da mensagem
social que implica a encíclica do papa Bergoglio.
Por isso Cristãos para o Terceiro Milênio assinala
que a carta papal Laudato Si “de nosso Padre Francisco sobre o cuidado da casa
comum, aborda o problema global da humanidade que nos últimos 200 anos se dedicou
a maltratar as pessoas e o ambiente, e propõe que todos assumamos com urgência
um explícito compromisso pessoal e coletivo com as imprescindíveis transformações
que a gravidade da situação reclama”.
O grupo sustenta que o documento papal “marca a
imperiosa necessidade de se refletir sobre a tragédia que está ocorrendo” e
afirma que este fato “nos põe frente à urgência de promover uma corajosa revolução
cultural que suponha o abandono da indiferença diante do drama humano e
ambiental, e a construção duma solidariedade universal nova, agora mesmo e em
todo o planeta”.
O texto agrega que “este sistema econômico acumula
um duplo fracasso: globalizou a pobreza e também globalizou a indiferença
frente aos milhões de pessoas pobres que não têm acesso à água potável, aos
alimentos, ao trabalho digno e padecem mortes e doenças evitáveis: o gemido da irmã
Terra se une ao gemido dos abandonados do mundo”. No documento, que também leva
a assinatura de Alicia Ladrón de Guevara, Cacho Bruno, Rodolfo Briozzo, Luis
Miraldi, Juan Manazzoni, Cristina Domeniconi e Rogelio Ponsard, resgata um dos
parágrafos mais críticos da encíclica sobre o sistema econômico e financeiro
mundial. Ali o Papa diz que “os poderes econômicos continuam justificando o
atual sistema mundial, onde primam uma especulação e uma busca da renda financeira
que tendem a ignorar todo contexto e os efeitos sobre a dignidade humana e o
meio ambiente” (Laudato Si núm. 54).
E reafirmando também o dito por Francisco sublinha
que, reconhecendo que “somos uma só família humana”, é preciso levar em conta
que “não há duas crises separadas, uma ambiental e a outra social, mas uma
única e complexa crise sócio-ambiental”.
Por tal motivo, os Cristãos sustentam que é necessário
encarar “uma tarefa difícil e urgente que deve se constituir a partir de hoje num
compromisso irrenunciável para todos os cristãos e para todas e cada uma das
organizações e estruturas que formam a Igreja” e propõem que “todas as organizações
laicas independentes e toda a Igreja mesma, com suas estruturas religiosas,
laicas e educativas, comecemos já uma ampla e permanente tarefa de difusão, aprofundamento
e colocação em prática das ideias centrais da encíclica”.
Sem deixar de advertir que o que importa é
“erradicar o maltrato, a depredação e a violência sobre as pessoas e o
ambiente, naturalizados pelo modelo hegemônico de produção atual, e lutar pelo
surgimento duma nova cidadania respeitosa da vida, inclusiva e integradora à
imagem e semelhança de como Deus nos criou”.
Tradução:
Jadson Oliveira
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