(Foto: JBBRAS/Reprodução/RBA) |
Apesar de emblemática,
nova investida da PF contra desvios de recursos públicos por médicos e
empresários entrou na categoria das operações "invisíveis" ao
noticiário nacional, merecendo pouca atenção.
Por Helena
Sthephanowitz, da RBA – reproduzido do sítio web da revista Brasil de Fato, de 08/06/2015
A Polícia Federal em conjunto com o Ministério
Público Federal realizou na semana passada (mais precisamente no dia 02/06) a
operação Desiderato contra fraudes praticadas por médicos e empresários no
Sistema Único de Saúde (SUS) em quatro estados: Minas Gerais, São Paulo, Rio de
Janeiro e Santa Catarina.
O centro da operação foi na cidade de Montes Claros
(MG), onde três médicos cardiologistas foram presos por evidência de três tipos
de crimes: receber propinas sobre equipamentos médicos comprados com verbas do
SUS, desvio destes equipamentos do patrimônio público para uso em clínicas
particulares, e cobrar "por fora" de pacientes atendidos pelo SUS.
Empresários e suas empresas que
teriam corrompidos os médicos também foram alvos da operação. A Polícia
Federal, como é de praxe no período de investigações, manteve os nomes em
sigilo.
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Apesar de emblemática e de servir de referência
para reprimir estes crimes em unidades de saúde de todo o Brasil, esta operação
da Polícia Federal entrou na categoria das operações "invisíveis" ao
noticiário nacional, merecendo pouca atenção. O fato de os médicos presos terem
se limitado à cidade de Montes Claros não torna a notícia regional, pois o
delegado da PF Marcelo Freitas, que conduziu as investigações, afirma:
"Acreditamos que o mesmo tipo de fraude se estenda por todo o território
nacional, o que precisa ser investigado".
A importância nacional foi reforçada pelo delegado
ao dizer que atualmente os desvios são facilitados pela falta de controle sobre
as próteses. As notas fiscais de venda investigadas informam apenas quantidade
e número do lote, mas omitem os números de série. O Ministério Público
encaminhará à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendação
para tornar obrigatória a discriminação deste verificador.
O delegado informou que o mesmo crime será
investigado em outras especialidades, como próteses de ortopedia, de
otorrinolaringologia e oncologia. As diligências feitas na sede das empresas
fornecedoras que corrompiam médicos deixa claro que a investigação busca pegar
delitos semelhantes em outras cidades do Brasil.
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