(Foto: Viomundo) |
Brasil
vai voltar a crescer e panelaços irão acabar
Lula vai ter de voltar a fazer política de
forma mais contundente
Segundo
sociólogo, PT não tem projeto de país e Lula terá de se realinhar de forma
radical para manter poder em 2018
Por ELEONORA DE
LUCENA, DE SÃO PAULO, na Folha de S. Paulo – reproduzido do blog
Viomundo – o que você não vê na mídia, postagem de 17/05/2015
A crise
parece muito grande, mas não é. O Brasil vai voltar a crescer, tem uma economia
privilegiada e será uma sociedade mais igualitária. A burguesia do país é muito
autoritária, mas seu jogo não vai prosperar. Os panelaços não terão
continuidade. “A sociedade não aguenta mais ver a demissão de 2.000 pessoas”.
A análise
é do sociólogo Francisco Maria Cavalcanti de Oliveira, 81. Para ele, o país
vive como em um baile, onde tudo está em movimento, o que gera sensações de
pressa e angústia. “Isso é ótimo. A pior coisa é a estagnação”. E é preciso
lutar pelo poder.
Fundador
do PT e do PSOL, professor aposentado da USP e autor de clássicos como “A
Economia Brasileira: Crítica à Razão Dualista” (1972), ele condena a ausência
de ousadia dos últimos governos. “Brizola é o grande político que falta no
Brasil. Falta alguém com audácia”, diz.
Crítico
do lulismo, que classifica como um movimento conservador, avalia que é
possível, mas não provável, a derrota do partido em 2018. Na sua visão, Lula
vai precisar se realinhar de forma radical, fazendo política de forma mais
contundente, ou os tucanos voltarão ao poder. “Se houver um desastre e o PT for
desalojado do poder, as burguesias nunca mais se esquecerão disso. Vão tentar
manter o PT afastado”, declara.
Nesta
entrevista, concedida na sua casa na Vila Romana, em São Paulo, Chico de
Oliveira fala de seu projeto para um novo livro. Quer tratar do que identifica
como chances perdidas pelo lulismo, que deveria ter ampliado muito mais os
benefícios sociais. “Erraram. Foi um sonho que poderia ter sido e não foi em
toda a sua intensidade”, afirma.
Três
perguntas e respostas da entrevista:
Folha – O
que está acontecendo no Brasil?
Francisco
de Oliveira –
As posições se acirraram porque tem o PT de um lado e os tucanos de outro. Todo
o meio desapareceu. PDT, PPS, os democratas, outros partidos praticamente
desapareceram. A consolidação de posições que são opostas dá essa sensação de
que está tudo muito ruim, mas não está não.
(...)
Como o
sr. avalia o caso Petrobras?
Petróleo
ainda é o melhor negócio do mundo. A Petrobras é de 1953 e avançou. Vargas foi
obrigado a se suicidar por isso. Os norte-americanos até hoje não engolem o
fato de ela ser estatal, mesmo sendo um estatismo frouxo. Não engolem porque é
um filé. Está abalada hoje. Há pressão para que ela seja fatiada. A burguesia
brasileira quer pegar nacos. A Petrobras é um item de segurança nacional; não
pode ser privatizada.
E a
questão da corrupção envolvendo empreiteiras?
Há
tempos, quando todo mundo se desesperava com isso, Ignácio Rangel (1914-1994),
que era realista e cético, dizia: “A corrupção é o creme do capitalismo. Não se
desesperem, isso é sinal de que o capitalismo está se expandindo”. É isso: tudo
é corrupto no capitalismo.
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